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Interior

Palco tradicional do futebol vai dar lugar a prédio e esportistas reclamam

Helio de Freitas, de Dourados | 10/11/2014 16:28
Tradicional estádio da Leda deve ser demolido para a construção de prédios e incorporadora oferece em troca um novo complexo esportivo (Foto Eliel Oliveira)
Tradicional estádio da Leda deve ser demolido para a construção de prédios e incorporadora oferece em troca um novo complexo esportivo (Foto Eliel Oliveira)

O tradicional estádio da Leda (Liga Esportiva Douradense de Amadores), por muitos anos o principal palco de jogos do futebol sul-mato-grossense na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, vai deixar de existir. Muito em breve o local será ocupado por prédios residenciais. Entretanto, a negociação envolvendo a troca da área por um novo estádio foi denunciada ao Ministério Público por um torcedor do Ubiratan, que aponta irregularidade na transação.

Localizado entre as ruas Weimar Gonçalves Torres e Oliveira Marques, na região oeste de Dourados, o estádio será demolido para a construção de prédios se a Câmara de Vereadores aprovar o projeto encaminhado pelo Executivo, permitindo a troca do terreno onde está a Leda por uma área de 50 mil metros quadrados, no Parque do Lago II, periferia da cidade.

A Leda foi criada em 1952, quando o então prefeito Napoleão Francisco de Souza doou o terreno para a construção de um estádio, que depois recebeu o nome do ex-prefeito. Seis décadas depois, a liga tenta sobreviver com poucas competições esportivas que consegue organizar e sem receita não tem feito a manutenção que o estádio necessita. Até um bar funciona no local, contrariando a Lei Pelé.

Apesar de causar polêmica e ser criticada por alguns desportistas ligados à Leda, a troca do velho estádio por um novo complexo esportivo é vista como a salvação da Leda pelo atual presidente, Mario Lucio Manteiga, e pelo diretor-presidente da Funed (Fundação de Esportes de Dourados), Antonio Coca.

“É uma forma ousada e moderna de se resolver um grande problema do esporte amador de Dourados. Atualmente a Leda contempla apenas o futebol amador, deixando de lado as outras modalidades que deveriam ser beneficiadas. A estrutura do Estádio Napoleão Francisco de Souza é precária e não atende ao Código do Consumidor e muito menos ao Estatuto do Torcedor. Não há sequer estacionamento suficiente para abrigar a capacidade de público”, afirmou Antonio Coca.

Segundo o diretor do órgão da prefeitura que cuida do esporte em Dourados, a Leda só tem a ganhar com a permuta da área por um novo estádio. “De forma errada e maldosa estão falando em venda do patrimônio, quando na verdade o que foi proposto é uma permuta, onde um novo e moderno estádio será construído com capacidade suficiente para atender as competições amadoras e até mesmo para alguns jogos do campeonato estadual. Alguns defendem a manutenção das dependências da Leda como estão, em nome da história, mas não dá para viver de história sem ter em mente o que fazer hoje para o esporte de Dourados ter um futuro garantido”, declarou o representante da prefeitura.

Antonio Coca cita como exemplo um fato semelhante ocorrido em Rondonópolis (MT), onde um antigo estádio de futebol deu lugar a um moderno shopping center e a cidade ganhou um novo estádio. “Wembley, o templo do futebol mundial, foi demolido e um novo estádio construído em outro local e nem por isso a história de perdeu”.

Segundo ele, além do estádio novo a Leda vai receber um montante em dinheiro relativo à diferença de valor entre os dois imóveis. A Leda fica atualmente numa área bem valorizada da cidade, enquanto o novo estádio será construído em bairro da periferia.

O presidente da Leda, Mário Lucio Manteiga, disse que já conhece o projeto do novo estádio que será construído em troca da área atual da liga e declarou ser favorável “se for um negócio bom para a Leda”. Segundo ele, atualmente a liga não tem receita e não consegue mais sobreviver. “Se for a favor do esporte amador eu concordo e acho que será bom para a Leda. Pelo que vi no projeto, se tudo for cumprido a Leda vai se transformar na melhor liga do Centro-Oeste”, afirmou.

Representação – Figura emblemática no esporte douradense, com história no futebol amador e tendo sido técnico dos principais times já montados na cidade, Manteiga enfrenta atualmente uma representação no Ministério Público, feita pelo torcedor do Ubiratan, Willy Henrique Beckman Pieper.

Pieper pediu o afastamento de todos os dirigentes da Leda, bem como dos clubes filiados. Ele aponta uma série de irregularidades, entre as quais a falta de prestação de contas, e cobra também providências sobre a permuta da área. O torcedor denuncia irregularidades inclusive na assembleia que aprovou a troca. Ao jornal “O Progresso”, ele afirmou que a negociação é fraudulenta.

O Ministério Público ainda não se manifestou. O presidente da Leda afirma ter conhecimento das denúncias e afirma que a maioria das irregularidades citadas pelo torcedor, como falta de publicação de atas e outros documentos, depende de dinheiro, que a entidade não tem.

Novo estádioO Campo Grande News teve acesso ao memorial descritivo da construção do novo complexo esportivo da Leda. O projeto prevê construção de arquibancadas cobertas, campo de futebol oficial, lanchonete, administração, bilheteria, sanitários e vestiários.

O novo estádio também terá, conforme o projeto, sistema de irrigação do gramado, iluminação, bancos para comissão técnica e imprensa, vestiário para arbitragem e campos de futebol society com vestiários.

Nos fundos da Leda, dois prédios residenciais estão sendo construídos e prefeitura pediu autorização à Câmara para permutar a área (Foto: Eliel Oliveira)
Nos fundos da Leda, dois prédios residenciais estão sendo construídos e prefeitura pediu autorização à Câmara para permutar a área (Foto: Eliel Oliveira)
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