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Lado B

Mulheres têm menos filhos e na hora de decidir, adiam gravidez por profissão

Fabiano Arruda, com informações da Agência Brasil | 13/05/2012 11:52

Em Mato Grosso do Sul, avanço das mulheres no mercado de trabalho se traduz no número de chefes de família: 277,1 mil

Censo de 2010 aponta pouco mais de 680 mil mães em Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo)
Censo de 2010 aponta pouco mais de 680 mil mães em Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo)

Da década de 60 até o início deste século, houve uma mudança significativa no perfil das mães brasileiras. A mulher está deixando a maternidade para mais tarde e optando por ter uma família bem menor do que tiveram suas mães e avós. Dados do Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a taxa de fecundidade no Brasil cai a cada ano: na década de 60 era superior a seis filhos por mulher e em 2010 chegou a 1,9 filho por mulher.

Em Mato Grosso do Sul, segundo o Censo, em 2010, eram pouco mais de 680 mil mães. O avanço das mulheres no mercado de trabalho no Estado se traduz no número de chefes de família: eram 277,1 mil contra 486,8 mil homens responsáveis pela casa.

Ainda neste cenário, o levantamento apontava 195,4 mil mulheres que moram sozinhas.

Mesmo assim, as mulheres constatadas como sem rendimento ou salários declarados, como as donas de casa, ainda são maioria em MS: 447,5 mil.

Em seguida aparecem profissionais do sexo feminino que ganham entre um e meio a um salário mínimo: 232,8 mil. Entre um e dois salários mínimos chegam a 168,1 mil.

Ainda conforme o senso, as mulheres que ganham rendimento entre dois e três salários mínimos atingia 42,5 mil, enquanto na faixa de três a cinco era de 37,8 mil. E na faixa de cinco a dez salários mínimos, o Censo registrava 27,1 mil sul-mato-grossenses.

Vários fatores explicam essa mudança no perfil das mães no Brasil, aponta a demógrafa e professora da UNB (Universidade de Brasília) Ana Nogales. “Os principais são o aumento da escolarização das mulheres, a urbanização e a participação feminina mais forte no mercado de trabalho”, indica a pesquisadora. A demógrafa acredita que, além dos fatores ligados à evolução do papel da mulher na sociedade, há uma influência cultural que fez mudar o padrão reprodutivo. “Na década de 80 e 90, falou-se muito em um padrão de família ideal. A mídia e as telenovelas brasileiras sempre apresentavam famílias menores e como esse modelo trazia vantagens para os filhos”, diz.

Atualmente, a taxa de fecundidade brasileira se assemelha à de países europeus como a Dinamarca, Suíça e Noruega e é inferior à dos Estados Unidos. “A redução no Brasil foi muito acelerada e sem uma política governamental para controle da natalidade, como ocorreu no México ou na China. Os países desenvolvidos não tiveram esse processo tão rápido como vemos aqui, em que a mudança ocorre de uma geração para outra”, aponta Ana.

O modelo de família com poucos filhos, entretanto, ainda não é padrão em todas as regiões do país. Enquanto a média nacional em 2010 foi 1,9 filho por mulher, no Norte ficou em 2,47 – superior à taxa de fecundidade que o país registrou dez anos antes. O menor índice foi registrado no Sudeste: 1,7 filho por mulher, inferior à média de países como a Bélgica, o Reino Unido e a Finlândia. Ainda assim, foi no Norte e no Nordeste que se contatou as maiores reduções na taxa de fecundidade entre 2000 e 2010 (21,8% e 23,4%, respectivamente).

O Censo 2010 também destaca uma mudança, ainda que menos acelerada, no chamado padrão etário da fecundidade. Até o ano 2000, a tendência era um “rejuvenescimento” no perfil das mães, com maior concentração de gestações entre as jovens de 15 a 24 anos. Mas, na última década, segundo o IBGE, observou-se uma reversão desse movimento. Em 2000, os grupos das mulheres mais jovens, de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos, concentravam 18,8% e 29,3% da fecundidade total, respectivamente. Esses patamares passaram para 17% e 27% em 2010. Ao mesmo tempo, no grupo de mulheres com mais de 30 anos, a participação na fecundidade total da população subiu de 15,85% para 18% entre 2000 e 2010.

“Na última década temos visto que a mulher está prorrogando o momento de iniciar a vida reprodutiva. Além da entrada no mercado de trabalho e da maior escolarização, nós tivemos mudanças nas relações. As mulheres estão mais independentes e quando você tem filhos isso traz mais responsabilidades com relação ao seu lar, a sua família”, explica Ana Nogales.

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