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Cidades

MS tem mais assassinatos e violência contra índios volta a crescer no Brasil

Lúcio Borges | 19/06/2015 19:19

Com 35% dos casos, Mato Grosso do Sul, foi novamente no ano passado, o Estado com maior número de assassinatos de índios, como ocorre há mais de dez anos, desde 2003. Ao todo foram 25 casos em 2014, em diversas áreas indígenas Sul-mato-grossense, conforme o Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Os números foram divulgados nesta sexta-feira (19), com a quantia de índios assassinados no Brasil, que voltou a crescer ano passado. No Estado, os casos são a maior parte do número nacional, onde foi identificado um total de 70 vítimas de homicídios. Nessa década, MS sempre esteve na frente e soma o maior número de assassinatos.

O Cimi revelou hoje, que a violência contra indígenas no Brasil voltou a aumentar, pois os 70 casos mostram que se cresceu muito o índice, após registrar uma pequena diminuição no número de mortes violentas em 2013, quando foram assassinados 53 índios ante 60 mortes em 2012. Os números constam do último relatório Violência Contra os Povos Indígenas, divulgado hoje pelo Cimi. No documento, o Conselho, que é vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), chama a atenção para a hipótese de os números de 2014 serem ainda maiores.

O número é de informações transmitidas por equipes do Cimi espalhadas pelo país e com notícias veiculadas pela imprensa. Conforme os dados próprios do Cimi, 25 dos 70 casos ocorreram em Mato Grosso do Sul. Também houve casos na Bahia (15), no Amazonas (10) e em Pernambuco (4). Minas Gerais, Pará e Rio Grande do Sul registraram três casos cada; Tocantins e Mato Grosso, dois cada; e Goiás, Santa Catarina e São Paulo, um caso, cada.

Do total de vítimas, 54 eram do sexo masculino e 17 do sexo feminino. Dessas, dez tinham entre 2 e 16 anos. Entre as vítimas infantis estão Micheli Gonçalves Benites, de 12 anos. Moradora da aldeia Bororó, em Dourados (MS), a adolescente foi encontrada morta, atingida por golpes de faca e foice . O adolescente Tiago Ortiz Machado, também de Dourados, foi assassinado por um segurança particular enquanto caminhava com o irmão e um amigo. O agressor afirma que foi atacado, mas testemunhas garantem que o segurança abordou os jovens índios violentamente apenas porque eles carregavam uma barra de ferro, diz o Cimi.

Cimi com números menores

O relatório da violência Contra os Povos Indígenas, divulgado hoje pelo Cimi, são até controversos ou apontam um número menor, que são enviados por suas equipes, que às vezes não são atualizados ou apontam somente o item violência, realizada por terceiros.

O numero menor, com 70 casos, confronta os 138 assassinatos ocorridos no ano passado, de acordo com base na Lei de Acesso à Informação, que o próprio Cimi obteve da SESI (Secretaria Especial de Saúde Indígena), do Ministério da Saúde. Mesmo assim, o resultado também é maior que os 97 casos confirmados pela secretaria em 2013.

Nos dados da SESI, os 138 casos, são de várias ocorrências em resultados com conflitos internos. Contudo, o Cimi aponta a disseminação de bebidas alcoólicas e o confinamento das populações em reservas indígenas aquém das necessidades desses povos como fatores que contribuem para as disputas.

Dados da secretaria indicam que, como ocorre desde 2003, Mato Grosso do Sul foi o estado com maior número de assassinatos de índios, com 41 dos casos entre os 138 ocorrências.

Suicídios e Crianças

A violência e as violações contra os povos indígenas se expressam também no aumento do número de casos de suicídios, mortes por desassistência à saúde, mortalidade na infância, invasões e exploração ilegal de recursos naturais e de omissão e morosidade na regularização de terras. Segundo as informações da Secretaria Especial de Saúde Indígena, 135 índios se suicidaram no ao passado. É o pior resultado registrado pelo Cimi em quase 30 anos.

Segundo o Cimi, o dado mais chocante diz respeito à morte, por diversas causas, de 785 crianças de até 5 anos – número superior ao de 2013, quando foram registrados 693 casos em todo o país. O mais alto índice de mortalidade infantil foi registrado entre os xavantes, de Mato Grosso. Nesse grupo, a taxa de mortalidade chegou a 141,64 a cada grupo de mil pessoas.

O Cimi inclui essas mortes entre os casos de violência decorrentes da omissão do Poder Público, em especial com a saúde, que impede os índios de ter acesso adequado a recursos, procedimentos médicos, exames e medicamentos que poderiam lhes garantir melhores condições de vida.

“É fácil constatar que a violência contra os índios aumentou muito. Nunca se sabe se a maior violência é a morte brutal ou se é o outro tipo de violência que registramos todos os anos, as violências contra o patrimônio histórico, o racismo, a morosidade do Poder Público em demarcar terras indígenas e cumprir o que estabelece a lei”, disse a antropóloga Lúcia Helena Rangel, coordenadora da pesquisa.

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