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Cidades

"Não sou réu confesso", diz marido de arquiteta morta

Redação | 09/07/2010 17:25

"Não sou réu confesso". A frase foi dita nesta tarde ao Campo Grande News pelo empresário Luiz Afonso dos Santos Andrade, 42 anos, preso há uma semana no 4° Distrito Policial, nas Moreninhas, como suspeito do assassinato da esposa, a arquiteta Eliane Nogueira, de 39 anos.

As investigações apontam que Luiz Afonso esganou a mulher e colocou fogo no carro dela, um Polo, onde o corpo foi encontrado carbonizado.

Os restos mortais só puderam ser sepultados hoje, em razão dos exames que estavam sendo realizados como parte o inquérito.

No sepultamento, o pai de Eliane, João Antônio Nogueira, de 59 anos, disse que os indícios contra Luiz Afonso são fortes o suficientes para que ele admita o crime.

"Eu entendo a dor da família", limitou-se a dizer hoje, para depois completar que tudo que tiver de ser dito sobre o caso será,a partir de agora, em juízo.

Antes, no início do diálogo com a equipe do Campo Grande News , Luiz Afonso havia dito que não gostaria de falar hoje. "Não é um bom dia para mim", explicou. Indagado se era por causa do sepultamento da esposa, negou.

Luiz Afonso conversou cerca de 10 minutos com a reportagem do Campo Grande News e, mesmo tendo mudado a postura em relação aos dias anteriores, quando concedeu entrevistas até para televisão, mostrou-se sempre polido.

Só mudou de atitude ao ser indagado se, em juízo, poderia confessar o crime."Eu não confessei nada, confessei?", afirmou.

Mudança - A adoção do silêncio em relação ao caso por Luiz Afonso ocorreu após a visita do advogado dele, Ruy Lacerda, esta manhã. No tempo que conversou com a reportagem, ele agradeceu a oportunidade de se manifestar, pediu desculpas, mas disse que não falar mais é uma "diretriz" definida com o defensor.

A alteração no comportamento coincide, também, com a descoberta do que a polícia considera uma prova bastante forte contra o empresário: as imagens em que Luiz Afonso aparece chegando a uma conveniência na avenida Três Barras, no carro de Eliane, e, 22 minutos depois, volta a pé.

A conveniência fica próxima do local onde o carro com o corpo foi abandonado. Na loja, Luiz Afonso pediu álcool líquido, e como só havia em gel, comprou fósforos, um isqueiro, chiclete e um maço de cigarros, apesar de não fumar, como informou a polícia.

Ele foi perguntado sobre sua presença no local, que contradiz a informação dada em seu primeiro depoimento, de que havia deixado Eliane em casa e não a visto mais.

Depois de mais uma vez agradecer à equipe, Luiz Afonso disse hoje que não quer mais dar entrevistas. "Se eu pudesse, me isolaria".

Ao ver, com a equipe, uma foto de seu casamento com Eliane, ele exclamou: "Nossa, o nosso casamento". E agradeceu: "Muito obrigada, muito obrigada". Depois, guardou a foto no livro que está lendo.

Leitura - Formado em Direito, profissão que não exerceu, Luiz Afonso é classificado como um detento culto pelos carcereiros. Por ter curso superior, ele está em uma cela sozinho.

Só ontem, leu um livro de 300 páginas. Hoje, estava com um novo livro, o best-seller A Cabana, do canadense William P. Young. A obra conta a história de Mack Allen Phillips, um homem que vive sob o peso da experiência de ter sua filha Missy, de seis anos, raptada durante um acampamento de fim de semana. A menina nunca foi encontrada, mas sinais de que ela teria sido assassinada são achados em uma cabana perdida nas montanhas.

Ao comentar sobre a leitura na cadeia, mais uma vez a tranqüilidade de Luiz Afonso surpreende. Ele disse que vai ler "com prazer" quantos livros puder.

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