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Interior

Falta de manutenção em rede deixa 80% dos índios sem água em aldeia

Helio de Freitas, de Dourados | 24/10/2014 11:12
Índios da reserva de Dourados cortam área de lavoura a pé para pegar água (Foto: João Rocha/O Progresso)
Índios da reserva de Dourados cortam área de lavoura a pé para pegar água (Foto: João Rocha/O Progresso)

Pelo menos 80% dos moradores da reserva indígena de Dourados, a 233 km de Campo Grande, enfrentam falta de água, segundo reportagem publicada nesta sexta-feira no jornal “O Progresso”. A estimativa é atribuída pelo jornal às lideranças indígenas e a servidores da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) que trabalham nas aldeias Bororó e Jaguapiru.

Sem conseguir água nas torneiras instaladas em vários pontos da reserva, os índios caminham vários quilômetros todos os dias carregando baldes e galões para pegar água em pontos ainda abastecidos ou em lagoas e córregos da reserva, onde existe suspeita de contaminação.

A índia kaiowá Neuza Benites disse ao jornal que precisa andar um quilômetro para pegar água na torneira mais perto de sua casa. Para lavar roupa, ela percorre outros 5 km até o córrego mais próximo.

Laucídio Ribeiro Flores, vice-capitão da aldeia Jaguapiru, afirmou que muitos índios acabam consumindo água de um córrego próximo ao cemitério indígena, possivelmente contaminada por substância oriunda da decomposição dos corpos. Já o cacique Vilmar Martins denuncia que a falta de água ocorre há três anos, mas se tornou mais grave nos últimos 20 dias.

O principal motivo para o desabastecimento seria a falta de manutenção da rede que fornece água tratada aos 12 mil índios da reserva de Dourados. Conforme o agente de saneamento Ivan Cleber, morador na aldeia Jaguapiru, para resolver o problema é preciso canalizar as quatro bombas d’água da reserva e ligá-las à adutora, com força maior para levar a água até as torneiras.

Ivan contou ao jornal douradense que uma das bombas está quebrada há anos. Faltam também materiais para fazer a manutenção da rede de abastecimento. “Os remendos são feitas com sacolinhas de plástico ou materiais que pegamos no lixo da Sanesul. Quando um cano quebra e jorra água até secar as torneiras não temos como consertar”, afirmou ele.

O Campo Grande News procurou a representação da Sesai em Campo Grande. A assessoria de imprensa informou que irá apurar os fatos e emitir um posicionamento sobre a falta de água na reserva de Dourados.

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