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Cidades

Intolerantes ao glúten podem sofrer de doenças intestinais a emocionais

Elverson Cardozo | 26/03/2012 16:45

Associação dos Celíacos de MS estima que pelo menos 10 mil sul-mato-grossenses sejam portadores da doença celíaca

Nutricionista explica que para pacientes intolerantes, molécula do glúten agride parede intestinal. (Foto: João Garrigó)
Nutricionista explica que para pacientes intolerantes, molécula do glúten agride parede intestinal. (Foto: João Garrigó)

A Acelbra-MS (Associação dos Celíacos de Mato Groso do Sul) estima que pelo menos 10 mil sul-mato-grossenses sejam portadores da doença celíaca. Deste total, 3 mil podem ser de Campo Grande. A vilã dessa historia, neste caso, é uma proteína natural encontrada no trigo, centeio, cevada, malte e na aveia: Glúten. As complicações decorrentes da substância podem ir das alterações intestinais às emocionais.

O nome pode até parecer familiar, mas os riscos que a proteína pode causar à saúde dos celíacos ou intolerantes ainda são desconhecidos por muitos. A principal causa é falta de informação e o principal problema para o paciente é o diagnóstico tardio da doença.

Entre os sintomas mais comuns destacam-se os problemas intestinais, como a constipação, diarréia e até a síndrome do intestino irritável – aquela sensação de que o organismo está rejeitando todos os alimentos. “É como se fosse uma alergia”, explica a nutricionista Emanuelle Salustiano. Em pacientes celíacos ou intolerantes, o glúten agride mucosa intestinal e pode causar inflamação.

“A molécula do glúten, além de causar sensibilidade, cai na corrente sanguínea”, completa a nutricionista, acrescentando que os sintomas podem ir além. Depende de onde a proteína vai se depositar. Existem pacientes que apresentam dor e inflamação nas articulações.

Outros sofrem alterações emocionais e podem ser acometidos de doenças como a depressão, ansiedade e síndrome do pânico. Até psoríase pode ser decorrente da enfermidade. “Se a pessoa é mais sensível vai rebater no elo mais fraco”, afirma Emanuelle. “Como eu não tolero bem ele [glúten] o organismo tenta fazer uma defesa”, completa.

Na padaria, delícias que contém glutém podem ser  "veneno" para os celíacos ou intolerantes à substância. (Foto: Marlon Ganassin)
Na padaria, delícias que contém glutém podem ser "veneno" para os celíacos ou intolerantes à substância. (Foto: Marlon Ganassin)

Emanuelle explica que existem dois tipos de intolerância. A primeira, considerada a mais grave, é a doença celíaca. É caracterizada pela intolerância total ao glúten. Nos casos mais severos, até o contato com a proteína é capaz de fazer mal ao doente. Já a segunda é apenas a intolerância. “O diagnóstico é fácil de ser descoberto, desde se observe o paciente”, afirma.

No caso da doença celíaca, o diagnóstico é feito por meio de aplicações de questionários para avaliar o quadro clínico e histórico do paciente, testes com a substância e biópsia da parede do intestino. Já a intolerância é diagnosticada geralmente por meio de sinais e sintomas clínicos que o paciente venha a apresentar.

A nutricionista explica ainda que a enfermidade pode acometer qualquer pessoa e em qualquer fase da vida, mas há fatores que podem predispor à intolerância ao glúten, como manter dieta repetitiva, a freqüência com que se consomem os alimentos, desmame precoce e introdução rápida à alimentação, no caso das crianças.

Tratamento – O tratamento é feito sem uso de medicamentos. A base está em uma dieta equilibrada e na parceria médico-paciente. No caso dos doentes celíacos, proibi-se totalmente o consumo de produtos que contém glúten. Já o intolerante à substância mantém a proteína, porém, o consumo é controlado e o paciente deve seguir criteriosamente as recomendações.

Sem glúten – Quando descobre que tem a doença, o celíaco precisa se adaptar a novas regras. Neste aspecto, o convívio social é o mais prejudicado. Como é uma proteína natural, não há como retirar o glúten dos alimentos. Assim como os lactantes, é preciso encontrar alternativas para manter uma dieta saudável e equilibrada.

Não basta pedir um pão de queijo, por exemplo. O doente celíaco precisa saber em que situação o alimento foi preparado. Se foi manipulado na mesma cozinha ou assado junto com outros salgados que contém a substância, corre o risco de contaminação.

Em mercados tradicionais, achar produtos que não contém glúten é quase uma maratona. Além disso, o preço é superior. Geralmente as alternativas estão em lojas especializadas. Locais onde é possível encontrar massas feitas com outras farinhas – de arroz, mandioca e amido de milho, por exemplo.

O alerta é para os alimentos integrais, como os pães, que não substituem os produtos sem glúten, já que contém a mesma substância. “As pessoas costumam relacionar o glúten ao que não faz bem à saúde”, finaliza Emanuelle.

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