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Interior

Incra tenta desapropriar terras de comunidade que espera apocalipse para 2012

Área pertende ao Projeto Portal, em Corguinho.

Angela Kempfer | 30/01/2011 09:47

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) tenta desapropriar área do Projeto Portal, em Corguinho. No local vive comunidade que acredita em seres e divindades extraterrestres, organizada por Urandir Fernandes de Oliveira, que diz ser paranormal e ufólogo. Casas foram construídas a espera do apocalipse, já em 2012.

Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, o órgão já protocolou ação com o objetivo de desapropriar 1.4 mil hectares considerados remanescentes de quilombolas, de descendentes de escravos.

Urandir ficou conhecido nos anos 90, acusado de forjar aparições de discos voadores na região de Corguinho.

Em 98 o ufólogo Ademar Gevaerd acusou Urandir de simular a aparição de OVINIs com projeções de luz de objetos como uma caneta a laser, e fez demonstrações de "fenômenos" similares.

Depois disso, Urandir ficou um tempo no ostracismo e em seguida passou a vender lotes em Corguinho, pregando a construção de uma cidadela esotérica para enfrentar o apocalipse, por conta do aquecimento global.

O processo contra ele começou a tramitar em novembro do ano passado os proprietários das áreas foram notificados e agora têm 15 dias para contestar.

Pelo estudo do Incra, seriam desapropriados 451,8 hectares do total de 508,5 do Projeto Portal e 173,3 hectares dos 565,8 hectares da Fazenda Santa Terezinha, ambos de Urandir. Outras 13 propriedades na região também integram a área reivindicada pelo governo federal.

Só para Urandir seriam R$ 295 mil pelas benfeitorias. A terra nua foi avaliada por R$ 522 mil. Jurandir garantiu em juízo que estava disposto a abrir mão das áreas, mas sob condição de que fossem reavaliadas. Segundo ele, o hectare vale 20 vezes mais que o valor estimado pelo Incra. Nas contas de Urandir, as terras valem quase R$ 4 milhões.

A comunidade quilombola Boa Sorte, em Corguinho, tem 45 famílias e aguarda a conclusão do processo de ampliação do quilombo de 300 para 1,4 mil hectares, justamente na área do projeto Portal.

A disputa já teve passagens tensas como no dia 16 de janeiro de 2009, quando o "ufólogo" apreendeu 41 reses do rebanho da comunidade negra e só foram devolvidas após intervenção da Polícia Federal.

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