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Interior

Índio segue desaparecido e clima é tenso em fazenda de Paranhos

Aline dos Santos | 13/08/2012 10:30

Grupo relata ter sofrido dois ataques de pistoleiros na última sexta-feira

Índios ocupam fazenda em Paranhos. (Foto: Divulgação)
Índios ocupam fazenda em Paranhos. (Foto: Divulgação)

O clima segue tenso e com um índio desaparecido na fazenda Eliane, em Paranhos. Na sexta-feira, os guarani-caiuá deflagraram a retomada de 7.500 hectares, que denominam de terra indígena Arroyo Kora. Desde então, os índios relataram ter sofridos dois ataques de pistoleiros na última sexta-feira. Na ação, desapareceu Eduardo Pires.

A Funai (Fundação Nacional do Índio), a PF (Polícia Federal) e a Força Nacional de Segurança foram ao local na sexta-feira e devem retornar na tarde de hoje. Segundo a chefe do serviço de gestão ambiental e territorial da Funai em Ponta Porã, a indigenista Juliana Mello Vieira, serão levadas cestas básicas para o grupo de 200 pessoas que está à frente da retomada. Os alimentos foram queimados no ataque.

Outra preocupação é quanto à segurança. “Enviamos, via Brasília, solicitações para que a Força Nacional e a PF façam a segurança”, salienta Juliana, que esteve no local do ataque. Fotos divulgadas na internet pelo grupo Aty Guasu mostram cartuchos de calibre 12 espalhados pelo terreno. A munição é usada em espingarda.

Coordenador regional do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Flávio Machado enfatiza que o ataque aconteceu no mesmo molde do de Aral Moreira, em novembro do ano passado. Na ação, o cacique Nísio Gomes, de 59 anos, desapareceu. Investigação da PF confirmou que o indígena foi morto. O corpo não foi localizado. Fazendeiros, advogado, servidor público, o dono da empresa de segurança Gaspem e funcionários foram responsabilizados pelo crime.

Cartucho calibre 12 foi encontrado no local. (Foto: Divulgação)
Cartucho calibre 12 foi encontrado no local. (Foto: Divulgação)

Batalha no tribunal - A terra foi homologada em 2009 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, a homologação foi questionada na Justiça pelos fazendeiros. Uma decisão final sobre o processo está no STF (Supremo Tribunal Federal).

No ano passado, uma decisão do ministro Gilmar Mendes, suspendeu parcialmente os efeitos da homologação ao deferir um mandado de segurança impetrado pelo dono da fazenda Iporã, uma das 15 propriedades que estão na área homologada de 7.175 hectares. Com a decisão, cerca de 400 famílias indígenas foram autorizadas a viver em uma área de 700 hectares.

Conflito em Paranhos - A 469 km de Campo Grande, o município, na fronteira com o Paraguai, foi o local de outro conflito envolvendo a disputa por terra. Em 2009, os professores indígenas Jenivaldo Vera e Rolindo Vera desapareceram em ataque na fazenda São Luiz, denominada de Ypo’i. O corpo de Jenivaldo foi localizado dias depois, em um córrego próximo ao conflito. O corpo de Rolindo não foi encontrado.

Seis pessoas respondem pelo crime na Justiça Federal: Fermino Aurélio Escolbar Filho, Rui Evaldo Nunes Escobar e Evaldo Luís Nunes Escobar (filhos do proprietário da Fazenda São Luís), Moacir João Macedo ( vereador e presidente do Sindicato Rural de Paranhos), Antônio Pereira ( comerciante da região) e Joanelse Tavares Pinheiro( ex-candidato a prefeito de Paranhos).

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