ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 24º

Interior

Cápsulas de 3 calibres são encontradas em área de conflito

Nadyenka Castro | 14/08/2012 15:29

Ataque ao acampamento guarani-caiuá foi na sexta-feira. Lideranças afirmam que um indígena está desaparecido e uma criança morreu

Homens, mulheres e crianças guarani-caiuá na área de conflito. (Foto: Divulgação/ Grupo Aty Guasu)
Homens, mulheres e crianças guarani-caiuá na área de conflito. (Foto: Divulgação/ Grupo Aty Guasu)

Cápsulas de três calibres diferentes foram encontradas na fazenda Eliane, em Paranhos, ocupada desde sexta-feira por indígenas que nominaram o local de Arroyo Korá.

De acordo com a Funai (Fundação Nacional do Índio), policiais federais fizeram varredura no local e encontraram uma cápsula de munição calibre 32, quatro de calibre 38 e 25 cartuchos de calibre 12.

A apreensão das cápsulas confirma o ataque aos indígenas. Segundo eles, pistoleiros entraram no acampamento por volta das 8 horas de sexta-feira (10), dispararam diversos tiros até às 10h, recomeçaram o ataque às 14h e só pararam duas horas depois.

Conforme lideranças dos índios, um guarani-caiuá desapareceu após o ataque e uma menina de dois anos morreu. Há confusão em relação à identificação do desaparecido. Conforme a assessoria de imprensa da PF, o relato dos índios não é claro.

A princípio, a pessoa desaparecia trata-se de um homem mais velho, porém, nem mesmo o nome está claro, com a divulgação de duas identificações para a mesma pessoa: Eduardo Pires e João Oliveira.

Em relação à Geni Centurião, lideranças falam que ela estava com a mãe no dia do ataque e, como os índios ficaram escondidos dos pistoleiros, ficou sem se alimentar e morreu na manhã dessa segunda-feira (13).

As circunstâncias da morte da criança serão investigadas. Segundo o DSE (Distrito Sanitário Indígena), o corpo será encaminhado hoje para o Instituto Médico Legal de Ponta Porã.

Em reunião com a Funai nessa segunda-feira, lideranças indígenas se comprometeram em garantir livre acesso à Polícia, à Força Nacional de Segurança Pública e à Funai na área de conflito.

Na vegetação da propriedade rural, diversas cápsulas. (Foto: Divulgação/ Grupo Aty Guasu)
Na vegetação da propriedade rural, diversas cápsulas. (Foto: Divulgação/ Grupo Aty Guasu)

De acordo com a Funai, dois delegados e dois agentes da PF, além de aproximadamente 15 homens da Força Nacional monitoraram a área.

A coordenadoria regional da Funai entregou aos acampados 20 cestas de alimentos, 70 quilos de charque e 70 mantas.

“A Funai inseriu, ontem, o acampamento nas atividades regulares de assistência através da regional e da Coordenação Técnica Local, de Paranhos. No início faremos esse atendimento pela área regularmente ocupada de Arroyo Korá, mas já estamos acionando a procuradoria da Fundação para que possamos atender legalmente os indígenas no próprio acampamento”, disse a chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial Indígena da Funai, Juliana Melo.

Conflito - Os guarani-caiuá deflagraram a retomada de 7.500 hectares, que denominam de terra indígena Arroyo Kora. O grupo é integrado por pelo menos 400 pessoas, entre elas 120 crianças, mais de 60 idosos, entre eles rezadores.

A terra foi homologada em 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, a homologação foi questionada na Justiça pelos fazendeiros. Uma decisão final sobre o processo está no STF (Supremo Tribunal Federal).

No ano passado, decisão do ministro Gilmar Mendes, suspendeu parcialmente os efeitos da homologação ao deferir um mandado de segurança impetrado pelo dono da fazenda Iporã, uma das 15 propriedades que estão na área homologada de 7.175 hectares. Com a decisão, cerca de 400 famílias indígenas foram autorizadas a viver em uma área de 700 hectares.

Nos siga no Google Notícias