ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 29º

Interior

Empresa demite 200, mas mantém proposta de criar "capital da borracha"

Caroline Maldonado | 07/04/2015 09:10
Cautex tem 5,9 milhões de seringueiras, em 17 municípios de MS, segundo direção (Foto: Gazeta da Região)
Cautex tem 5,9 milhões de seringueiras, em 17 municípios de MS, segundo direção (Foto: Gazeta da Região)

A Cautex Florestal, empresa que lidera o plano de instalar o “complexo da borracha” na região de Cassilândia, a 418 quilômetros de Campo Grande, atrasou pagamentos e demitiu 228 empregados, em dezembro do ano passado. Desses, 90 foram contratados pela Seringal Agroflorestal e os outros 138, a maioria vinda do Nordeste do país, não tiveram interesse no novo contrato. Os pagamentos dos salários atrasados foram assumidos pela Seringal, em TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado com o MPT (Ministério Público do Trabalho).

Segundo o diretor da Cautex, Getúlio Ferreira Júnior, embora o setor dê menos lucro agora do que no início do projeto, os produtores esperam que o cenário melhore nos próximos dois anos. A empresa chegou a anunciar a instalação da indústria para agosto de 2014, mas o diretor afirmou que a previsão é 2016.

De acordo com ele, as demissões não significam retração nos planos. A previsão é extrair borracha a partir de 5,9 milhões de seringueiras, que a empresa tem em 17 municípios de Mato Grosso do Sul. “As demissões ocorreram por questão de relação contratual e não por conta de crise. A Cautex era contratada pela Seringal. Mas não mudou nada. Os investimentos continuam acontecendo de acordo com o cronograma”, assegurou Getúlio.

Conforme o MPT (Ministério Público do Trabalho), com a quebra de contrato, a Seringal teve que assumir a dívida da contratada, a Cautex, com os funcionários. Isso, porque a contratante é uma empresa que atua no mesmo tipo de serviço. Getúlio preferiu não entrar em detalhes sobre os motivos da rescisão do contrato.

A reportagem entrou em contato, por telefone, com a unidade da Seringal em Cassilândia. A empresa informou que encaminhará os questionamentos ao responsável pelo planejamento estratégico.

Complexo da borracha - Com isso, segundo o empresário, a Cautex tem hoje 50 funcionários. O número é pequeno em vista do projeto divulgado pela empresa. O plano era extrair 80 mil toneladas de borracha natural, em 2023, o que representaria 28% da produção nacional. O total de investimento previsto para esse período era de R$ 2 bilhões.

As demissões e o número de empregados, no entanto, não sinalizam mudança de planos, garante o diretor da Cautex. Segundo ele, a “agrovila”, onde vão morar os futuros funcionários, tem 300 residências, entre prontas e em construção. “Será extraído, em agosto de 2015, volume que dará demanda para a construção da indústria em setembro ou outubro de 2016”, afirmou.

Diretor da Cautex, Getúlio Ferreira, garante que demissões não sinalizam crise no setor (Foto: Canal do Produtor)
Diretor da Cautex, Getúlio Ferreira, garante que demissões não sinalizam crise no setor (Foto: Canal do Produtor)

Crise - No fim do ano passado, os produtores látex do país criaram uma associação para discutir as dificuldades do setor. O preço do quilo do látex, que em 2011 era vendido por até R$ 4,50 foi caindo e ficou entre R$ 1,50 e R$ 2. Eles reclamavam por políticas públicas para proteger produtores nacionais, afirmando que é mais barato importar do que comprar o produto daqui mesmo. Os produtores pediram o que a alíquota para compra do látex importado fosse elevada de 4% para 30%.

Na avaliação de Getúlio, os preços não são ameaça para o setor e o momento nem deveria ser chamado de “crise”, pois o coágulo de látex está cotado a R$ 1,80, mas o Governo Federal faz leilões para garantir o preço mínimo de R$ 2,05.

“Pelo contrário, o preço da borracha é commoditie, é internacional, mexe no câmbio. Temos controle de preço mínimo pelo Governo. O preço internacional está baixo, mas é uma fase. Acreditamos que em dois anos isso normalizará. O setor está dando lucro ainda. Está dando menos lucro, mas dá. Crise seria, se o negócio tivesse ficado inviável, mas está viável”, argumentou.

Atualmente, os produtores do setor contam com leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural). Desde o início do ano, já foram realizados quatro deles, conforme o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Essas operações comercializaram prêmio correspondente à venda e escoamento de 12,8 mil toneladas de borracha, valor equivalente a R$ 6,8 milhões em subvenções, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Nos siga no Google Notícias