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Cidades

Negras sofrem dupla discriminação, revela estudo do Ipea

Redação | 16/12/2008 13:15

Apesar da redução da diferença de rendimentos entre homens e mulheres, negros e brancos, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007 analisados no estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgada hoje (16) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que as mulheres negras ainda sofrem uma dupla discriminação, que resulta em menores salários.

De acordo com o estudo, a diferença nos rendimentos é conseqüência das desigualdades educacionais, da segregação de mulheres e negros em postos de trabalho e da própria discriminação. Com isso, em 2007, as mulheres negras ganhavam 67% do que os homens negros e 34% do rendimento médio de homens brancos. Enquanto isso, as mulheres brancas recebiam 62,3% do que ganhavam os homens do mesmo grupo racial.

A pesquisa ressalta que, entre 1996 e 2007, a desigualdade de renda entre homens e mulheres caiu cerca de 10%. Já entre brancos e negros, ela caiu cerca de 13%. Um dos motivos, explica o documento, é que a recuperação salarial iniciada em 2004 já foi suficiente para elevar os salários femininos a um patamar maior que o de 1996, mas o mesmo não ocorreu com os homens.

Um dado que também é destacado pelo estudo é que no ano passado 20% da população branca se enquadrava abaixo da linha da pobreza. Entre os negros, esse percentual era mais do que o dobro: 41,7%.

No caso da situação de indigência, enquanto 6,6% dos brancos recebiam menos do que uma quarta parte de um salário mínimo por mês, na população negra esse número chega a 16,9%. Isso significa que existem 20 milhões a mais de negros pobres do que brancos e 9,5 milhões de indigentes negros a mais do que brancos.

Ainda assim, a redução na proporção de pobres foi maior para os negros, 6 pontos percentuais entre 1996 e 2007, do que para os brancos, 10 pontos percentuais no mesmo período. No entanto, os negros continuam sendo minoria entre as camadas mais ricas da população.

Em 2007, entre os 10% mais pobres da população, 67,9% eram negros. Essa proporção cai para 21,9% no grupo dos 10% mais ricos. Já no grupo do 1% mais rico da população, somente 15,3% eram de indivíduos negros.

Outro dado que evidencia a desigualdade social no país é a possibilidade de acesso a bens duráveis. De acordo com o estudo, a tendência é de que as residências chefiadas por negros e as localizadas no meio rural tenham menor acesso a esses bens, que incluem fogão, geladeira, máquina de lavar, televisão, freezer e telefone.

O fogão é o mais disseminado e está presente em 99% dos domicílios brasileiros. No entanto, enquanto 0,6% das casas chefiadas por brancos não possui esse item, em 2007 esse percentual chegou a 1,4% entre os negros. Além disso, é alta a proporção de residências que não possuem geladeira. A média nacional é de 9,2%, mas chega a 38% nos domicílios da zona rural chefiados por negros.

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