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Interior

Fazendeiros de Iguatemi defendem indenização

Paula Vitorino | 07/11/2012 14:02
Acampamento dos indígenas foi montado às margens de rio. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
Acampamento dos indígenas foi montado às margens de rio. (Fotos: Rodrigo Pazinato)

Em meio a uma disputa por terras reivindicadas como indígenas em Iguatemi, no Sul do Estado, que ganhou o noticiário internacional, o Sindicato Rural do município diz que os fazendeiros estão assustados, com medo de novas invasões e de perder a terra sem receber indenização. Para os proprietários, a saída é a demarcação final de uma área especifica, com indenização total ao proprietário.

A disputa na região ganhou repercussão mundial com a divulgação de carta de indígenas Guarani-Kaiowá da terra Pyelito Kue, que garantem estar preparados para resistir em área da fazenda Cambará, se preciso, até a morte.

“A gente tem medo de que invadam outras fazendas da região”, diz o presidente do Sindicato, Hilário Parise.

O grupo de 170 indígenas está acampado desde 27 de novembro do ano passado em cerca de 1 hectare da fazenda Cambará. A repercussão mobilizou a Justiça, que concedeu a permanência dos índios até a demarcação da terra, que está em fase inicial.

No entanto, a área que os índios querem retomar compreende propriedades ao lado. Eles se instalaram na Cambará, em área isolada às margens do rio Hovy, após ataque no antigo acampamento na fazenda Santa Rita, onde os índios afirmam que seria a tekoha – terra tradicional.

Segundos os fazendeiros, as ameaças de novas invasões e a indefinição sobre a área total requerida pelos indígenas são fatores que agravam o clima de tensão entre os proprietários. O Sindicato também denúncia interesses de órgãos públicos e Ongs por traz da ocupação das terras.

O advogado do proprietário da fazenda Cambará, Armando Albuquerque, diz que vai recorrer contra a decisão de permanência dos indígenas, pedindo a retirada do grupo. Ele também informou que vai entrar com ação de interdito proibitório para 30 outras fazendas, com prevenção a novas invasões.

Área da fazenda Cambará está invadida.
Área da fazenda Cambará está invadida.

Solução-Para o Sindicato, a solução para o problema da disputa de terras com indígenas é semelhante à maneira como é tratada a questão com o MST (Movimento dos Sem-Terra).

A sugestão é que seja definida a demarcação indígena, estabelecendo determinada área suficiente para abrigar a população atual indígena, e indenizar totalmente o proprietário da terra.

Mas o presidente Hilário frisa que os proprietários aceitam ser indenizados desde que o valor seja de mercado, considerando a produção da terra.

Posse – Equipes da Funai (Fundação Nacional do Índio) e da Polícia Federal iniciaram os trabalhos de vistorias das propriedades rurais nesta semana para levantar dados, que devem servir de base para a demarcação indígena.

Os proprietários rurais reclamam que estão sendo tratados como “invasores” das terras e vilões da disputa. Eles garantem que adquiriram as propriedades, seja comprando ou por meio de títulos de posse concedidos pelo Governo, desde a década de 70.

O prazo para entrega do relatório das equipes é de 30 dias, após isso os dados devem ser completados com estudos de antropólogos e depoimentos de moradores antigos da região.

O antropólogo Tonico Benitez afirma que estudos iniciais afirmam que a tekoha Guarani-Kaiowá era na região da área ocupada, mas é preciso delimitar o espaço ainda.

“Há relatórios que apontam que o povo foi expulso da terra na década de 60”, diz.

Ele explica que os estudos dos técnicos e de antropólogos vão servir para definir quando e como os índios saíram do local.

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