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Cidades

Jornalista insiste em tese de legítima defesa

Redação | 15/09/2010 17:45

Durou cerca de uma hora o interrogatório do jornalista Agnaldo Gonçalves, preso por matar o garoto Rogerinho durante uma discussão de trânsito no dia 18 de novembro do ano passado, em Campo Grande. No depoimento, ele alegou que foi agredido verbal e fisicamente pelo tio do garoto e que atirou para se defender das ameaças que haviam sido feitas pelo rapaz.

Em detalhes ele lembrou os acontecimentos do dia do crime e disse que a confusão teve início no cruzamento da avenida Ernesto Geisel com a Mato Grosso, quando o tio de Rogerinho, Aldemir Pedra Neto, demorou para sair com o veículo após o sinal abrir.

Agnaldo diz que buzinou e a partir daí o rapaz deu início às agressões verbais e ameaças de morte e emparelhou o carro ao dele mandando que estacionasse. O jornalista parou no lado direito da Mato Grosso e diz que o rapaz já chegou o agredindo. "Não houve discussão. Ele já chegou e deu porradas e um tapa na minha cara", diz.

Conforme Agnaldo, o rapaz o ameaçou e ele tentou ligar para o 190, mas Aldemir impediu batendo no celular. Foi quando o pai desceu do carro e interrompeu a discussão questionando o menino se ele "queria se complicar ainda mais" e os veículos seguiram.

O jornalista diz que na esquina com a Rui Barbosa o garoto emparelhou novamente a caminhonete ao Fox dele e continuaram as ameaças. Foi quando ele tirou a arma e disparou "a esmo sem intenção de matar".

Ele alega que os tiros foram por medo de que o jovem cumprisse as ameaças e o matasse por conta da discussão. Depois disso, ligou para o advogado e se apresentou na delegacia levando a arma usada no crime.

O jornalista diz que soube da morte da criança pelo delegado e garante que não viu Rogerinho nem a irmã dele no carro quando efetuou os disparos. Ele justifica que estava com a arma no carro porque vinha sofrendo ameaças após sofrer um furto. Agnaldo diz que tinha registro para ter a arma em casa há quinze anos, mas que não podia carregá-la com ele.

Ele nega que tenha havido qualquer perseguição dele contra o tio do garoto no momento da briga e que se sentiu ameaçado e humilhado por ter apanhado dele. "Para um cara da minha idade que nunca tinha apanhado é doído", disse ao juiz Aloísio dos Santos Pereira.

O tio de Rogerinho acompanhou a audiência e por diversas vezes assumiu um tom irônico discordando das informações que eram prestadas por Agnaldo. Contudo, ele não se manifestou durante a audiência e ao final não quis conceder entrevista.

Família - Como ocorreu nas audiências durante o processo, a família de Rogerinho compareceu ao interrogatório vestindo camisetas com a foto da criança estampada. Na entrada do Fórum havia faixas pedindo Justiça, que foram retiradas antes da audiência a pedido de representantes do Fórum.

Muito abalada depois que Agnaldo entrou na sala da 1ª Vara do Tribunal do Júri, a avó de Rogerinho disse aos prantos que não conseguiria permanecer na sala.

Ela disse que não há um só dia em que não se lembre da dor pela morte do neto e lembrou que a irmã dele, Ana Maria, sempre lembra de Rogerinho ao brincar com os brinquedos dele.

"Ela já pediu para Deus deixar o Rogerinho descer para brincar um pouquinho com ela", diz aos prantos.

Apesar da sensação ao ver Agnaldo, a mãe do menino, Ariana Mendonça, afirma que tem de ter forças para vê-lo e presenciar as audiências e o andamento do processo. "O pior já aconteceu com meu filho, mas quero que ele pague para que sirva de exemplo à sociedade", explica.

Prisão - Depois do crime Agnaldo diz ter ido para uma casa alugada em Praia Grande, em Santos. Ele conta que entrou em estado de depressão e viveu isolado porque sofreu ameaças após matar o garoto.

O advogado de acusação Ricardo Trad lembrou durante a audiência que um oficial de Justiça de Santos foi à casa onde Agnaldo informou que morava, mas não o encontrou. Ele informou ainda que uma vizinha disse que não o via pela casa.

O jornalista alegou que durante o tempo em que esteve em Praia Grande viveu isolado com medo das ameaças que sofreu após matar Rogerinho e por isso os vizinhos não o viam.

Para esclarecer a situação, o juiz Aluísio Pereira dos Santos, que fez o interrogatório em substituição a Carlos Alberto Garcete, que está de férias, deu prazo de três dias úteis para que a Defesa apresente declarações de moradores de Praia Grande registradas em cartório que comprovem que Agnaldo morou lá e o tempo de permanência.

A partir disso ele irá decidir se concedera o relaxamento da prisão do jornalista.

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