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Interior

Após falha em atendimento, garoto terá que esperar 2 anos por cirurgia

Caroline Maldonado | 20/04/2016 08:24
Garoto quebrou o braço direito após uma queda (Foto: Direto das Ruas)
Garoto quebrou o braço direito após uma queda (Foto: Direto das Ruas)

O menino indígena de 12 anos com uma fratura no braço, que já completou cinco meses, terá que esperar dois anos para passar por cirurgia. Esse é o diagnóstico da última consulta, segundo a nova gestão do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena). O menino da etnia Kadiwéu mora na Aldeia Alves de Barros, em Bodoquena, a 266 quilômetros de Campo Grande.

O órgão não fez o transporte do garoto ao hospital, logo após o acidente, que gerou a fratura, em novembro de 2015. Em fevereiro deste ano, o Dsei informou que enviou veículo para conduzir a criança à cidade, mas não o encontrou na aldeia. Já a família garante que não deixou o local e não viu o carro da Sesai por lá. 

O órgão não agendou nova consulta até ser questionado pela reportagem do Campo Grande News. O Dsei informou que o indígena seria levado à Santa Casa no dia 4 de março, mas novamente o atendimento não ocorreu. A coordenação do Distrito alegou que os técnicos não sabiam que o setor de Ortopedia da Santa Casa recebe apenas pacientes de urgência e emergência, por isso o menino foi levado ao local em vão.

Com isso, no dia 7 de março, a responsável técnica pela Saúde da Criança do Dsei, Rose Mariano, encaminhou nota à redação informando que foi agendada, via sistema online, uma consulta com ortopedista para o menino no CEM (Centro de Especialidades Médicas) de Aquidauana para o dia 28 de março, ou seja, em 20 dias. Desta vez, o atendimento ocorreu, mas como um “encaixe”, pois não havia sido agendado, segundo a coordenação do CEM.

A partir de então, a assessoria da Sesai em Brasília e o Dsei não deram resposta sobre a divergência de informações e o estado da criança. Nesta semana, o novo coordenador do órgão em MS, Lindomar Terena informou que o médico do CEM disse que o garoto terá que esperar dois anos para passar por nova avaliação e cirurgia, pois o osso já está calcificado e o paciente está em fase de crescimento. “Certamente, foi uma negligência. Vamos acompanhar esse caso. Talvez eu mesmo vá até Bodoquena e vamos fazer com que o garoto receba o atendimento necessário”, disse o coordenador, que assumiu o Dsei, neste mês.

Crise - Lindomar chegou a ser nomeado para ocupar o cargo em 2015, depois de reclamações de grupos indígenas quanto a gestão de Hilário da Silva, mas a decisão logo foi suspensa pelo Ministério da Saúde. Hilário permaneceu no cargo até o dia 5 de abril deste ano, quando portaria nomeou Lindomar novamente. 

A nomeação veio depois da mudança na gestão nacional, em março. Rodrigo Sérgio Garcia Rodrigues assumiu o lugar de Antônio Alves, que estava no cargo desde a criação da Sesai, em 2009. Ele foi indicado à presidência do órgão por parlamentares do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro).

Em Mato Grosso do Sul, a Sesai tem sido alvo de críticas por diversas lideranças, que reclamam falta de atendimento e de recursos para transporte de pacientes, além de negligência no socorro a pacientes. Em janeiro, um bebê de pouco mais de um ano de idade morreu em acampamento indígena na região de Coronel Sapucaia, a 400 quilômetros da Capital. A Funai (Fundação Nacional do Índio) solicitou socorro à Sesai, mas a ambulância não foi até o local e depois de algum tempo, Jadisom Batista Lopes morreu, no acampamento Kurussu Amba.

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