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Interior

Tendo que explicar até outdoor, agentes fazem protesto contra assédio na PF

Representante sindical afirma que assédio moral na Polícia Federal é uma “política generalizada da instituição e pode ser causa de alto índice de suicídios; foram 20 no país em três anos

Helio de Freitas, de Dourados | 28/10/2015 13:12
Protesto denuncia assédio moral na delegacia da Polícia Federal em Dourados (Foto: Eliel Oliveira)
Protesto denuncia assédio moral na delegacia da Polícia Federal em Dourados (Foto: Eliel Oliveira)

Agentes, escrivães e peritos fazem nesta quarta-feira (28) um protesto em frente à delegacia da Polícia Federal em Dourados, a 233 km de Campo Grande, para denunciar casos de assédio moral aos quais são submetidos pelos gestores da corporação na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul. Até mesmo para explicar a instalação de outdoors da campanha nas proximidades das delegacias, os sindicalistas da corporação estão sendo chamados a dar explicações.

O agente Marcos Peixoto, representante sindical em Dourados, disse ao Campo Grande News que o protesto faz parte de uma campanha que a Federação Nacional dos Policiais Federais está fazendo em todo o país para denunciar e cobrar providências contra o que ele chamou de “uma política generalizada de assédio e perseguição adotada pelos gestores da PF no Brasil”.

Até um site já foi criado para denunciar os casos de assédio moral – www.assediomoralnapf.com.br. A denúncia de mais destaque na página é a que envolve um delegado da Superintendência da PF em Boa Vista (RR), que mandou abrir inquérito contra uma faxineira terceirizada por comer um bombom que estava em sua mesa.

Missão em Rondônia – Na delegacia de Dourados, segundo Marcos Peixoto, o assédio moral ocorre de forma coletiva, mas principalmente contra os representantes sindicais. Peixoto conta o caso ocorrido com ele, mandado para uma missão de 60 dias em Rondônia, em local sem comunicação, mesmo estando com a mulher grávida de gêmeos e tomando remédio para evitar aborto.

“Mesmo com dois outros agentes se oferecendo para ir no meu lugar a chefia manteve a decisão, ignorando minha situação”, afirmou. Nesta quarta ele levou as filhas gêmeas para o protesto em frente à delegacia.

Peixoto conta também o caso de outro integrante do sindicato dos policiais que está respondendo a um procedimento e corre o risco de ser demitido por usar a impressora da corporação para imprimir um documento.

Suicídios – Marcos Peixoto disse que o assédio moral pode ser um dos motivos para os altos índices de suicídios entre agentes da Polícia Federal brasileira. Foram pelo menos 20 casos em três anos. “Esses números são dez vezes maiores que a média nacional”, afirmou.

No site criado para denunciar os casos de assédio há informações sobre o episódio envolvendo o presidente do Sindicato dos Policiais Federais de Mato Grosso do Sul, Jorge Luiz Caldas, “convidado” para uma reunião na sede da Polícia Federal em Campo Grande para explicar a instalação dos outdoors em frente à delegacia de Dourados.

O chefe do serviço disciplinar teria questionado o sindicalista a respeito da instalação das peças publicitárias. Segundo Fenapef, após a conversa informal, o delegado, alegando cumprir ordens superiores, informou ao sindicalista que ele deveria prestar declarações a respeito do ato público. Caldas não respondeu às perguntas.

Agente federal levou as filhas gêmeas para protesto desta quarta em Dourados (Foto: Eliel Oliveira)
Agente federal levou as filhas gêmeas para protesto desta quarta em Dourados (Foto: Eliel Oliveira)
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