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Interior

Em CPI, ex-prefeito diz que recurso para creche foi “presente de grego”

Marcos Pacco, diretor de empreiteira e engenheiro foram ouvidos hoje em Itaporã e relator diz que entrega relatório em 15 dias

Helio de Freitas, de Dourados | 16/03/2016 15:43
Ex-prefeito Marcos Pacco durante depoimento em CPI (Foto: Divulgação)
Ex-prefeito Marcos Pacco durante depoimento em CPI (Foto: Divulgação)
Silvano Alves, da empreiteira Santo Agostinho, depõe à CPI (Foto: Divulgação)
Silvano Alves, da empreiteira Santo Agostinho, depõe à CPI (Foto: Divulgação)

O ex-prefeito Marcos Pacco (PSDB) considerou “um presente de grego” os recursos liberados pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) para construção de uma creche para 200 crianças no bairro Santa Terra, em Itaporã, cidade a 227 km de Campo Grande. A afirmação foi feita hoje (16) em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instaurada pela Câmara de Vereadores para apurar indícios de desvio de recursos.

O município recebeu R$ 1,2 milhão do FNDE, obtidos pelo ex-deputado federal Antonio Carlos Biffi (PT). Obras semelhantes foram construídas em outras cidades de Mato Grosso do Sul. Pacco é investigado pela CPI. Outros dois investigados – o diretor da construtora Santo Agostinho, Silvano Alves, e o engenheiro responsável pela obra Marcio Moura – também foram ouvidos hoje, na última audiência antes do relatório final.

Recurso insuficiente – O relator da CPI, André de Moura Brandão (PHS) disse ao Campo Grande News que o ex-prefeito afirmou serem insuficientes para a construção da creche os recursos liberados pelo governo federal.

“Isso contraria o que disse o ex-deputado Biffi, que em depoimento à CPI afirmou que das duas centenas de escolas semelhante viabilizadas pelo governo federal, mais de cem já foram concluídas pelos gestores municipais e entregues à comunidade”, afirmou Brandão.

Diante do comparativo feito pela CPI com a creche de Nioaque, que foi concluída com o mesmo montante de recursos, o ex-prefeito disse que daquela cidade a escola foi feita sem muro. “Ele afirma que o muro consumiu quase 10% dos recursos”, disse o relator.

Pacco admite obra pela metade – O relator disse que no depoimento o ex-prefeito admitiu que a obra da creche foi deixada pela metade – contrariando dado oficial encaminhado ao FNDE durante a gestão do próprio Marcos Pacco, informando que 93% da construção estava pronta.

“Ele reconheceu que a obra não está 93% concluída, como foi informado ao FNDE, mas não soube explicar quem passou essa informação ao fundo. O ex-prefeito disse que isso precisa ser investigado”, contou o relator.

André Brandão disse que o diretor da construtora rebate o ex-prefeito e afirma que pelo menos 80% da creche estava concluído em 2012, quando fez a quinta medição da obra. “O senhor Silvano afirmou que não abandonou a obra e garante que foi impedido pela atual administração de retomar a construção em janeiro de 2013”, declarou o relator.

Já o engenheiro Marcio Moura, que na época foi contratado pela prefeitura para acompanhar a obra, negou depoimento de testemunhas, de que era ele que preenchia os relatórios de medição, assinados por arquitetas do município. Disse que assinou apenas a quinta medição.

“Outro detalhe importante dos depoimentos de hoje foi que o construtor Silvano reconheceu que a obra não recebeu equipamentos de segurança, como atesta um laudo do Corpo de Bombeiros”, afirmou André Brandão. O vereador disse que pretende entregar o relatório final até quarta-feira da próxima semana.

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