ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 22º

Interior

Sem-terra querem que fazendas de Bumlai sirvam para reforma agrária

Líder do MSTB afirmou que ocupação na sede do Incra em Dourados vai continuar até manifestação do órgão nacional sobre reivindicação

Helio de Freitas, de Dourados | 21/03/2016 12:16
Famílias do MSTB ocupam sede do Incra em Dourados (Foto: Direto das Ruas)
Famílias do MSTB ocupam sede do Incra em Dourados (Foto: Direto das Ruas)

Os trabalhadores rurais do MSTB (Movimento Sem-Terra do Brasil) que ocupam a sede do Incra em Dourados, a 233 km de Campo Grande, querem a desapropriação de duas propriedades do pecuarista José Carlos Bumlai em Mato Grosso do Sul, a fazenda Santa Inez, em Rio Brilhante, e a fazenda São Marcos, em Dourados. Amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bumlai está preso na Operação Lava Jato acusado de fazer empréstimo milionário em nome de uma de suas empresas e repassar o dinheiro para o PT.

Na manhã de hoje (21), após a ocupação do escritório regional do Incra, localizada na Vila Aparecida, região oeste da cidade, líderes do grupo se reuniram com diretores do órgão em Dourados e entregaram a pauta de reivindicações, para ser encaminhada à direção nacional.

“A ocupação é por tempo indeterminado, até o Incra se posicionar sobre nossas reivindicações”, afirmou o líder dos sem-terra, Antonio Silva da Cruz, o Pastor. O grupo que ocupa a sede do Incra pertence ao acampamento montado na margem da BR-463, em frente à fazenda São Marcos, onde a Usina São Fernando – também de propriedade da família Bumlai – planta cana de açúcar.

Em dezembro do ano passado, a fazenda foi ocupada pelas mesmas famílias de sem-terra, despejadas 11 dias depois, após a Justiça conceder a reintegração de posse aos filhos de Bumlai, donos da usina.

Dívida bilionária – O líder do MSTB afirma que a dívida de Bumlai com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e com outros bancos ultrapassa 1 bilhão de reais, o que justifica o confisco das fazendas.

“Queremos que essas terras sejam entregues à União porque o senhor Bumlai é um devedor do governo e de bancos. Já entramos com ação e esperamos agilidade do Poder Judiciário pedindo a destinação das fazendas para a reforma agrária”, afirma Pastor.

Fazenda invadida – O líder do MSTB informou que também como parte das ações desencadeadas hoje, os sem-terra ocuparam a fazenda Carolina, no município de Ribas do Rio Pardo, a 103 km da Capital. A propriedade pertence ao agente fiscal aposentado da Secretaria de Fazenda de São Paulo, Ananias José do Nascimento, preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) no dia 24 de julho do ano passado.

Ele passava férias na fazenda em Mato Grosso do Sul quando foi preso acusado de receber propina para fraudar fiscalizações do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no estado vizinho. Ananias responde por corrupção passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Ananias Nascimento foi preso após o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato, de dito que pagou R$ 15 milhões em propinas a fiscais da Secretaria e fazenda de São Paulo para deixar de fiscalizar o recolhimento de ICMS pelas empresas.

Segundo Antonio da Cruz, assim como as terras de Bumlai, os sem-terra do MSTB querem a desapropriação da fazenda de Ananias para assentamento de trabalhadores rurais.

Crise do Incra – Pastor contou aos jornalistas douradenses que na reunião de hoje, diretores do Incra relataram a crise enfrentada pelo órgão federal em Mato Grosso do Sul. A regional de Dourados está, segundo o líder do MSTB, com quatro meses de aluguel do prédio atrasado, há seis meses não paga a empresa de segurança e há um ano não paga a oficina que faz manutenção nos carros usados no trabalho em assentamentos da região sul do Estado.

Segundo ele, também existe uma carência de 30 funcionários na regional e a empresa terceirizada que faz a limpeza do prédio não recebe há cinco meses. O Campo Grande News tentou falar com a assessoria da Superintendência do Incra, mas ninguém atendeu ao telefone.

Nos siga no Google Notícias