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Interior

Advogada nega denúncias, mas diz que servidor sofreu abuso na infância

Helio de Freitas, de Dourados | 20/10/2014 17:27
Jeferson Porto da Silva permanece numa cela isolada no 1º Distrito Policial de Dourados (Foto: Eliel Oliveira)
Jeferson Porto da Silva permanece numa cela isolada no 1º Distrito Policial de Dourados (Foto: Eliel Oliveira)

A defesa do servidor público municipal Jeferson Porto da Silva, 33 anos, preso ontem acusado de aliciar adolescentes em Dourados (a 233 km de Campo Grande), considera inverídicas as acusações feitas pela Polícia Civil. Em nota divulgada à imprensa nesta segunda-feira, a advogada Sebastiana Roque Ribeiro informou que já está tomando providências jurídicas para esclarecer a situação.

“Informamos que as acusações que estão sendo veiculadas via imprensa, até o presente momento, não foram comprovadas, haja vista que o inquérito policial ainda está em andamento. A defesa trabalha no sentido de esclarecer todos os pontos que pesam sobre o indiciado”.

A advogada ainda afirma na nota que Jeferson Porto da Silva encontra-se em tratamento médico ambulatorial por ter, segundo ela, sofrido abuso sexual na infância “e desde então se submete a rigoroso tratamento clínico-psicológico”. A advogada não revelou detalhes de como teriam sido esses abusos, nem que os praticou.

Soropositivo, Jeferson estava sendo investigado desde o início de agosto, depois que a mãe de um adolescente encontrou conversas do menor com o acusado numa rede social e procurou a polícia. Em pouco mais de dois meses de investigação, a polícia descobriu que o número de adolescentes aliciados pode chegar a 200. O acusado também mantinha relações sexuais com homens adultos, alguns deles casados.

A delegada Marina Lemos, responsável pelas investigações, informou que Jeferson mantinha dois perfis no Facebook, um se passando por “Jéssica Alessandra”, que ele usava para atrair os adolescentes, e outro com seu nome verdadeiro, através do qual ele se comunicava com homens adultos.

Indiciado por favorecimento à prostituição, por pedofilia prevista no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), por crime de perigo de contágio de moléstia grave e falsificação de documento, já que apresentava um exame falso para atestar que não tinha doença sexualmente transmissível, Jeferson poderá também responder por estupro de vulnerável, caso a polícia descubra alguma vítima menor de 14 anos. Até agora, no entanto, todos os garotos identificados pela polícia são maiores de 14 anos. A polícia pede que adolescentes ainda não identificados procurem o 1º Distrito Policial de Dourados para prestar depoimento.

Jeferson permanece recolhido em uma cela isolada do 1º Distrito Policial e deve ser levado para a Phac (Penitenciária de Segurança Máxima Harry Amorin Costa) apenas na sexta-feira. Ele é servidor público municipal concursado, lotado atualmente na Secretaria de Administração.

A delegada Marina Lemos afirmou que um fato preocupante revelado no depoimento de Jeferson da Silva é que a maioria dos adolescentes que tinham contato com ele não fazia questão de usar camisinha. “Eles sabem dos riscos, têm informação na escola, mas não usam o preservativo, pensam que nunca vai acontecer com eles. O Jeferson contou que apresentou o exame falso para três ou quatro garotos que pediram”. Segundo a delegada, Jeferson disse que falsificou o exame mais para acabar com boatos que surgiram na cidade sobre sua saúde.

Além de atrair garotos através de perfis falsos, Jeferson também dava dinheiro para aqueles que ele já conhecia, para que levassem os amigos até ele. A polícia apreendeu o computador que o acusado usava em sua casa e recolheu também seu telefone celular, para investigar os contatos do WatsApp.

Jeferson Porto da Silva foi preso na casa onde morava com a mãe em uma casa localizada na Rua W-6, no Jardim Água Boa. Há três anos levava os garotos para sua casa após atrai-los pela internet ou através de outros adolescentes que já eram seus “clientes”. Os encontros aconteciam na lavanderia, nos fundos da casa, geralmente depois das 22h, quando a mãe de Jeferson já estava dormindo. Ele pagava de R$ 30 a R$ 50 pelo “programa”.

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