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Interior

Aumenta em 20% notificação por irregularidades em barcos

Viviane Oliveira e Marta Ferreira | 06/10/2014 08:37
Em Porto Murtinho, familiares e amigos se reunião todos os dias próximo as equipes de buscas (Foto: Marcelo Calazans)
Em Porto Murtinho, familiares e amigos se reunião todos os dias próximo as equipes de buscas (Foto: Marcelo Calazans)
Em Corumbá, barco virou matando duas pessoas (Foto: Diário Corumbaense)
Em Corumbá, barco virou matando duas pessoas (Foto: Diário Corumbaense)

A cidade de Porto Murtinho assistiu, no dia 24 de setembro, ao mais grave acidente fluvial dos últimos anos, com 13 mortos e um homem desaparecido até agora. A tragédia, como sempre ocorre em casos assim, chamou a atenção para a situação dos barcos que navegam pelo estado. O Campo Grande News então procurou saber com a Marinha, responsável pela fiscalização, qual o grau de segurança oferecida e a informação é de que, só neste ano, aumentou em 20% o número de notificações.

De acordo com o capitão dos portos do Pantanal, Luciano Müllher Vidal, no ano passado foram realizadas 3.283 inspeções, sendo 594 notificações. Neste ano, de janeiro até setembro, foram 5.887 barcos vistoriados, desse número, 718 notificados. A fiscalização é realizada pela Capitania Fluvial do Pantanal, em Corumbá, Agência Fluvial de Porto Murtinho, Delegacia Fluvial de Cuiabá (MT) e Agência Fluvial de Cáceres (MT). A inscrição da embarcação deve estar inscrita em um desses quatro órgãos.

Os oficiais checam se o condutor possui Arrais amador, habilitação para conduzir embarcações em vela ou motor, de esporte ou recreio, em rios. Se os documentos estão em dia e se as condições dos itens de segurança, como coletes salva-vidas, são respeitados. “Dependendo do grau da penalidade, a carteira pode ser retida por até 120 dias”, explica. Ele acrescenta que a infração mais grave é o excesso de passageiro, que compromete a instabilidade do barco, e consumo de bebida alcoólica antes e durante a navegação.

O capitão explica que os militares aproveitam evento grandes, como de pesca, para orientar e educar. “A gente já constatou que a maioria dos acidentes acontecem não por descumprimento da lei, mas por falta de conhecimento”, diz o capitão. Quanto maior o barco, mais equipamentos de segurança devem estar disponíveis em caso de acidente.

O item indispensável, principalmente em embarcação pequena que pode virar de repente, é o colete salva-vidas. “Em barco pequeno, a pessoa deve ficar o tempo todo com o colete, mesmo que saiba nadar. Em chalana maior, os equipamentos de segurança devem ficar em lugares de fácil acesso ”, explica. Em 2013, foram registrados pela Marinha 9 acidentes com morte. Neste ano, com a tragédia de Porto de Murtinho, já foram contabilizados 18.“A gente diz que o colete é o melhor amigo do navegante", destaca Luciano.

Desolados, sobreviventes acompanharam buscas por amigos e familiares mortos em naufrágio (Foto: Marcelo Calazans)
Desolados, sobreviventes acompanharam buscas por amigos e familiares mortos em naufrágio (Foto: Marcelo Calazans)
Acidente em Porto Murtinho levou desespero a familiares de paraguaios e paranaenses (Foto: Marcelo Calazans)
Acidente em Porto Murtinho levou desespero a familiares de paraguaios e paranaenses (Foto: Marcelo Calazans)

O capitão explica que para pilotar uma embarcação, moto aquática ou barco é preciso ter autorização da Marinha Brasileira. A carteira de Arrais amador é concedida pela Capitania dos Portos de cada estado. A avaliação para tirar a documentação é composta por 40 questões de múltipla escolha e o candidato tem que acertar a metade para ser aprovado, além de ter feito aula teórica e 6h prática.

