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Cidades

Greve dos fiscais agropecuários para importação e exportação de carne

Paula Maciulevicius | 08/08/2012 12:10

Paralisação atinge também Polícia Federal, UFMS, Funai e Incra, que mantinha 30% do efetivo trabalhando trancou as portas hoje. Ninguém entra até que se decida coletivamente ou a Justiça determine

Porta-voz do comando estadual da greve, Luiz Marcelo Martins Araújo.
Porta-voz do comando estadual da greve, Luiz Marcelo Martins Araújo.
Na manhã de hoje, cadeados impediam que qualquer servidor entrasse na sede do Incra. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Na manhã de hoje, cadeados impediam que qualquer servidor entrasse na sede do Incra. (Fotos: Rodrigo Pazinato)

A greve dos fiscais federais agropecuários suspende a emissão do certificado de exportação e importação de produtos de origem animal e vegetal. Desde segunda-feira os servidores estão mantendo apenas as atividades que se não forem feitas, põem em risco a saúde do consumidor brasileiro. A informação é do porta-voz do comando estadual da greve, Luiz Marcelo Martins Araújo, 47 anos.

Frigoríficos, laticínios e indústrias de produção de origem animal são atividades que permanecem para concessão do SIF (Serviço de Inspeção Federal) selo dado indicando que aquele produto foi fiscalizado. No entanto a documentação para importação e exportação está suspensa e sem previsão de ser retomada.

“Pode desabastecer o mercado, mas o consumidor brasileiro, a saúde dele, não será prejudicada”, explica o servidor.

Um exemplo do prejuízo que a falta de negociação entre servidores e Governo Federal é a vinda de uma comitiva da Venezuela ao Brasil. Três grupos chegaram hoje e um deles virá para Capital amanhã. A visita era para verificar as condições de produção de carne no País e dar início ao processo de exportação dos produtos brasileiros. Porém, sem os fiscais agropecuários, as visitas não serão realizadas. Tão pouco o acordo de exportação firmado.

“É obrigatória a nossa presença com eles e nós não vamos acompanhá-los no Brasil todo”, ressalta o porta-voz, Luiz Marcelo. O que os fiscais reivindicam é a recomposição do quadro, que hoje é composta por 102 fiscais no Estado, escola de capacitação para os fiscais e preenchimento de cargos de confiança por meio da meritocracia.

Segundo os servidores, precisaria de no mínimo mais 300 fiscais, já que 30 dos que compõe o efetivo estão para se aposentar.

Fechado-“Nós estamos procurando o Governo Federal há dois anos e ele não negocia com a gente”, diz Luiz Marcelo. O mesmo é compartilhado pelos funcionários do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) , que hoje fecharam as portas desde às 6h da manhã.

Em greve desde o dia 18 de junho, eles mantinham o serviço funcionando com 30% do efetivo se revezando. Mas na manhã de hoje, cadeados impediam que qualquer servidor entrasse. A decisão saiu da assembleia realizada ontem.

Segundo o delegado de base do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal, Daniel Yamamoto, 36 anos, desde o ano passado o órgão está em negociação com o Governo. Até então não havia indicativo de greve, mas o prazo para apresentação de propostas se encerra dia 31 de agosto, para que o Executivo mande o orçamento para Lei de Orçamento Anual.

“A gente está fazendo isso para evitar que aconteça a mesma coisa esse ano. Dia 31 de julho já era um prazo muito em cima e eles poderiam dizer que não teve tempo, como ano passado”, argumentou.

A entrada no prédio se daria apenas por votação coletiva ou decisão judicial. A reivindicação é para reestruturação do órgão, recomposição da força de trabalho e equiparação dos salários com os pagos aos servidores do Ministério da Agricultura. Até 2007 ambas categorias recebiam o mesmo salário. E desde então, o Incra sustenta que os funcionários do Ministério já tiveram reajuste de 200%.

Reunião dos fiscais agropecuários na manhã desta quarta-feira.
Reunião dos fiscais agropecuários na manhã desta quarta-feira.

Polícia parada A Polícia Federal, que deflagrou greve nesta terça-feira, mantém os serviços de passaporte e registro de arma funcionando. O trabalho é realizado por parte dos 30% do efetivo que foi mantido com a greve. O atendimento ao público está seguindo normal, mas as investigações policiais e o serviço de inteligência estão paralisados na Capital e operação padrão pelos municípios do interior.

A reivindicação da categoria é pela equiparação salarial de agente, escrivão e papiloscopista com os demais salários, já que desde novembro, uma portaria do Governo Federal definiu que todos os cargos são de nível superior. O pedido também é para que se resolva o sucateamento das delegacias.

Agente, escrivão e papiloscopista recebem salário de R$ 7,5 mil a R$ 11,5 mil em média e quer chegar entre R$ 13,5 e R$ 18 mil, valores pagos aos delegados.

Universidade- Na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), pelos corredores, os alunos aguardam a data para retomada das aulas. Acadêmicos que não conseguiram terminar nem o primeiro semestre deste ano e que já devem começar com atraso as aulas do segundo período.

“Está muito ruim. Porque a gente fica esperando voltar e não acaba nunca. Aí a gente que é prejudicado”, comenta a estudante de Letras, Letícia Gomes, 18 anos. Ela diz que está no primeiro semestre ainda “não tivemos a oportunidade de irmos para o segundo”, fala.

“Atrapalha bastante, já mudou todo nosso cronograma para as férias”, diz a acadêmica Juliana Stein, 22 anos, que cursa Farmácia. “Todo mundo está preocupado, não sabe como vai ficar”, completa.

Em Mato Grosso do Sul, a UFMS, Incra, Funai, IBGE, Polícia Federal, IFMS, Superintendência Federal de Agricultura, estão paralisados. A Receita Federal no Estado trabalha em operação padrão e a Funasa realiza assembleia nesta tarde para decidir se aderem ou não ao movimento.

Amanhã um novo ato unificado será realizado a partir das 9h, saindo da rua Padre João Crippa, na praça do Rádio, descendo a avenida Afonso Pena e terminando com distribuição de bananas no bar do Zé, na Barão do Rio Branco. As frutas serão entregues em alusão ao que os servidores alegam estar recebendo do Governo Federal.

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