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Interior

Hospital paga R$ 194 mil, mas valor ainda não garante tratamento de câncer

Cem pacientes estão sem fazer quimioterapia porque medicamentos só começam a chegar na quinta-feira; dívida é de R$ 460 mil

Helio de Freitas, de Dourados | 11/04/2016 11:23
Hospital do Câncer de Dourados só deve retomar quimioterapia na quinta-feira (Foto: Eliel Oliveira)
Hospital do Câncer de Dourados só deve retomar quimioterapia na quinta-feira (Foto: Eliel Oliveira)

O Hospital Evangélico pagou R$ 194 mil na sexta-feira (8) à clínica particular que gerencia o Hospital do Câncer de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande. De acordo com a direção do Centro de Tratamento de Câncer de Dourados, o pagamento representa menos da metade da dívida do hospital com a unidade, que é de R$ 460 mil, e será insuficiente para resolver a crise no atendimento aos pacientes.

Pelo menos cem pessoas que fazem tratamento contra o câncer na clínica que presta serviço ao Evangélico estão sem passar pelas sessões de quimioterapia por falta de medicamentos. A direção da empresa informou que o valor depositado na sexta-feira é suficiente para saldar apenas parte das dívidas com fornecedores.

“Estávamos com a conta do banco estourada, tivemos de pagar R$ 50 mil ao INSS. Agora vou chegar para o fornecedor e falar que só poderei pagar menos da metade do que estamos devendo, porque foi o que recebemos, e tentar comprar os medicamentos, que só começam a chegar na quinta-feira (14)”, afirmou ao Campo Grande News a funcionária do setor financeiro da clínica.

Segundo ela, o Hospital Evangélico deve apresentar “hoje ou amanhã” uma previsão de quando pagará o restante do valor atrasado. Com isso, o atendimento vai continuar precário, uma vez que os atrasos ocorrem há dois anos, mas se tornaram ainda mais frequentes em 2016.

Hospital admite atraso – A assessoria do hospital informou que existe um débito “de poucos dias” com a empresa contratada para atendimento de câncer, e que a Associação Beneficente Douradense – entidade filantrópica mantenedora do Hospital Evangélico – está fazendo “todos os esforços para saldar o mais breve possível”.

Ainda de acordo com a assessoria, o atendimento funciona normalmente, apesar de a clínica informar que a quimioterapia foi suspensa semana passada por falta de medicamentos.

Detentor do credenciamento no Ministério da Saúde para serviços de oncologia a pacientes de Dourados e de pelo menos 30 municípios da região, o Evangélico terceiriza o serviço para o Centro de Tratamento de Câncer de Dourados, que utiliza a estrutura do Hospital do Câncer – unidade do próprio Evangélico – para atender os pacientes.

Auditoria – No fim do mês passado o MPE (Ministério Público Estadual) pediu investigação do Ministério da Saúde sobre a aplicação de verba pública destinada ao Hospital Evangélico. A unidade é credenciada também para atendimento de alta complexidade nas áreas de nefrologia e cardiologia.

A recomendação é direcionada ao diretor-chefe do Departamento Nacional de Auditoria do SUS, para que determine, no prazo de 60 dias, uma auditoria extraordinária para verificar a “regular aplicação das verbas recebidas do Fundo Municipal de Saúde anos de 2013, 2014, 2015 e 2016”.

Na recomendação, o promotor Etéocles Brito Junior cita a “situação financeira reconhecidamente frágil” do Hospital Evangélico em razão de dívidas tributárias e trabalhistas ainda não quitadas. “Dentre essas dívidas há relatos da existência de considerável passivo junto à Caixa Econômica Federal, de parcelas do FGTS não recolhidas do quadro funcional ao longo de anos. O valor total, expressivo, estaria sendo objeto de parcelamento, e supostamente comprometeria a receita mensal do hospital em cerca de R$ 850 mil”, afirma o promotor.

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