A permissão deve ser renovada a cada 10 anos. Todos os acidentes que acontecem nos rios, a Marinha do Brasil precisa ser acionada para abrir um inquérito administrativo, a fim de investigar as causas do acidente. “Qualquer tipo de embarcação só pode ser locado para alguém habilitado”, ressalta. No total, 79 militares, de Corumbá e Porto Murtinho, são responsáveis por fiscalizar nove rios, entre eles Rio Paraguai, Miranda, Coxim. 

Segundo dados do Corpo de Bombeiros, no ano passado foram 14 ocorrências de afogamentos em rios, a maioria em período de férias, feriados e no final do ano. Neste ano, de janeiro até agora, foram registrados quatro, todos com morte. As estatísticas são do Comando Metropolitano de Bombeiros de Campo Grande, que atende as cidades de Jaraguari, Terenos, Sidrolândia, Nova Alvorada do Sul, Bandeirantes, Rochedo, Corguinho, Ribas do Rio Pardo, Camapuã, São Gabriel do Oeste e Rio Negro.

Dicas de segurança - Para evitar afogamentos em rios, de barco ou a nado, o Corpo de Bombeiros dá algumas dicas. Evite nadar sozinho ou em lugar desconhecido, não ultrapasse faixas e placas onde há avisos de perigo de morte, procure sempre local onde há guarda-vidas.

Não tomar bebida alcoólica, para evitar que o passeio se transforme em tragédia. Também não tente salvar pessoas em afogamento se não estiver habilitado, prefira lançar flutuadores, evite navegar com carga em excesso, só deixe entrar no barco pessoas usando coletes salva-vidas e somente conduza embarcações se for habilitado.

Resgate no Rio Paraguai, mobilizou equipes dos dois países (Foto: Marcelo Calazans)
Resgate no Rio Paraguai, mobilizou equipes dos dois países (Foto: Marcelo Calazans)

Tragédias - Em menos de uma semana foram registrados cinco acidentes em rios de Mato Grosso do Sul. O corpo de Matheus Costa Camera, 15 anos, que estava desaparecido desde domingo (28), no Rio Coxim, próximo da Ponte Pasqualeto, foi encontrado na manhã da última terça-feira (30).

De acordo com boletim de ocorrência, Matheus desapareceu por volta das 15h de domingo, quando tentava atravessar o rio a nado junto com o pai e os tios. Ainda conforme registro policial, o menino se afogou em uma correnteza. Logo depois do acidente o Corpo de Bombeiros foi acionado e localizou o corpo do garoto boiando cerca de dois quilômetros do local em que ocorreu o acidente.

Com 29 pessoas a bordo, no dia 23, um navio da Armada Boliviana naufragou no Rio Paraguai, na região de Porto Morrinho, em Corumbá, a 419 quilômetros de Campo Grande. Duas pessoas morreram, a jornalista Liliam Ortega, apresentadora do programa de televisão Aeronotícias do Canal 4 RTP, e um militar. Os outros 27 foram resgatados por embarcações militares do país vizinho.

No dia 24, no Rio Paraguai, em Porto Murtinho, um barco-hotel de bandeira paraguaia naufragou. Na embarcação havia 27 pessoas, entre turistas e tripulantes, 13 pessoas conseguiram salvar, 13 corpos foram encontrados e um ainda está desaparecido.

Na segunda-feira (29), foram localizados os corpos do adolescente Wemerson Rodrigues, 16 anos, e do idoso Florentino Marinho do Nascimento Filho, 62 anos, boiando na região da Ponte do 21, no Rio Miranda, na divisa de Anastácio e Bonito. Os dois haviam desaparecido após saírem com um grupo para pescar.

Na tarde de terça-feira (30), foi encontrado o corpo de Fabiano Valério de Souza, 38 anos. Ele estava viajando com uma mulher quando o barco virou no lago da Usina Hidrelétrica Sérgio Mota, que fica entre a divisa de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

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