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Interior

Moeda de troca nas “bocas”, celular representa metade dos roubos em MS

Na capital, quase 70% dos roubos de janeiro a setembro foram celulares e secretário de Segurança pediu mais cuidado da população

Helio de Freitas, de Dourados | 17/10/2016 13:14
Secretário de Segurança faz palestra em curso sobre policiamento de fronteira (Foto: Helio de Freitas)
Secretário de Segurança faz palestra em curso sobre policiamento de fronteira (Foto: Helio de Freitas)

Item essencial para muitas pessoas na atualidade, o telefone celular caiu de vez no gosto dos bandidos. Metade dos roubos registrados de janeiro a setembro deste ano em Mato Grosso do Sul é de dispositivo móvel, segundo informou hoje (17) em Dourados o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública José Carlos Barbosa.

Ao participar da abertura de um curso de especialização em policiamento de fronteira na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, José Carlos Barbosa disse que em Campo Grande o roubo de celular é ainda maior e representou 70% dos casos registrados nos nove primeiros meses do ano.

Conforme o secretário, de janeiro a setembro foram registrados 8.400 roubos em Mato Grosso Sul. Desse total, 6.457 ocorreram em via pública e 4.517 produtos roubados eram celulares.

Na Capital, o roubo de celular foi ainda maior. Dos 5.607 assaltos ocorridos em Campo Grande até dezembro, 4.438 ocorreram em via pública e 3.049 foram dispositivos móveis.

“Esse tipo de roubo tem impactado na segurança pública, porque o celular é moeda de troca nas bocas de drogas e o hábito das pessoas tem facilitado a atuação dos ladrões”, afirmou José Carlos Barbosa.

Segundo ele, as pessoas precisam tomar mais cuidado, porque a segurança pública não tem condições de estar em todos os locais ao mesmo tempo. “O cidadão não deve ficar expondo em locais onde pode ser roubado”.

Grandes quadrilhas – Na palestra da aula inaugural do curso, o secretário disse que a segurança pública estadual está “enxugando gelo” ao tentar combater o crime através de prisões e apreensões de drogas na fronteira com o Paraguai e a Bolívia.

“Precisamos trabalhar de forma integrada e com inteligência para começar a desmantelar as grandes organizações criminosas. Toda vez que predemos dez tem um exército para substitui-los e ganhar dinheiro fácil transportando droga”, disse José Carlos Barbosa no evento realizado no auditório do Sesi em Dourados.

Críticas à União – O secretário criticou o papel do governo federal na segurança pública e disse que a União está cada vez mais se retirando das fronteiras e deixando a reponsabilidade toda para os Estados.

“A PRF está desguarnecida. A Polícia Federal não trata mais a repressão ao narcotráfico como prioridade e sim a lavagem de dinheiro e o combate à corrupção”, afirmou.

Sisfron – Barbosa também criticou a falta de utilização do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) em benefício da segurança pública. “É um sistema de primeiro mundo pouco utilizado, sem cumprir suas finalidades. Está sobrando para uns e carente para outros”.

O secretário citou o número de apreensões de drogas nos últimos anos em Mato Grosso do sul e disse que presos por tráfico estão superlotando as cadeias do Estado.

Dos 15.600 internos que ocupam as pouco mais de 7.300 vagas do sistema penitenciário sul-mato-grossenses, pelo menos 40% (6,1 mil) estão presos por narcotráfico.

“Apreendemos 280 toneladas em 2015 e neste ano já são 216 toneladas. Os outros estados se chocam com a quantidade de drogas que apreendemos em MS. Temos um custo anual de R$ 126 milhões para bancar os presos por tráfico sem apoio e auxílio da União”, afirmou.

Segundo José Carlos Barbosa, com 60 mil homicídios por ano, 250 mil carros roubados e 40 mil estupros, o país está em guerra com o crime, “mas governo foge da questão de política nacional de segurança pública”.

Governo foge – O secretário disse que os estados estão “chegando ao limite” e que sem participação da União não será mais possível fazer frente ao crime. “O governo federal se comporta como se o problema do narcotráfico e contrabando não existisse nessa fronteira de 1.500 quilômetros com dois países extremamente complicados [Paraguai e Bolívia]”.

Ainda conforme José Carlos Barbosa, o governo federal foge da discussão quando em colocar as forças armadas na fronteira e gasta dinheiro com a Força Nacional de Segurança Pública quando deveria destinar dinheiro para os estados pagarem hora extra aos policiais.

“Não adianta aumentar o efetivo da Força Nacional. Policial de um estado trabalhando e região completamente diferente não dá certo. É como se um policial do DOF fosse combater o tráfico nas favelas do Rio de Janeiro”, afirmou.

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