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Cidades

Na Ary Coelho, protesto colhe apoio à causa dos Guarani-Kaiowá

Paula Maciulevicius e Mariana Lopes | 09/11/2012 11:45
No varal formado por fotos, imagens de indígenas com sorriso no rosto e pé no chão em terra indígena. (Foto: Mariana Lopes)
No varal formado por fotos, imagens de indígenas com sorriso no rosto e pé no chão em terra indígena. (Foto: Mariana Lopes)

Com imagens e fotos de índios, a mobilização contra a violência e os assassinatos dos Guarani-Kaiowá formou um varal com cenas de sorrisos no rosto que todos querem de volta.

O protesto realizado nesta manhã, na Praça Ari Coelho, é parte do ato nacional pacífico “Não ao genocídio Guarani-Kaiowá, pelos povos indígenas do Mato Grosso do Sul”, que será realizado às 17h, pelo horário de Brasília, simultaneamente em todo País, para chamar a atenção da sociedade e colher assinaturas a favor do povo Guarani-Kaiowá.

Pela manhã, a manifestação era tímida. Isso porque os indígenas de diversas aldeias ainda estão a caminho da Capital. “A nossa situação é uma só em todo o Estado. Temos nossos direitos dentro da Constituição Federal, mas eles não são respeitados”, desabafou o líder da aldeia Água Bonita, Nito Nelson, 50 anos.

O ato oficial mesmo será a tarde, com a presença de caciques e povos indígenas. O conflito de Guaranis-Kaiowás pela demarcação de terra ganhou repercussão mundial. Foram criados grupos e eventos pelas redes sociais. A manifestação na Capital está sendo feita pelo Coletivo Terra Vermelha, grupo de discussão, organização e estudo criado na internet conta atualmente com 2,4 mil membros.

Duas lideranças de Mato Grosso do Sul embarcaram e foram participar da manifestação em São Paulo. Solano Lopes, da aldeia Tyelito Kue, de Iguatemi e Dionísio Gonçalves, de Arroio Korá, em Paranhos.

Líder Nito Nelson diz que o conflito atinge indígenas de todo País. (Foto: Simão Nogueira)
Líder Nito Nelson diz que o conflito atinge indígenas de todo País. (Foto: Simão Nogueira)

Quem estava de fora e nada tem a ver com a causa se sentiu atraída pelo movimento. A dona de casa, Tânia Cássia Moraes dos Santos, 50 anos, falou que estava tudo muito bonito. “Acho importante esse tipo de manifestação para chamar atenção da população para causas indígenas”.

Para apoiar a iniciativa, o grupo Guarani-Kaiowá está no Facebook pelo link: http://www.facebook.com/groups/295084807258485/.

Situação da terra - A terra reivindicada como indígena mais polêmica hoje em Mato Grosso do Sul ainda está no estágio inicial de levantamento que pode definir se é ou não dos Guarani Kaiowa. Nota técnica da Funai, publicada em março deste ano, concluiu que a área reivindicada pelos indígenas como Pyelito Kue e Mbarakay é ocupada desde tempos ancestrais. Não há, sequer, definição do tamanho da área.

“Desde o ano de 1915, quando foi instituída a primeira Terra Indígena , ou seja, a de Amambai, até os anos de 1980 – com forte ênfase na década de 1970 –, o que se assistiu no Mato Grosso do Sul foi um processo de expropriação de terras de ocupação indígena, em favor de sua titulação privada”, afirma o texto.

No momento, um grupo técnico está na região para fazer os tudos antropológicos e a previsão é que dentro de 30 dias, conforme o Ministério da Justiça, saia o relatório. Depois disso, ele precisa ser homologado pela Presidência da República, caso realmente seja considerada indígena e, após isso, ainda há a fase de demarcação da terra, que costuma levar anos e motivar disputas judiciais demoradas.

Há algumas semanas líderes Guarani-Kaiowá, na região Sul, publicaram uma carta na qual afirmam que a comunidade passa por violência física, cultural, moral e psicológica. Na mensagem, pedem à Justiça Federal que decrete sua morte coletiva, no lugar da expulsão. Afirmam não acreditar mais na justiça brasileira, já que não podem viver em sua terra, solo sagrado, de forma digna e pacífica.

A carta publicada causou uma profunda comoção em todo o país e em várias partes do mundo.

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