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Interior

Com dólar alto, ecoturismo de MS deve crescer mais 15% este ano

Estrutura e capacidade ociosa dos atrativos comporta mais visitantes, garantem empresários

Priscilla Peres | 12/01/2016 11:50
Flutuação é um dos passeios mais procurados de Bonito. (Foto: Acervo Fundação de Turismo)
Flutuação é um dos passeios mais procurados de Bonito. (Foto: Acervo Fundação de Turismo)

O fechamento do ano passado registrou aumento de 18% na ocupação do Hotel Wetiga, em Bonito - distante 257 km de Campo Grande, e as perspectivas para 2016 são de elevar o fluxo de hóspedes em cerca de 15%, o que significará incremento acima de 30% na receita do estabelecimento. O movimento no hotel demonstra os resultados do turismo na Serra da Bodoquena que, a exemplo de outros pontos de visitação brasileiros, sustenta um setor que não conhece os efeitos da palavra crise.

Um dos pontos mais conhecidos nas rotas turísticas nacionais, Bonito é um exemplo de que o turismo é um segmento que pode se beneficiar com os revezes da economia e, com isso, movimentar o setor de serviços. E o consumidor parece já saber disso. “O pessoal ficou mais chorão, pede mais desconto”, avalia o responsável pelo setor de reservas do Wetiga, Rafael Moraes da Costa, creditando os bons resultados do ano passado à estratégia de fortalecimento das parcerias comerciais e de negociações adotadas pelo hotel. “Foi um ano muito bom e as perspectivas são ótimas”, confia.

Recorde - Foi o melhor ano do turismo na história de Bonito, confirma o presidente da Bonito Convention & Visitors Bureau, Rodrigo Coinete, entidade que reúne 58 empresas do setor. Segundo o Observatório do Turismo de Bonito, documento elaborado mensalmente contendo o fluxo das empresas associadas, 169,6 mil pessoas visitaram os atrativos do município até novembro. Os dados de dezembro, período de alta temporada e fechamento do ano, ainda não foram computados.

“Nunca antes tantos turistas visitaram a cidade”, afirma o dirigente, adiantando que o ano encerrou com aumento de pelo menos 10% no número de turistas internacionais. Percentual que deverá crescer ainda mais em 2016, acredita, por conta da vinda de paraguaios e bolivianos, que devido à expansão da economia nesses países lotaram a cidade no período do revellion. Os bons resultados não são creditados somente à conjuntura econômica - com a alta do dólar que faz os destinos nacionais serem mais atrativos - mas ao trabalho de divulgação realizado nas últimas duas décadas. “Não se faz um destino turístico em quatro anos”, avalia.

O diretor-presidente da Fundtur (Fundação de Turismo de MS), Nelson Cintra, enfatiza que o momento econômico valorizou o segmento. “O turismo nunca foi tão importante”, avalia. Para o Estado, por exemplo, somente no primeiro semestre do ano passado o turismo em Bonito rendeu R$ 102 milhões, segundo dados da Fundação. E a vinda de um dos maiores eventos mundiais vai ajudar a promover ainda mais nossos destinos: o Adventure Week no Brasil, que acontece de 2 a 11 de abril. “Vamos ter aqui as 15 maiores operadoras mundiais de turismo, que vêm conhecer nossos atrativos em Bonito e região e no Pantanal”, destaca, reforçando a parceria com a Embratur e o investimento de US$ 75 mil no evento.

Município é extremamente rico pela fauna e flora. (Foto: Acervo Fundação de Turismo)
Município é extremamente rico pela fauna e flora. (Foto: Acervo Fundação de Turismo)

Infraestrutura – Mas, considerando-se as projeções de crescimento, Bonito comporta mais turistas? A deficiência de infraestrutura foi levantada na virada deste ano quando vídeo com fila de carros na entrada dos balneários circulou na internet. Amparado nos dados levantados pelo Observatório, Coinete afirma que há estrutura para receber mais gente. E cita o exemplo da taxa de ocupação hoteleira, que ano passado teve seu pico máximo em janeiro, quando chegou a 81%. Em junho, mês de baixa, registrou enxutos 32%.

Como consequência, o preço médio da diária também encolhe, obedecendo à sazonalidade do fluxo de turistas. A diária em hotel três ou quatro estrelas acumulou redução média de 25% em novembro se comparado a janeiro passados. Um apartamento duplo ofertado por R$ 479,32 no início do ano, saiu por R$ 359,50 no penúltimo mês do ano, segundo dados do Observatório de Turismo, indicando que há um vácuo na baixa temporada. Em dezembro os preços normalmente voltam a subir.

O movimento no principal ponto turístico do município também indica que há espaço para mais. Em janeiro, mês de maior fluxo, a ocupação na Gruta do Lago Azul foi de 91%, a maior registrada no período nos últimos cinco anos. Em junho, menos da metade da capacidade foi preenchida, apenas 44%.

A fila nos balneários é a exceção, afirma Coinete, e significa que esses locais, mais acessíveis e procurados, tiveram de fato sua capacidade esgotada. “O turista também tem que entender que é preciso planejamento. Se você não chegar com pelo menos seis horas de antecedência, não pisa na areia de Copacabana no revellion”, compara. “Mesmo com os balneários lotados, havia outras possibilidades de passeio”, enfatiza, destacando o caráter sustentável que rege toda a malha turística de Bonito, com o estabelecimento de limites diários de visitações, o que garante tantas premiações em âmbito nacional e internacional como um dos destinos de ecoturismo mais organizados.

Segundo registros na Gruta do Lago Azul, de janeiro a novembro, 32,3% dos turistas que visitam o ponto são de São Paulo, ficando os cariocas em segundo, com 12,5%. Os sul-mato-grossenses formam uma parcela de 7,4% de visitantes ao atrativo, deixando o Estado na quinta posição. Os americanos são os visitantes internacionais mais frequentes, seguidos dos franceses e paraguaios.

Milhares de visitantes vão a Bonito anualmente para conhecer a Gruta do Lago Azul. (Foto: Acervo Fundação de Turismo)
Milhares de visitantes vão a Bonito anualmente para conhecer a Gruta do Lago Azul. (Foto: Acervo Fundação de Turismo)
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