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Interior

Estrela do Enem, estudante de MS faz prova ao lado do filho

Se antes era mais uma estudante, Pâmela agora teve todos os passos acompanhados pela imprensa

Aline dos Santos, da Redação, e Mariana Lopes, de Sidrolândia | 05/12/2012 11:40
Com filho nos braços, Pâmela aproveita segunda chance para concluir prova. (Foto: Luciano Muta)
Com filho nos braços, Pâmela aproveita segunda chance para concluir prova. (Foto: Luciano Muta)

Um mês depois de virar estrela do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) por ganhar um neném durante o segundo dia de prova, em 4 de novembro, Pâmela de Oliveira Lescano tem hoje uma segunda chance para completar o exame. No curto espaço de tempo, foram muitas as mudanças para a moradora de um assentamento no município de Sidrolândia. Sendo a mais significativa o filho Everton, destino de toda atenção, zelo e carinho da jovem mãe.

Há 30 dias, Pâmela era uma adolescente. Hoje, já tem 18 anos. Se antes era mais uma estudante, nesta quarta-feira teve todos os passos acompanhados por jornais, sites e emissoras de TV. Tanta repercussão, com direito a telefonema do ministro da Educação, Aloízio Mercadante, e entrevistas para a imprensa nacional, fez até com que ela cogitasse tentar vaga no curso de Jornalismo, mas acabou se decidindo pela Medicina Veterinária.

O dia da prova começou cedo. O Enem começa meio-dia, mas a família teve que sair cedo de casa para não perder o último ônibus que durante manhã faz a ligação entre a zona rural e o perímetro urbano. Já na cidade, o plano era ficar no sindicato rural da FAF (Federação da Agricultura Familiar) até a hora da prova, mas o local estava fechado. Sem ter onde ficarem, Pâmela, o filho, a mãe e a irmã passaram as horas antes do exame no terreno do imóvel. A situação exigiu improviso, como trocar, no chão, a fralda do bebê.

Antes do Enem, outro impasse teve que ser contornado. No local da prova, só são permitidas as entradas da estudante, bebê e acompanhante. Mas, Pâmela também estava acompanhada da irmã Poliana, de 6 anos. Para resolver o problema, a criança, o bebê e a mãe da jovem vão ficar em uma sala da escola Olinda Brito de Souza. Uma funcionária vai levar o neném para mamar e, depois, devolvê-lo a avó.

Pâmela conta que conseguiu estudar mais um pouco neste último mês. “Colocava o Everton em um braço e o livro no outro. Estou bem confiante e preparada. Vou ficar com o coração pensando no meu filho”, conta a estudante.
No dia especial, o neném foi vestido com body e pijamas azuis. Ele dormiu horas a fio. Calmo, acordava para mamar e logo retornava a soneca no bebê conforto, um dos muitos presentes ganhos após a divulgação nacional.

“Me surpreendi com a Pâmela como mãe. Ela é super dedicada, super mãezona. E sempre apoei a minha filha a estudar”, afirma Leide de Oliveira Lima, de 44 anos.

A movimentação da imprensa no entorno da escola chamou a atenção. Jeferson Bazan Aguilera, de 18 anos, estranhou tanta gente no local. “Mas logo vi a menina e o bebê”, conta. O motorista Ricardo César do Nascimento, de 36 anos, diz que a cidade ganhou visibilidade. “Foi um caso inusitado. Estou na torcida para ela conseguir bom rendimento”.

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