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Interior

HU da UFGD faz a primeira captação de córneas com equipe própria

Procedimento feito pela primeira vez por profissionais do próprio hospital ocorreu terça-feira em paciente de 61 anos

Helio de Freitas, de Dourados | 10/06/2016 15:11
Captação de córnea é procedimento simples e dura 40 minutos (Foto: Divulgação)
Captação de córnea é procedimento simples e dura 40 minutos (Foto: Divulgação)

Pela primeira vez, uma equipe formada exclusivamente por profissionais do HU (Hospital Universitário) da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) realizou uma captação de córneas. De acordo com a assessoria do hospital, o procedimento foi efetuado terça-feira (7), em um paciente de 61 anos que morreu de pancreatite.

Conforme o hospital, até então em Mato Grosso do Sul apenas profissionais de Campo Grande realizavam esse tipo de captação, sendo que a implantação do serviço de forma autossuficiente no HU estabelece Dourados como referência em retirada de córneas na macrorregião.

“A possibilidade de realizar o procedimento com equipe própria, agiliza o processo e permite que mais captações sejam efetivadas na região, com maior frequência, auxiliando o abastecimento do Banco de Olhos e diminuindo a fila de espera por transplantes de córneas no Estado”, afirma a médica intensivista Mirna Matsui, presidente da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do HU.

Segundo ela, a comissão, criada em 2012, já realizou captações anteriormente, mas com a participação de profissionais da Capital, especializados na retirada de córneas. No entanto, há meses vinha se preparando para iniciar a atividade, pois conta com o treinamento em enucleação ocular – nome técnico do procedimento.

Por ser um tecido, a córnea, diferentemente dos órgãos, pode ser captada até seis horas após o óbito, não havendo necessidade do diagnóstico de morte encefálica, como no caso de captação de múltiplos órgãos.

A captação – O procedimento é considerado simples e dura em média 40 minutos. No HU de Dourados, todo óbito registrado é imediatamente informado à comissão intra-hospitalar para que a equipe de captação possa trabalhar o mais rápido possível na triagem das informações sobre o paciente, verificando se ele se encaixa como potencial doador.

A enfermeira intensivista e mestre em educação Cristiane de Sá Dan, capacitada em enucleação ocular, informou que é necessário o paciente ter entre dois e 80 anos de idade e não apresentar enfermidades infectocontagiosas transmissíveis por meio do transplante.

Se o paciente é considerado potencial doador, membros da comissão fazem o contato com a família ou responsáveis, que precisam consentir a doação por escrito, na presença de duas testemunhas. Somente assim o paciente torna-se doador efetivo. É feita então a retirada das córneas, que são transportadas até Campo Grande para serem avaliadas e preservadas pelo Banco de Olhos da Santa Casa e destinadas a um receptor, conforme a lista de espera.

Palestras – De acordo com a assessoria, o HU vai iniciar em breve um ciclo de palestras educativas em escolas de Dourados, para incentivar o diálogo sobre a doação de córneas entre estudantes e familiares.

Segundo os profissionais do hospital douradense, um dos maiores entraves à doação de órgãos e tecidos é o consentimento familiar, pois em muitos casos os parentes não têm conhecimento sobre as intenções do paciente nesse sentido. “Um dos trabalhos da comissão é justamente a conscientização da comunidade para que as famílias conversem sobre a doação, manifestando-se em vida sobre seu desejo de doar”, diz a enfermeira Cristiane.

Fila – Em Mato Grosso do Sul, conforme relatório da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), de janeiro a março de 2016 foram feitas 57 cirurgias para transplante de córneas e, em 2015, foram 147. Até março, a lista de espera continha 16 pacientes ativos no aguardo de córneas.

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