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Interior

Falta de economia forte deixa jovens vulneráveis à exploração sexual

Renata Volpe Haddad | 13/08/2015 18:20
Por causa de turismo e grandes festivais, prática de exploração sexual foi muito encontrada em Corumbá. (Foto: Kleverton Marques/Divulgação)
Por causa de turismo e grandes festivais, prática de exploração sexual foi muito encontrada em Corumbá. (Foto: Kleverton Marques/Divulgação)

O baixo acesso a serviços e a ausência de uma economia local desassociada do turismo, aumentam a vulnerabilidade das jovens à exploração sexual e provavelmente ao tráfico de pessoas em Corumbá, distante 419 km de Campo Grande, município fronteiriço.

De acordo com a pesquisa do projeto "Diagnóstico sobre Tráfico de Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil" do Enafron (Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras), divulgado em 2013, o DOF (Departamento de Operações de Fronteira) de Mato Grosso do Sul, alega a relação de entre a exploração sexual de crianças e adolescentes e o tráfico de pessoas.

Porém, este fenômeno é muito pouco registrado pelo PAIR (Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil no Território Brasileiro) na análise de Escola de Conselhos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

O projeto pesquisou e entrevistou órgãos de Mato Grosso do Sul para levantar dados estratégicos com objetivo de diagnosticar o fenômeno tráfico de pessoas nas fronteiras do país. Com isso, foi apurado que a exploração sexual de crianças e adolescentes em Mato Grosso do Sul, inclusive por seus próprios pais ou em locais de prostituição, além de barcos e chácaras, é relatada pela maioria das instituições consultadas como um fenômeno comum e atual.

Em razão da proximidade com o rio Paraguai, do turismo da pesca no Pantanal e dos grandes festivais, essa forma de exploração foi encontrada pelos entrevistados no município de Corumbá, especialmente no distrito de Albuquerque, que tem baixo acesso a serviços e a ausência de uma economia local, causando indefensibilidade das adolescentes.

Na conhecida Cidade Branca, o encarceramento de meninas em barcos pesqueiros foi analisado pela rede de atendimento durante capacitações realizadas pelo IBSS-CO (Instituto Brasileiro de Inovações Pró-Sociedade Saudável do Centro Oeste), entre 2008 e 2009.

A situação configura tráfico de adolescentes na conclusão da organização, porque as jovens tinham sido levadas de outras cidades do interior do Estado, e seus documentos estavam retidos, agravando a situação de tráfico. As jovens estavam sendo exploradas sexualmente e também apresentavam vício em substâncias ilícitas.

Em Porto Murtinho e Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, também há indícios de casos de tráfico de pessoas, principalmente crianças e adolescentes para fins de exploração sexual, segundo o CIMI (Conselho Indigenista Missionário).

Adolescentes foram encontradas em barcos pesqueiros encarceradas. (Foto: Kleverton Marques/Divulgação)
Adolescentes foram encontradas em barcos pesqueiros encarceradas. (Foto: Kleverton Marques/Divulgação)

Projeto – A pesquisa se iniciou em dezembro de 2012 e pesquisou 11 Estados fronteiriços, sendo: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia e Santa Catarina.

A finalidade do projeto de pesquisa é coletar e analisar informação sobre o tráfico de pessoas nestes estados, principalmente no que diz respeito à faixa de fronteira e aos municípios que a esta pertencem, transformando a informação em conhecimento, podendo apoiar as políticas e ações de prevenção, assistência às pessoas traficadas e a repressão a este crime.

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