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Interior

Promessa de emprego leva centenas de trabalhadores a dormir em fila

Priscilla Peres | 20/07/2016 13:27
Fila se forma em frente ao Ciat e se arrasta pela rua. (Foto: Ricardo Ojeda/Perfil News)
Fila se forma em frente ao Ciat e se arrasta pela rua. (Foto: Ricardo Ojeda/Perfil News)

Com a crise econômica instalada no país e a previsão de abertura de 40 mil vagas em Três Lagoas - distante 338 km de Campo Grande, centenas de pessoas estão deixando suas casas para vir ao Mato Grosso do Sul em busca de emprego. Porém, as vagas não são imediatas e a oferta não tem sido suficiente para todos.

Quem chega na cidade em busca de emprego integra a fila formada em frente ao Ciat (Centro Integrado de Atendimento ao Trabalhador), na rua Dr. Munir Thomé. É lá que as vagas são oferecidas diariamente e é na calçada, que dezenas de homens tem passado dias e noite a espera de um emprego.

A pressão de trabalhadores é tanta que ontem, a Polícia Militar foi acionada para organizar a fila de espera e garantir que o atendimento fosse feito na Ciat. De acordo com a PM, em torno de 400 pessoas estavam por lá ontem.

Fila se forma todos os dias no órgão que oferece as vagas de emprego. (Foto: Casa do Trabalhador)
Fila se forma todos os dias no órgão que oferece as vagas de emprego. (Foto: Casa do Trabalhador)

Hoje, a coordenação da Ciat e a Polícia Militar se reuniram para começar a tentar amenizar a situação. "Nós ainda não sabemos de fato o que fazer, mas estamos nos unindo para tentar ajudar essas pessoas que esperam por um emprego", afirma Fatima Montanha, gerente da Casa do Trabalhador.

Ela explica que a oferta de vagas de emprego varia dia a dia, mas não é suficiente para todos. "Ontem tinha 94 vagas e hoje tem 59, mas tem dias que trabalhamos com poucas, menos de dez", diz Fátima. Além do número não ser suficiente existe a questão da qualificação, pois muito dos que buscam vagas não tem a formação necessária.

"A oferta em relação a demanda é baixíssima, por que só de deslumbrar a expectativa de emprego muitas pessoas já vem para Três Lagoas. A maioria vem das regiões norte e nordeste do país, mas também tem gente vinda de outros países", destaca a gerente da Casa do Trabalhador.

Apesar da expectativa de muitos empregos devido, principalmente, a duplicação da Eldorado Brasil e da Fibria, duas grandes indústrias de celulose, a geração de emprego depende da evolução das obras. Atualmente, 4 mil pessoas trabalham na obra da Fibria, por exemplo.

As indústrias estima que o pico das obras, quando o máximo de pessoas é contratado, aconteça daqui um ano, em junho de 2017. "Dentro desse fluxo de vagas e empresas, eles tem um cronograma de acordo com o momento da obra, tem mais ou menos contratações", afirma Fátima.

Homens e mulheres esperam todos os dias por uma vaga. (Foto: Casa do Trabalhador)
Homens e mulheres esperam todos os dias por uma vaga. (Foto: Casa do Trabalhador)

Respaldo - A prefeitura afirma que tem auxiliado essas pessoas que chegam a cidade, oferecendo cobertores e o encaminhamento para albergue. Quem quer, também pode voltar para a cidade de origem com a passagem paga pelo município.

Porém, a prefeitura afirma que a maioria não aceita ajuda para não sair da fila de espera na frente do Ciat e correr o risco de perder o lugar. As equipes do Centro Pop (Albergue Municipal) tem visitado o local para prestar atendimento.

Histórico - O município de Três Lagoas recebeu em 2013 o título de Capital da Celulose, com a chegada de importantes indústrias do setor por lá. Junto a elas, várias outras empresas se instalaram na cidade, gerando centenas de empregos e mudando a matriz econômica da região.

O crescimento acelerado dos últimos anos sofreu sua primeira grande crise no fim de 2014, quando as obras da Fábrica de Fertilizantes da Petrobras foram paralisadas. Centenas de trabalhadores foram demitidos e empresários aguardam até hoje, o pagamento de R$ 36 milhões de dívida deixada pelas construtoras.

A cidade começava a se recuperar no ano passado, quando as duas gigantes da celulose, Fibria e Eldorado, anunciaram que duplicariam duas plantas. A notícia foi recebida com otimismo e expectativa da criação de mais de 40 mil empregos, o que gerou a corrida pelo emprego no município.

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