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Cidades

Hospital Universitário leva a Conselho discussão sobre ‘privatização’

Nadyenka Castro | 18/07/2012 20:35

Empresa foi criada pelo governo federal para gerenciar recursos humanos de todos os hospitais escolas do País

Hospital Universitário da UFMS pode integrar novo sistema de gerenciamento de unidades de saúde escolas.(Foto: Paula Vitorino)
Hospital Universitário da UFMS pode integrar novo sistema de gerenciamento de unidades de saúde escolas.(Foto: Paula Vitorino)

O HU (Hospital Universitário), em Campo Grande, vai levar ao Conselho Universitário a discussão sobre a ‘privatização’ da unidade de saúde. A informação é do diretor geral, José Carlos Dorsa Vieira.

“O Conselho Universitário é que vai decidir se o HU vai aderir ou não”, fala o médico responsável pela administração do hospital escola. O assunto será pauta da próxima reunião do Conselho, que provavelmente será realizada em agosto.

O diretor explica que em maio deste ano o governo federal criou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, cujo presidente do Conselho Administrativo é o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, com o objetivo de gerenciar recursos humanos. A maioria dos hospitais universitários trabalha com déficit de funcionários.

O HU está entre eles. Conforme Dorsa, faltam 1.080 profissionais para a unidade de saúde trabalhar com o ideal. “Atualmente o HU tem 887 servidores”, afirma. Conforme o diretor, faltam 348 técnicos de enfermagem, 263 médicos, 120 enfermeiros e ainda pessoal da área administrativa.

Segundo Dorsa, a defasagem é porque há muitos anos não se faz concurso público para reposição daqueles que morrem, aposentam ou pedem demissão, nem para aumentar o quadro. Os serviços oferecidos pela unidade aumentaram, as leis mudaram e não houve mais contratações. “Houve alteração na legislação de horas trabalhadas. Antes eram 40 horas, agora 30”.

Para o hospital não parar, a administração do HU implantou o sistema de plantões. “Às custas de um custo muito alto”, diz. “Mas, por lei, o servidor só pode fazer 24 horas de plantão por semana. A maioria [dos servidores] já executa o plantão no limite”, reforça. “Estamos com a faca no pescoço”.

Só com profissionais de nível técnico de enfermagem são 1.800 horas de plantão por mês. Com o serviço extra destes funcionários, que são a maioria, o gasto médio é de R$ 700 mil.

Dorsa lembra que em outras universidades trabalhadores foram contratados por meio de fundações criadas pelas instituições de ensino e o Tribunal de Contas da União considerou irregular a situação e os 26 mil profissionais de 146 hospitais terão que ser demitidos.

Por conta desta situação foi criada a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Cada hospital universitário terá que formalizar adesão para integrar o sistema. Entre as obrigações da empresa está a realização de concurso público e aumentar investimentos. Os trabalhadores serão contratados por regime celetista.

Para o diretor geral do HU, o novo sistema pode melhorar o atendimento dos hospitais universitários à população. “Se adequar recursos humanos mais investimento, com certeza não vai piorar”.

Déficit financeiro - O HU trabalha no vermelho. Recebe do SUS (Sistema Único de Saúde) o que produz. “Apresenta em um mês e daqui a dois meses recebe. Em média, R$ 2 milhões por mês”, diz Dorsa. “O custo do hospital é de R$ 70 milhões”.

Além de dinheiro do SUS, o hospital recebe também da UFMS. “ A UFMS tem o hospital como sala de aula para oferecer ensino. Exige-se mais do que ele deveria fazer”, fala o diretor, explicando que a principal função da unidade é o aprendizado das profissões da área de saúde.

Sobre a superlotação, atendimentos em macas, Dorsa declara. “Não se pode ensinar o irreal. Atender o doente no chão é a realidade brasileira. Melhor assim do que se não tiver paciente”, finaliza.

O HU tem 250 leitos e, nesta quarta-feira, estava com 272 pacientes. A unidade de saúde trabalha normalmente com 30/40 leitos acima da capacidade.

O hospital é referência em algumas especialidades como tratamento de doenças infectologicas, reumatologia, dermatologia e ainda cardiologia, neurologia e pediatria.

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