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Interior

Para delegado, diferenças culturais atrapalham investigação de morte de menina

Luciana Brazil | 18/07/2014 11:12
Corpo foi encontrado em uma plantação de milho colhido. (Foto:Dourados News)
Corpo foi encontrado em uma plantação de milho colhido. (Foto:Dourados News)
Seis envolvidos já estão presos. Outros dois ainda são procurados. (Foto: 94 FM)
Seis envolvidos já estão presos. Outros dois ainda são procurados. (Foto: 94 FM)

A polícia de Dourados, a 233 quilômetros de Campo Grande, ainda procura dois suspeitos de participarem do estupro e morte da indígena Micheli Gonçalves Benites, 12 anos, no dia 5 de julho, na aldeia Bororó. A comunicação restrita com os indígenas e as diferenças culturais dificultam as investigações sobre o caso, conforme o delegado do SIG (Setor de Investigações Gerais), Adilson Stiguivitis. O uso de muitos apelidos por uma mesma pessoa, é um dos principais fatores, aponta Adilson. Com a investigação prejudicada, dois suspeitos continuam foragidos. O delegado não descarta a possibilidade de que eles tenham saído da cidade.

“Os crimes indígenas são mais difíceis de se investigar. Eles se conhecem por apelido e uma pessoas tem vários apelidos, o que dificulta ainda mais. Os indígenas não sabem o nome da pessoa, os pais também não sabem o nome completo dos filhos, nem data de nascimento. Esse choque cultural dificulta todo o processo de investigação”, explica.

A aldeia Bororó, em Dourados, onde aconteceu o crime, fica ao lado da aldeia Jaguapiru. A preocupação da polícia se estende ao fato de que os indígenas conseguem se movimentar entre as aldeias, criando rotas de difícil busca. “Eles conseguem se esconder, passar de uma aldeia para outra”.

O delegado diz ainda que fatos semelhantes como o da menina Micheli já aconteceram em aldeias da região, mas frisa que a brutalidade sempre choca e causa repercussão entre as lideranças indígenas e as comunidades. A “violência extrema”, conforme o delegado, faz parte constantemente do histórico de crimes entre os índios.

“É comum qualquer coisa acabar em morte e as coisas são sempre com violência extrema”, diz Adílson. Outro detalhe comum é o uso de armas brancas. “Na maior parte dos casos eles usam armas brancas e poucas vezes utilizam armas de fogo”. Entretanto, o homicídio entres os índios diminui neste ano, segundo o delegado.

O consumo de drogas e álcool estão frequentemente ligados a episódios com o último registrado na aldeia Bororó. O delegado conta que é comum encontrar indígenas bêbados nas aldeias. “Além da comunicação que é restrita, a bebida dificulta ainda mais”.

Crime- Michele foi estuprada e morta na noite do dia 5 de julho, em uma plantação de milho, próximo a aldeia Bororó. O corpo foi encontrado na quinta-feira passada (10). Micheli foi a uma festa no dia que desapareceu.

Segundo os envolvidos, eles encontraram a vítima em uma estrada vicinal, quando voltavam de uma festa na aldeia. Depois da jovem negar manter relação sexual com um dos suspeitos, o grupo resolveu estupra-lá e depois mata-lá para que não fossem identificados.

O pescoço, parte da cabeça e do tronco foram devorados possivelmente por cães que perambulavam pela aldeia.

Seis homens já estão detidos. Conforme a polícia, oito, entre eles quatro adolescentes, são suspeitos de terem cometido o crime. Um dos menores confessou a morte e estupro de Micheli. Os outros envolvidos confirmam a história, mas negam ter participado. Três mulheres também foram ouvidas pela polícia como testemunhas.

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