ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 23º

Cidades

MPF admite gravação de visita íntima em presídio federal

Redação | 29/07/2010 10:09

Pela primeira vez o MPF (Ministério Público Federal) emitiu nota para comentar as escutas feitas no interior do Presídio Federal de Campo Grande. Em tom áspero, seis procuradores assinam o documento, que admite a existência de gravação de áudio em visitas íntimas.

"Houve, em casos específicos devidamente justificados por circunstâncias fáticas alarmantes, autorização judicial para, em especial nos termos do disposto na Lei 9.034/1995, utilização de aparelhos de captação de sinais ambientais, acústicos e eletromagnéticos, para investigação de crimes praticados por organizações criminosas, em menor ou maior abrangência", diz a nota.

O documento também ressalta que a técnica pode ser usada para a investigação, inclusive, dos advogados, caso estejam envolvidos no crime organizado.

"Sim, por tudo do que se trata, basta haver indícios fundados desse poder estar, pois fosse exigida prova dessa associação para a investigação, há que convir que nada precisaria ser investigado. Foi o que aconteceu, por exemplo, no âmbito da denominada 'Operação X'. No bojo deste processo, ainda tramitando em segredo de justiça, as apurações culminaram com o oferecimento e recebimento de denúncia em face de oito pessoas, dentre as quais o advogado de um dos detentos hospedados na Penitenciária Federal de Campo Grande/MS. As captações de áudio foram decisivas para o desbaratamento da associação criminosa, alimentada do interior do Presídio Federal", argumenta o MPF.

Ainda conforme o MPF, foram "pouquíssimas" as determinações de áudios no presídio federal e sempre motivadas por "sólidas informações" dos serviços de inteligência no curso de investigação criminal contra o preso e visitante ou ainda relacionadas a um forte contexto de indícios de graves "ilicitudes" que pudessem ser efetivamente articuladas nas visitas aos chefes e líderes de associações criminosas.

"Para que se tenha uma ideia dessa rigorosa excepcionalidade, basta dizer que, desde a sua implantação, o Presídio Federal já autorizou a internação de aproximadamente 430 presos. Convém lembrar que é preciso aprontar muito para chegar ao Presídio Federal. Nesses mais de três anos de funcionamento, é certo que os procedimentos cautelares que geraram captação de áudio atingiram percentual inferior a meio por cento dessa população carcerária", destaca o MPF.

Ao admitir que houve gravação de visitas íntimas, o MPF aponta que houve apenas um caso e que só o áudio foi registrado.

O procedimento ocorreu devido à Cooperação Jurídica Internacional, que envolve dois presos italianos que lideravam organização criminosa transnacional.

O pedido previa até a gravação de imagens e, segundo o MPF, não foi acatado totalmente. "A ordem judicial proibiu taxativamente a gravação de imagens, pleiteada pela investigação" aponta a nota.

O documento do MPF também afirma que, foi graças a tais gravações que foi descoberto o plano para execução de autoridades arquitetado de dentro do presídio.

O MPF, no entanto, nega tenham ocorrido gravações clandestinas e enfatiza que os equipamentos foram lacrados.

Assinam o documento os procuradores da república, Blal Yassine Dalloul, Danilce Vanessa Arte Ortiz Camy, Jerusa Burmann Viecili, Marcelo Ribeiro de Oliveira, Ramiro Rockenbach da Silva Matos Teixeira de Almeida e Ricardo Luiz Loreto.

Nos siga no Google Notícias