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Interior

Até “máfia da fronteira” se mobilizou para localizar garoto sequestrado

Delegado disse que garoto foi mantido num matagal por três sequestradores; eles chegaram a falar que tinham matado a vítima

Helio de Freitas, de Dourados | 18/08/2017 11:05
Pedrinho com policiais que participam das investigações sobre o sequestro (Foto: Divulgação)
Pedrinho com policiais que participam das investigações sobre o sequestro (Foto: Divulgação)

O sequestro do estudante Pedro Urbieta de Souza, 12, que durou 16 horas ontem em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande, mobilizou a população da cidade sul-mato-grossense e de Pedro Juan Caballero, no Paraguai. As duas cidades são separadas por uma rua, mas para a maioria dos moradores do local a fronteira geográfica existe apenas no mapa.

Moradores das duas cidades relataram hoje (18) ao Campo Grande News que a mobilização envolveu até a chamada “máfia da fronteira”, formada por grupos de alto poder econômico cujas atividades lícitas se misturam com os negócios ilegais, como contrabando e o tráfico de drogas.

“Mandaram achar o menino a qualquer custo. Todo mundo se mobilizou, até a turma dos turcos e do Jarvis”, afirmou um morador de Pedro Juan, se referindo ao narcotraficante brasileiro Jarvis Gimenez Pavão, que está preso em Assunção, capital do Paraguai.

O delegado que conduz as investigações sobre o sequestro, Rodolfo Daltro, afirmou à reportagem que Pedrinho foi liberado sem o pagamento de resgate. Segundo ele, os sequestradores se sentiram pressionados pela mobilização de forças policiais e decidiram libertar o estudante. “Todas as polícias se mobilizaram, inclusive no Paraguai”, afirmou.

Apesar da versão oficial da polícia, comentários que circulam nas duas cidades revelam que pelo menos parte do resgate foi paga. Os sequestradores tinham pedido R$ 1 milhão ao pai do garoto, o empresário Alexandre Reichardt de Souza, dono de uma loja de materiais de construção Pedro Juan Caballero.

Ameaças – Rodolfo Daltro contou que os sequestradores fizeram pelo menos cinco contatos com a família de Pedrinho, alguns ligando de um telefone do Paraguai e outros através de SMS, também de um número internacional. No penúltimo contato, por volta de 18h30, eles chegaram a afirmar que tinham matado a vítima.

“A gente sabia que era um blefe. Todas as saídas das duas cidades foram fechadas. Eles sabiam que o cerco estava se fechando. Por volta de 22h eles mandaram outra mensagem, perguntando cadê o dinheiro’. Foi o último desespero. Em seguida recebemos uma ligação que o menino tinha sido libertado”, explicou Daltro.

Cativeiro – Segundo o delegado, após ser sequestrado na Rua Tiradentes, Pedrinho foi levado para um matagal no perímetro urbano de Pedro Juan Caballero, onde ficou na companhia dos três sequestradores, que conversavam entre si em guarani e o tempo todo falavam com outras pessoas por telefone.

Após o último contato, os sequestradores levaram Pedrinho até outro matagal, onde o deixaram. O garoto saiu caminhando e na rua pediu carona. Ele foi levado até a sede regional da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero e logo em seguida entregue aos policiais brasileiros.

Rodolfo Daltro informou que as investigações sobre o sequestro continuam. Na semana que vem o garoto e familiares serão chamados parar depor. Com o depoimento da vítima, a polícia espera descobrir alguma pista que leve aos sequestradores.

Segundo o delegado, esse foi o primeiro sequestro em pelo menos 20 anos em Ponta Porã. “É um caso excepcional, um tipo de crime que os próprios criminosos não aceitam, embora tenha ocorrido uma mudança no perfil da criminalidade aqui na região”, disse ele.

Essa mudança, conforme o delegado, ocorre em função da presença das facções criminosas que se estabeleceram na fronteira para controlar o tráfico de drogas e armas. “O governo federal precisa estruturar as forças policiais para um combate específico às facções”.

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