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Interior

Envolvidos em assalto e morte de advogado depõem quinta-feira

Márcio foi morto em outubro durante roubo de sua caminhonete; policial teria confundido amigo com assaltante

Helio de Freitas, de Dourados | 09/02/2015 09:43
Isaque Baptista e Emerson Machado estão presos; outros dois acusados estão foragidos (Foto: Osvaldo Duarte/Dourados News)
Isaque Baptista e Emerson Machado estão presos; outros dois acusados estão foragidos (Foto: Osvaldo Duarte/Dourados News)

Isaque Daniel Gonçalves Baptista, 22 anos, e Emerson Antunes Machado, o “Alemão”, 21, dois dos quatro acusados de participação no assalto que terminou com a morte do advogado Márcio Alexandre dos Santos, ocorrido em outubro do ano passado, serão interrogados quinta-feira em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Eles serão ouvidos pelo juiz da 2ª Vara Criminal, César de Souza Lima, assim como as nove testemunhas do caso.

Márcio Alexandre foi morto com vários tiros, que teriam sido disparados pelo policial federal Marcelo Portela da Silva, amigo do advogado, que o teria confundido com um dos assaltantes. Portela chegou a atingir Isaque Baptista com dois tiros antes de disparar na direção do outro assaltante que tentava assumir a direção da caminhonete Hilux Sw4. Entretanto, acabou alvejando o próprio amigo.

Os outros dois denunciados pelo Ministério Público por latrocínio consumado –Ângelo Ramão Bardão Rocha, o “Gordinho”, e Aldair Barbosa Souza, o “Bruno” – continuam foragidos. No dia 29 de janeiro, o juiz César de Souza Lima determinou o desmembramento do processo em relação aos dois e o prosseguimento da ação quanto aos demais acusados.

O Campo Grande News apurou nesta segunda-feira que o inquérito sobre a morte de Márcio Alexandre está parado. Quase quatro meses após o episódio, a Polícia Civil ainda aguarda alguns laudos da perícia para concluir as investigações. Ainda no ano passado, o delegado do caso, Adilson Stiguivitis, informou que deveria indiciar Portela por homicídio, mas esse procedimento ainda não foi feito.

A denúncia feita pelo promotor Thiago Di Giulio Freire em relação ao crime de latrocínio (roubo seguido de morte) afirma que Portela atirou em Isaque em legítima defesa e que disparou em direção ao outro assaltante “na tentativa de conter a ação criminosa”, mas que acabou atingindo o advogado “por erro de pontaria”.

Já o advogado Maurício Rasslan, que faz a defesa de Marcelo Portela, informou hoje ao Campo Grande News que o policial federal foi induzido ao erro e estava embriagado, por isso deve responder por homicídio culposo. “Se houve latrocínio não há o que se falar em crime doloso contra a vida”, afirmou.

Três inquéritos foram instaurados sobre os acontecimentos. Um deles apurou o envolvimento dos assaltantes com o tráfico de drogas, outro foi sobre o roubo da caminhonete (já concluído e em fase processual) e o terceiro sobre o assassinato – este ainda não concluído.

O caso – No início de novembro a polícia fez a reconstituição do assalto e da morte do advogado e conseguiu esclarecer alguns pontos dos fatos. Laudos periciais concluídos em dezembro dirimiram as demais dúvidas e ficou claro que apenas o policial federal atirou contra Márcio Alexandre. Isaque Gonçalves, único assaltante que estava armado, também foi atingido por dois tiros disparados por Marcelo Portela e não teve tempo de puxar o gatilho.

No dia 26 de novembro, o juiz Jairo Roberto de Quadros, da 2ª Vara Criminal de Dourados, acatou a denúncia do Ministério Público por contra Isaque, Emerson, Ângelo Ramão e Aldair Barbosa, por latrocínio consumado.

Isaque Baptista, o “Carioca”, teve participação direta no roubo e foi atingido pelo policial com dois tiros na barriga. Emerson Machado, o “Alemão”, também estava com o grupo e foi preso em Dourados alguns dias depois do crime. Gordinho ajudou diretamente no roubo e levou a caminhonete para o Paraguai. Aldair era dono do Gol dourado usado no assalto.

Outras duas pessoas foram presas durante as investigações, mas não tiveram ligação direta no assalto ao advogado: Maycon Macedo da Silva, 32, dono da casa onde Emerson foi preso e cúmplice do bando no tráfico de drogas, e Antonio Barbosa da Silva, o “Véio”, apontado como chefe do bando e articulador dos crimes. Maycon e Antonio foram indiciados por associação criminosa, porque participaram da tentativa de assalto a um comerciante da cidade, horas antes do roubo ao advogado.

Em depoimentos à polícia, Isaque contou que no momento do assalto, com o revólver calibre 22 em punho, foi até o carona e ordenou que se rendesse. Gordinho foi direto ao advogado e após dominá-lo assumiu a direção da caminhonete. O policial reagiu e atirou na direção de Isaque.

Mesmo ferido na barriga por dois tiros, Isaque disse ter visto o carona da caminhonete (Portela) atirando várias vezes na direção de Gordinho, que já tinha assumido a direção da Hilux.

Segundo Isaque, seu comparsa vestia roupas semelhantes às usadas pelo advogado Márcio Alexandre, que foi atingido por tiros nas costas, braços e na nuca. Até o dia seguinte, quando foi preso no hospital, Isaque diz que pensava que o homem caído no chão era o comparsa Gordinho. A caminhonete preta ano 2011, placa EYQ-0411, foi levada para o Paraguai logo após o roubo e até agora não foi localizada. Um receptador daquele país havia encomendado o veículo aos assaltantes, que receberiam drogas como pagamento.

O advogado Márcio Alexandre foi morto pelo próprio amigo, que o teria confundido com um dos assaltantes (Foto: Arquivo)
O advogado Márcio Alexandre foi morto pelo próprio amigo, que o teria confundido com um dos assaltantes (Foto: Arquivo)
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