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Interior

Após sofrer com enchente, Porto Murtinho é prioridade em operação na fronteira

Mariana Lopes, de Porto Murtinho | 28/05/2013 15:51
Atendimento no navio hospitalar Maximiniano (Foto: João Garrigó)
Atendimento no navio hospitalar Maximiniano (Foto: João Garrigó)

Os meses de março e abril castigaram Porto Murtinho, que ficou debaixo d’água com as chuvas de verão. Os estragos foram desde famílias desabrigadas a estradas destruídas. Diante do cenário no qual o município se encontrava, a Operação Ágata 7 deu prioridade ao município dentre os quais receberam ações cívico sociais na linha de fronteira.

Na semana passada, o navio hospitalar Maximiniano, da Marinha do Brasil, atracou no porto geral da cidade e levou atendimento médico e odontológico à população. O mesmo foi feito nas comunidades que margeiam o rio Paraguai, onde a assistência à saúde quase nunca chega.

Em Porto Murtinho, que fica a 437 quilômetros de Campo Grande, a população urbana é de aproximadamente 10 mil moradores. Outros 6 mil são de famílias ribeirinhas, que moram às margens do rio.

O médico da marinha Everton Basílio Pacco Mendes, que estava em missão no município desde a semana passada, contou que durante a operação, em visita a uma comunidade ribeirinha, atendeu um homem que havia sido picado por uma aranha e corria o risco de até perder a perna.

Navio hospitalar da Marinha também oferecia atendimento odontológico (Foto: João Garrigó)
Navio hospitalar da Marinha também oferecia atendimento odontológico (Foto: João Garrigó)
A dona de casa Cristiane levou as filhas pequenas para consultar no navio (Foto: João Garrigó)
A dona de casa Cristiane levou as filhas pequenas para consultar no navio (Foto: João Garrigó)

“Ele estava naquela situação há duas semanas e não tinha como sair da comunidade e nenhum médico costuma ir até lá, a ferida da picada estava necrosando”, contou Mendes. Caso o atendimento não tivesse sido feito a tempo, o ribeirinho poderia ter perdido a perna ou, em caso de uma demora mais prolongada de cuidados, o ferimento poderia levar o homem à morte.

O médico descreveu as condições nas quais as famílias ribeirinhas vivem. “É uma população que não tem nada, moram em barracos de lona, se abastecem com água do rio, não tem embarcações, energia, são pessoas sem cuidado algum, crianças subnutridas, é muito triste”, relatou Mendes.

Natalina tirou a primeira via da Carteira de Identidade (Foto: João Garrigó)
Natalina tirou a primeira via da Carteira de Identidade (Foto: João Garrigó)

Mas na cidade, a população mais carente também se beneficia dos serviços das Forças Armadas. A dona de casa Cristiane Martinez, de 25 anos, por exemplo, levou as três filhas pequenas ao navio hospitalar para serem atendidas. “Estão com uma gripe que não sara nunca, e no posto de saúde sempre passam uma receita genérica para todos os casos, não tem qualidade no atendimento”, reclamou a mãe.

Em dois dias, foram mais de 200 atendimentos médicos e odontológicos feitos no navio Maximiniano. Além de aproximadamente 10 mil medicamentos distribuídos.

Atendimento popular – Na escola municipal Thomaz Laranjeira também ocorreu o atendimento cívico social. Os moradores podiam fazer registro de Carteira de Identidade, Carteira de Trabalho, além de outros documentos e atendimento médico.

No total, foram aproximadamente 300 documentos emitidos e 650 atendimentos médicos. Quem foi ao colégio também teve a oportunidade de participar de palestras sobre DST, Educação Familiar e Violência Doméstica, ministradas pelos militares das Forças Armadas. Em dois dias, aproximadamente 160 pessoas participaram das palestras.

Natalina Pereira da Conceição, 28 anos, tirou ontem a primeira via da Carteira de Identidade. Ela mora em uma fazendo na região do Matadouro, em Porto Murtinho, e disse que é raro quando vai para a cidade. “Nasci na fazenda e só fico lá, nem sei quantas vezes eu vim para a cidade, mas estou feliz em poder ter um documento que mostre quem sou eu”, disse a caseira, em um misto de vergonha e contentamento.

“Porto Murtinho foi agraciada”, confirmou o general do Exército João Francisco Ferreira (Foto: João Garrigó)
“Porto Murtinho foi agraciada”, confirmou o general do Exército João Francisco Ferreira (Foto: João Garrigó)

Estrada – Por causa das chuvas no começo do ano, um trecho de 60 quilômetros que dá acesso de Porto Murtinho ao destacamento Ingazeiro ficou destruído e dificultou o tráfego de veículos. A repaginação do asfaltou entrou no pacote de serviços prestados ao município durante a Operação Ágata 7.

Segundo o prefeito da cidade, Heitor Miranda (PT), foram três dias de chuva intensa. Aproximadamente 290 famílias ficaram desabrigadas e 500 foram atingidas.

“Porto Murtinho foi agraciada, foi proposto um aciso de maior envergadura aqui por causa da enchente, além da carência de recursos à população”, confirmou o comandante da operação na área Oeste, general do Exército João Francisco Ferreira.

A operação é uma ação conjunta das Forças Armadas do Brasil, sendo Aeronáutica, Exército e Marinha, que atuam em cidades que estão na linha de fronteira, do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS). O objetivo é inibir os crimes que acontecem em regiões fronteiriças.

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