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Interior

Morte de jovem traz à tona briga entre gangues em Sidrolândia

Ana Paula Carvalho e Paula Vitorino | 24/10/2011 19:51

Polícia investiga rixa entre gangues e vingança

Mulher procurou delegacia para denunciar agressão contra filho (Foto: João Garrigó)
Mulher procurou delegacia para denunciar agressão contra filho (Foto: João Garrigó)

Joilson Farinha Ribeiro, de 19 anos, foi morto com dois tiros no peito na madrugada de ontem (23) em Sidrolândia, município distante 71 quilômetros de Campo Grande. José dos Santos, de 44 anos, conhecido como Paraná é apontado como autor dos disparos.

Moradores da região chegaram a relacionar o crime com o assassinato de Renan Cícero dos Santos, 20 anos, morto à tiros no dia 05 de agosto durante abertura dos Jogos Escolares do município no Ginásio Olegário da Costa Machado. O motivo era uma rixa entre gangues rivais de dois bairros da cidade. Adriel da Silva rosa, de 18 anos, foi preso e confessou o crime.

De acordo com a delegada Gabriela Stainle, há informações, não confirmadas, de que Joilson emprestou o revólver para Adriel. Por isso a policia investiga se Paraná matou o jovem por vingança, já que ele era pai de Renan.

Outra possível motivo seria a rixa entre o bairro Cascatinha e o São Bento. No dia do crime, Joilson teria levado um rapaz do São Bento a uma festa que acontecia na Aldeia Tereré, na região do Cascatinha. Ao ver morador do bairro rival, o autor teria ficado irritado e atirado contra o jovem.

José dos Santos, que já tem passagens pela Polícia, deve se apresentar ainda hoje na delegacia.

O Campo Grande News - conversou com o pai de Joilson. Um jardineiro de 48 anos que não quis se identificar por medo de sofrer represálias. “Com uns 15 anos meu filho começou a se envolver com gangues da escola e fazer bobeiras”, afirma. Ele chegou a ser preso por roubo.

Ainda de acordo com ele, há aproximadamente dois anos ele se separou da mãe de Joilson. O jovem entrou para a igreja, deu uma acalmada e foi morar com a mãe na capital. Ele havia voltado há cinco meses e estava morando com uma adolescente de 17 anos.

Para o pai, o filho não tinha mais envolvimento com as gangues. “Ele estava querendo construir uma casa para morar com a mulher, eu não imaginava que ele estivesse metido com isso de novo”, relata.

O jardineiro disse que Renan e Joilson eram amigos, já que moravam no mesmo bairro. Ele não entende porque o filho poderia ter envolvimento com a morte do jovem. “Eles não eram rivais, são do mesmo bairro”, diz.

“Eu fico muito envergonhado. Nós somos pessoas trabalhadoras, nunca tivemos brigas com ninguém e aí acontece uma coisa dessas na nossa família”, alega.

A adolescente de 17 anos, mulher do jovem, testemunhou o crime. De acordo com ela, no dia, ele foi com um amigo, do São Bento, bairro rival dos moradores do Cascatinha, até a aldeia. Mais tarde voltou em casa para pegar alguma coisa e os voltaram para a festa que estava acontecendo no local.

Antes de chegar, Joilson foi surpreendido por Paraná. Ele ficou nervoso com a presença do integrante da gangue do outro bairro e começou a discutir com o jovem. Disparando os dois tiros contra ele.

Gangues - Edileusa Aparecida Duarte, de 39 anos, esteve na manhã de hoje na delegacia da cidade. Ela foi até registrar um boletim de ocorrência contra um adolescente que agrediu o filho dela, de 17 anos.

De acordo com ela, na sexta-feira, o adolescente ficou em frente a escola onde estuda no bairro São Bento conversando com um grupo de amigos, quando outro grupo de garotos passou. Um deles deu um chute na perna do menino.

Os dois trocaram insultos e o agressor, que faz parte da gangue do outro bairro, deu a volta no quarteirão e voltou com um tijolo na mão. Ele arremessou contra o adolescente que foi atingido de raspão.

A partir daí o menino passou a ser ameaçado. O outro adolescente chegou a procurá-lo, hoje, no trabalho. Como não estava, ele disse ao dono do local que mataria o menor.

Com medo, a mãe procurou a delegacia. “É difícil. A gente cria os nossos filhos para depois ficar apanhando de moleque na rua”, diz. Ainda de acordo com ela, o motivo seria a rixa dos dois bairros. Ela alega que o filho não faz parte das gangues e que é perseguido por inveja. “Ele trabalha, tem as coisas dele. Eles em inveja”, reforça.

Uma menina de 16 anos relatou ao Campo Grande News que a rixa entre os dois bairros é tanta que o integrante de uma gangue não pode ir ao outro bairro sem que seja agredido. “É comum esses meninos se espancarem. Também é comum vermos assassinatos relacionados com as gangues”, diz.

Ainda de acordo com ela, no Cascatinha, bairro onde mora, é mais tranquilo, mas no São Bento não se arrisca andar de noite, porque a gangue de lá é “terrível”.

Gislaine Fonseca dos Anjos, de 33 anos, auxiliar de serviços gerais, diz que o grande problema é o Conselho Tutelar, porque “eles impedem o pai de educar o filho”. “Se a gente bate ou coloca para trabalhar vem o conselho e leva para a Polícia, mas se eles roubam ou matam alguém e você chama o conselho, eles dizem que não é problema deles”, afirma.

“O maior problema é a gurizada. Eles entram, roubam e você não pode fazer nada. São apreendidos em um dia e no outro já estão solto”, relata o serralheiro Daniel Garcia, de 39 anos.

De acordo com a delegada Gabriela, as gangues são compostas, na maior parte, por adolescentes. Também têm os de mais idade, mas os mais problemáticos são os menores.

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