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Interior

Com apoio da Câmara, milícia armada vai cuidar da segurança de moradores

Projeto já aprovado garante repasse de R$ 170 mil ao Conselho de Segurança para montar grupo semelhante ao de Costa Rica

Helio de Freitas, de Dourados | 27/03/2015 19:00
A presidente da Câmara de Chapadão, Sônia Maran, defende viatura “Caveirão” para fazer segurança na cidade (Foto: Divulgação)
A presidente da Câmara de Chapadão, Sônia Maran, defende viatura “Caveirão” para fazer segurança na cidade (Foto: Divulgação)

Chapadão do Sul, a 321 km de Campo Grande, na região do Bolsão de Mato Grosso do Sul, vai implantar uma milícia armada para fazer a segurança de seus 21.948 habitantes. Defensora da ideia, apresentada pelo delegado da cidade, Danilo Mansur, a presidente da Câmara de Vereadores, Sônia Maran (PR), já sugeriu o nome para o carro que deve ser usado pela milícia: “Caveirão”, mesmo nome do blindado usado pelo Bope da PM do Rio para invadir favelas dominadas pelo tráfico na capital fluminense.

A ideia, em discussão na Câmara da cidade desde o início deste mês, é adotar uma milícia semelhante à existente na vizinha Costa Rica, onde foi criado há mais de um ano o GTO (Grupamento Tático Operacional). Formado por policiais civis e militares que trabalham nos dias de folga, o grupo utiliza uma caminhonete Nissan Frontier envelopada de preto e tem como logo uma caveira com boina sobre duas armas, muito parecida com a marca do Bope carioca.

Dinheiro público – Em Chapadão do Sul, a Câmara de Vereadores aprovou no dia 18 deste mês o projeto encaminhado pela prefeitura para a criação do Conselho de Segurança da cidade. Conforme o site do Legislativo municipal, a Câmara vai devolver R$ 170 mil do duodécimo para a prefeitura, que repassará o recurso ao conselho.

O dinheiro será usado para pagar despesas com manutenção de equipamentos e veículos do Corpo de Bombeiros e para auxiliar as polícias Militar e Civil “visando um policiamento mais ostensivo com vistas à melhoria da segurança, principalmente nas escolas”.

À primeira vista, a proposta parece ser a solução para a falta de segurança que existe nas cidades sul-mato-grossenses, mas a ideia de uma milícia armada, mesmo que seja formada por policiais, já desperta opiniões contrárias.

“O Conselho Municipal de Segurança virou cabide de emprego. Entendo ser uma temeridade a Câmara assumir a obrigação que é do Estado, ainda mais considerando que os policiais nas suas folgas trabalharão nesse projeto. Pergunta: e se vierem a falecer, quem pagará a conta, já que estarão de folga? E ao voltar para o seu plantão totalmente cansado, como atuará? Penso que o assunto deve ser melhor debatido pelos vereadores, para no futuro o município não ter prejuízos”, escreveu Flavio Teixeira Sanches, ao comentar, no dia 4 deste mês, a notícia publicada pelo site News Chapadense.

“Sonho do coração” – No início de março, revoltados com ações criminosas que resultaram em duas carretas e uma caminhonete incendiadas, os vereadores da cidade se reuniram e decidir encabeçar a campanha pela implantação da milícia armada. A presidente Sônia Maran disse ter ficado “encantada” com a proposta do delegado Danilo Mansur, por “ser um sonho do seu coração” e por saber que a Câmara teria condições de bancar esse projeto.

Sônia Maran afirmou na reunião do dia 4 que a equipe do “Caveirão” será formada sempre por quatro policiais de folga e que o custo mensal será de R$ 32 mil, arcados com o dinheiro devolvido da sobra do duodécimo e que será gerenciado pelo Conselho de Segurança.

Segundo a presidente do Legislativo, a iniciativa de devolver o duodécimo para a formação do grupo especial “mostra que os vereadores da cidade estão preocupados com a segurança e tomaram providências imediatas”.

O Campo Grande News não conseguiu localizar a presidente da Câmara nesta sexta-feira, já que ela estava em viagem para a Capital, para uma reunião justamente sobre o Conselho de Segurança. O delegado da cidade, Danilo Mansur, também não foi localizado.

Costa Rica – Com a missão de proporcionar mais segurança à população de Costa Rica, as polícias Civil e Militar da cidade criaram no dia 14 de março do ano passado o GTO (Grupamento Tático Operacional), com apoio do Conseg (Conselho Municipal de Segurança) e da prefeitura local.

O delegado titular da cidade naquela época, Cleverson Alves dos Santos, apresentou a viatura do GTO. “Combater a criminalidade e reduzir os índices de violência, esse é o objetivo do grupo que vai oferecer um reforço na segurança pública de Costa Rica e região”, disse o delegado, na época.

O GTO foi criado para patrulhar fazendas, entradas e saídas da cidade e para combater o tráfico de drogas em operações especiais.

No dia 15 de março deste ano, prefeito de Costa Rica, Waldeli dos Santos Rosa, o presidente da Câmara, José Augusto Maia Vasconcellos, o promotor de Justiça George Cassio Tiosso Abbud e o presidente do Conselho de Segurança, José Alcides Simplício, se reuniram para avaliar o primeiro ano do GTO. A constatação dos presentes foi que o papel do conselho como gerenciador da segurança pública da cidade trouxe resultados positivos, mas os números para confirmar redução nos índices de criminalidade na cidade não foram apresentados.

Mas a reunião não foi só para assuntos positivos. O presidente do Conselho de Segurança afirmou que o órgão está em crise e cobrou a contribuição de todos os cidadãos para a manutenção da segurança pública na cidade. “É preciso que toda a sociedade também participe da instituição, não só os órgãos públicos, mas todos nós temos que unir forças, caso não haja essa sensibilização este importante trabalho pode acabar”, alertou Simplício, conforme material divulgado pela assessoria da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul.

Carro usado pelo Grupamento Tático Operacional, criado há um ano em Costa Rica; projeto está sendo copiado pela vizinha Chapadão do Sul (Foto: Divulgação)
Carro usado pelo Grupamento Tático Operacional, criado há um ano em Costa Rica; projeto está sendo copiado pela vizinha Chapadão do Sul (Foto: Divulgação)
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