ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 20º

Interior

Índios relatam ataques em acampamento onde adolescente foi morto

Nadyenka Castro | 25/02/2013 17:36
Índios no acampamento da fazenda Santa Helena. (Foto: Divulgação/Cimi)
Índios no acampamento da fazenda Santa Helena. (Foto: Divulgação/Cimi)

Índios do acampamento Pindoroky, na fazenda Santa Helena, em Caarapó, a 283 quilômetros de Campo Grande, dizem que foram atacados por pistoleiros na sexta-feira (22) e no sábado (23). Na fazenda foi assassinado o adolescente guarani-kaiowá Denilson Barbosa, de 15 anos. O crime aconteceu no dia 17.

De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), um dia após o crime, cerca de 500 índios ocuparam a área, afirmando se tratar do território tradicional Pindoroky. Por volta das 12 horas de sexta-feira, indígenas disseram que um grupo de pessoas esteve no portão da fazenda e deu quatro tiros, que não atingiram ninguém.

Segundo o Cimi, para os indígenas, o ataque tem ligação com os fazendeiros da região e com a família envolvida no crime. Os índios tentaram alcançar os atiradores, que fugiram quando a comunidade se aproximou.

Conforme relatos do Conselho do Aty Guasu, publicados no Facebook, por volta das 22 horas de sábado, enquanto os guarani-kaiowá faziam a cerimônia alusiva ao sétimo dia da morte de Denilson Barbosa, outro grupo de atiradores chegou em camionetes por uma fazenda vizinha, cercou o acampamento, iluminou e atirou.

Diante da situação, os indígenas correram e fugiram pelo canavial que ladeia a área. Não há registros de feridos. De acordo com o Conselho Aty Guasu, a comunidade está bastante apreensiva, pois os pistoleiros permanecem no local, rondando a área e intimidando as famílias.

O fazendeiro Orlandino Gonçalvez Carneiro confessou à Polícia Civil que matou o garoto a tiro. Ele informou à Polícia Civil que estava sozinho na propriedade quando ouviu os latidos dos cachorros, que correram para a área da lagoa. Ao perceber o movimento, Orlandino disse ter disparado dois tiros.

Para a Polícia, o fazendeiro contou que quando se aproximou da lagoa percebeu que alguém estava ferido. Então ele pegou o garoto, colocou dentro do carro e diz que tentou levá-lo até Caarapó.

No caminho, ele conta que imaginou que estava sendo seguido por um grupo de indígenas e por isso abandonou o corpo do adolescente na estrada.
O fazendeiro está em liberdade, mas a prisão pode ser pedida caso seja constatado que houve intenção de matar.

A situação trouxe a Mato Grosso do Sul a ministra da Secretaria de Direitos Humanos Maria do Rosário. Ela se reúne com autoridades e lideranças indígenas.

Nos siga no Google Notícias