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Interior

Por ter seguranças armados, empresário escapou de assalto em que advogado morreu

Helio de Freitas, de Dourados | 06/11/2014 16:30
Isaque (ao centro), que estava armado e foi ferido pelo policial, Maycon (à esquerda) e Emerson “Alemão” (Foto: Osvaldo Duarte/Grande FM)
Isaque (ao centro), que estava armado e foi ferido pelo policial, Maycon (à esquerda) e Emerson “Alemão” (Foto: Osvaldo Duarte/Grande FM)

Empresário dono de uma casa noturna seria a vítima da quadrilha que assaltou o advogado Márcio Alexandre dos Santos, 36 anos, na madrugada de 26 de outubro em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Ele só escapou do assalto porque mantém seguranças armados no estabelecimento, localizado na região norte da cidade, afastado do centro.

O empresário tem uma caminhonete Hilux SW4, mesmo modelo do veículo levado de Márcio Alexandre, que foi morto durante o assalto, possivelmente pelos tiros disparados pelo amigo, o policial federal Portela, que reagiu ao assalto.

O Campo Grande News teve acesso a dois depoimentos de Isaque Daniel Gonçalves Baptista, 22 anos, o primeiro a ser preso, ainda no dia da morte. Morador no Jardim Piratininga em Dourados, ele teve participação direta no roubo da caminhonete e confessou que estava armado, mas não chegou a disparar porque foi atingido pelo policial com dois tiros na barriga. Nos depoimentos prestados no dia 30 de outubro e 4 de novembro, ele conta detalhes da ação e cita todos os demais envolvidos.

Além de Isaque, estão presos Emerson Antunes Machado, o “Alemão”, 21 anos, que também estava no Gol no momento do assalto, Maycon Macedo da Silva, 32, dono da casa onde Emerson foi preso e cúmplice do bando no tráfico de drogas, e Antonio Barbosa da Silva, conhecido como “Véio” ou “Neném”.

Continuam foragidos Angelo Ramon, o “Gordinho”, que ajudou a dominar as vítimas e levou a caminhonete para o Paraguai, e Aldair, conhecido como “Bruno”, dono do Gol dourado usado no assalto.

A polícia ainda não divulgou oficialmente a identidade de Antonio, nem informou a sua participação no roubo, mas o Campo Grande News apurou que ele é apontado como chefe do bando e articulador dos crimes. Entretanto, não teve participação direta no assalto ao advogado.

Isaque conta que no dia 25 de outubro, véspera do segundo turno das eleições, estava na quitinete de Maycon, junto com Gordinho, Emerson Machado, Antonio Barbosa e Bruno, quando surgiu a ideia de roubarem a caminhonete do empresário. Todos saíram no Gol, com o objetivo de cometer o assalto. Eles foram até a casa noturna, mas desistiram quando viram os seguranças armados.

Como estavam decididos a roubar a caminhonete naquela noite, possivelmente já encomendada por algum receptador do Paraguai, eles foram atrás de outra Hilux SW4. Antes, porém, deixaram Maycon e Antonio Barbosa na casa do primeiro. Isaque afirma, no entanto, que os dois estavam cientes que os demais iam continuar procurando o veículo para roubar.

Perseguição e tiros – Isaque, Gordinho, Bruno e Alemão continuaram a percorrer as ruas da cidade até avistarem a caminhonete preta do advogado. Eles seguiram o veículo até Márcio Alexandre parar na rua Albino Torraca, próximo à rua Ciro Melo.

Conforme o depoimento de Isaque, o condutor e o carona (policial federal) desceram para urinar. Nesse momento o Gol passou pela caminhonete, parou na frente e desceram Isaque e Gordinho. Com o revólver calibre 22 em punho, Isaque se dirigiu ao carona e ordenou que se rendesse. Gordinho foi direto até o condutor e após dominá-lo assumiu a direção da caminhonete.

Roupa semelhante – Isaque disse ter anunciado o assalto ao carona, dizendo “perdeu, perdeu”. Mas o carona não levantou as mãos e quando ele se aproximou o homem sacou a arma e começou a atirar. Baleado duas vezes na barriga, Isaque disse que não teve tempo de puxar o gatilho. Mesmo ferido e caído no chão, ele conta ter visto o carona atirando várias vezes na direção de Gordinho, que já tinha assumido a direção. Segundo ele, seu comparsa usava roupas semelhantes às vestidas pelo advogado, que foi atingido por tiros nas costas, braços e na nuca.

Isaque Baptista, conhecido como “Carioca” por ser natural do Rio de Janeiro e morar em Dourados há quatro anos, contou que durante os tiros, Gordinho arrancou com a caminhonete e fugiu. Depois que a situação se acalmou, ele se levantou e foi correndo até o Hospital do Coração, de onde foi levado pelo Samu para o Hospital da Vida.

O rapaz relatou no depoimento que ficou sabendo da morte do advogado no domingo, dia 26, quando estava sendo ouvido pelos policiais. Até então disse ter pensado que a pessoa caída no chão era seu comparsa Angelo Ramon, o Gordinho.

Tráfico – Isaque informou à polícia que Gordinho e Alemão moram em Ponta Porã e costumeiramente trazem droga para Dourados em um Gol prata placa BRL-0655, que teria capotado recentemente. Segundo ele, no dia do capotamento estavam no carro Gordinho, Alemão e Maycon, que retiraram a droga do carro antes da chegada da polícia. A droga teria sido levada para a casa de Maycon, onde funcionava uma “boca”. Quando Maycon e Emerson foram presos, a polícia encontrou uma pequena quantidade de crack na quitinete.

PF aguarda inquérito – O responsável pela comunicação da Delegacia da Polícia Federal em Dourados informou que o setor de disciplina da Superintendência da PF já solicitou cópias do inquérito da Polícia Civil sobre o episódio envolvendo o agente federal. Quando receber os documentos a Superintendência deve instalar um procedimento para apurar a conduta do policial.

A arma usada pelo agente pertence ao Departamento de Polícia Federal e está apreendida pela Polícia Civil. O agente Portela está de atestado médico psicológico e por isso não trabalhou nessas duas semanas.

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