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Interior

Fazendeiro espera há 10 anos por decisão de Justiça em área ocupada por índios

Aliny Mary Dias, de Nova Alvorada do Sul | 14/06/2013 16:09
Fazenda de Ailton foi ocupada há uma década em Dois Irmãos do Buriti (Foto: Marcos Ermínio)
Fazenda de Ailton foi ocupada há uma década em Dois Irmãos do Buriti (Foto: Marcos Ermínio)
Movimento reuniu 4 mil produtores de quatro estados do país (Foto: Marcos Ermínio)
Movimento reuniu 4 mil produtores de quatro estados do país (Foto: Marcos Ermínio)

O protesto de 4 mil produtores rurais de Mato Grosso do Sul e outros três estados nesta sexta-feira (14) com relação a terras ocupadas por indígenas pode ser resumido com a história do fazendeiro Ailton Marques Rosa, dono da primeira área invadida por índios há 10 anos em Dois Irmãos do Buriti.

Ailton viajou quase 200 quilômetros de Dois Irmãos até Nova Alvorada do Sul para apoiar o movimento que pretende chamar a atenção do país para o impasse vivido por 66 produtores em todo o Estado.

Ao Campo Grande News, o produtor disse que a fazenda foi comprada há 20 anos pela família e apesar de toda a documentação que comprova a titularidade das terras, índios terena invadiram a fazenda em 2003.

“Na época, todos fomos obrigados a sair da fazenda e fomos trabalhar na cidade. Achávamos que ia ter Justiça, mas até hoje o processo está parado”, desabafa. O produtor explica que o processo que corre na Justiça Federal já foi ganho em 2ª instância, mas a reintegração de posse nunca chegou a ser cumprida.

Ailton afirma que o problema enfrentado há uma década não é responsabilidade exclusiva dos indígenas, para ele, assim como para a maioria dos ruralistas, a Funai (Fundação Nacional do Índio) e o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) incitam ocupações. “Fui presidente do sindicato para tentar um diálogo com os índios, mas as entidades manipulam eles e não temos saída”.

Apesar de considerar as ações legítimas, o produtor se revolta ao relembrar de como a fazenda estava há 10 anos. “Eu tenho 400 hectares que estavam produzindo. Eu tinha 16 mil pés de laranja, lavoura, hortaliça e 500 cabeças de gado, hoje não restou mais nada e nem índio tem lá, eles arrendam toda a terra”, argumenta.

Na época da ocupação, 200 índios entraram na propriedade, mas hoje, segundo o produtor, nenhum deles vive no local. Toda a propriedade foi arrendada para terceiros e o lucro da atividade fica com os índios, de acordo com Ailton.

Alternativa apontada por muitos ruralistas, a indenização também é considerada uma opção para Ailton. Segundo ele, seriam necessários R$ 4 milhões para que as terras fossem vendidas pelo preço de mercado.

Fazenda Buriti – Dono da fazenda que se tornou destaque em todo o país em razão da ação de reintegração de posse que terminou com a morte do terena Oziel Gabriel, de 35 anos, no dia 30 de maio, Ricardo Bacha compartilha da indignação de Ailton e afirma que uma sensibilização é necessária para que o impasse seja resolvido.

“Eu espero que o Governo Federal se sensibilize e tome providências para que essa situação seja corrigida. Tudo isso é fruto de indas e vindas que nunca levaram a nada”, afirma o dono da fazenda Buriti, localizada em Sidrolândia.

O fazendeiro aguarda por uma nova decisão da Justiça e espera que a paz seja garantida com a presença da Força Nacional na região. “Eu só queria que houvesse paz e que os índios saíssem de lá pacificamente”, completa.

Movimento – O movimento que reúne 4 mil produtores de quatro estados em Nova Alvorada do Sul contou com a presença de autoridades e da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidente da bancada ruralista em Brasília.

Além dos discursos inflamados, os fazendeiros fizeram barreiras no entrocamento das BRs 267 e 163 com adesivagem de veículos e entrega de panfletos.

Durante o movimento, a senadora afirmou que a Funai e o Cimi incentivam as invasões de indígenas em propriedades rurais. “A Funai perdeu o limite, deixou de ser uma instituição republicana para se tornar uma militante, inclusive apoiando ataques a fazendeiros”, acusou Kátia Abreu.

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