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Cidades

Mudança no aprendizado garante vaga cada vez mais cedo na universidade

Helton Verão | 22/01/2013 18:53
Letícia, pretende cursar Medicina ou Direito nos próximos anos (Foto: Luciano Muta)
Letícia, pretende cursar Medicina ou Direito nos próximos anos (Foto: Luciano Muta)

O sonho de ingressar em uma faculdade todo estudante tem. Mas em Mato Grosso do Sul tem chamado a atenção os casos de adolescentes com menos de 15 anos aprovados em faculdades públicas. O Campo Grande News conversou com o doutor em educação e professor na UFMS, Antonio Osório, a aprovação de gente cada vez mais nova teve início desde que começaram as reformas na educação.

Para ele, pelo fato dos adolescentes terem acesso à internet e a outros tipos de aprendizado, eles são diferentes de outras gerações. E a faculdade é apenas mais uma parte do aprendizado, e que esses jovens aprovados entram com a mesma característica de outros acadêmicos: as dúvidas sobre o curso e o mercado de trabalho.

Letícia Yume Herculano Togoe, de 12 anos, é mais uma a integrar este seleto grupo, aprovada para o curso de pedagogia, para a UEMS (Universidade Estadual de MS), mas que em decisão conjunta com seus pais, preferiu não tentar fazer a matrícula.

“Fiz para saber como estou e quanto precisaria para passar em Medicina, não esperava um resultado tão positivo. A prova estava muito fácil”, responde a estudante que apenas cursou 8º ano do ensino fundamental em 2012.

A jovem atribuiu seu ótimo desempenho a sua boa memória e que preferiu não tentar se matricular. “Leio livros e decoro apenas uma vez. Preferi não tentar cursar por ser muito nova”, revela Letícia, que não descarta a possibilidade de ingressar quando estiver entre 15 a 16 anos.

O irmão de Letícia, de 18 anos tentou ingressar em Análise de Sistemas e Ciências da Computação, mas não conseguiu alcançar a pontuação. O que gerou inúmeras brincadeiras na família.

Nathaly se matriculou para o curso de Artes na UFMS (Foto: Rodrigo Pazinato)
Nathaly se matriculou para o curso de Artes na UFMS (Foto: Rodrigo Pazinato)

Dos seis casos que se teve conhecimento até o momento, apenas o de Nathaly Gomes Tenório, de 14 anos, que conseguiu através de ordem judicial fazer a matrícula no curso de Artes Visuais na UFMS.

Após essas situações, a principal questão a se tratar é se esses adolescentes estão preparados e maduros suficientes para encarar a rotina de uma faculdade e a sala de aula com pessoas mais velhas.

“É uma experiência que pode dar muito certo, como pode dar errado, não vejo problema nenhum nisso”, comenta o doutor em Educação Antônio Osório. Segundo ele, talvez a possibilidade da dificuldade pedagógica, é por esse adolescente mais jovem ser dependente da atenção do professor. “O aluno é responsável pela vida acadêmica dele”, completa.

A paciência dos colegas de sala adultos pode ser outro fator negativo, já que muitas vezes o adulto não tem paciência com o adolescente, geralmente os mais velhos acham que é perda de tempo fazer inúmeras perguntas, mas para o professor isso faz parte.

Antonio ainda lembra que essa relação com os adultos leva valores aos adolescentes, por se tratar de uma troca de experiências. Apesar de queimar algumas etapas em sua vida, ele amadurece mais rápido, afirma o especialista.

“Em muitas famílias ele é o primeiro a entrar na universidade, o resultado desse projeto de aprendizado só é possível quando ele sair”, explica.

E se não der certo, o estudante descobrir que não tem vocação para esta área, quando ele formar ele vai estar mais maduro, com mais convicção do que quer. “Se quiser mudar ele vai ter maturidade e tempo”, finaliza Osório.

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