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Cidades

Nos 25 anos de MST, movimento reclama de danos modernos

Redação | 21/01/2009 08:40

Ao fazer um balanço sobre os 25 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a coordenadora nacional do movimento, Marina dos Santos, apontou a modernização da agricultura como um dos obstáculos ao processo de reforma agrária.

"Antes, a reforma agrária enfrentava apenas o latifúndio, que concentrava a terra de forma atrasada e arcaica. Hoje a modernização, através das empresas transnacionais e do agronegócio, se apropria dos bens naturais, e isso impede o processo de reforma agrária", disse Marina.

Em Sarandi, a 333 quilômetros de Porto Alegre, 1.300 delegados de 24 estados brasileiros abriram hoje o Encontro Nacional dos 25 anos do MST. O encontro, que vai até sábado, está sendo realizado na antiga Fazenda Annonni, palco da primeira grande ocupação do movimento no Rio Grande do Sul, em 1985.

Segundo Marina, desde então, houve muitos avanços e os objetivos de luta foram mantidos, mas ainda há muito trabalho a ser feito, principalmente na realidade nacional, em que 1% dos proprietários detém 46% das terras agricultáveis no país.

"Durante 25 anos, cerca de 350 mil famílias foram assentadas no país em 7 milhões de hectares de terra. Outras 100 mil famílias estão acampadas e continuam na luta pela reforma agrária", informou a líder do MST..

Marina criticou a atuação do governo federal, afirmando que, no ano passado, foram assentadas apenas 20 mil famílias, o que considerou um dos piores desempenhos da União nos últimos tempos.

"A reforma agrária continua sendo tratada como um problema de compensação social. Os governos atuam na resolução dos conflitos, e não no enfrentamento da concentração da terra e da estrutura fundiária no Brasil."

Ela citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Universidade de São Paulo (USP) de que existem cerca de 4,5 milhões de famílias sem terra e 270 milhões de hectares disponíveis para a reforma agrária. "O governo federal apresentou em 2008 o segundo Plano Nacional de Reforma Agrária, que prevê o assentamento de 1 milhão de famílias no país. Para nós, isso ajudaria a iniciar o processo no país."

A líder dos trabalhadores defendeu também a necessidade de o MST se articular com outros movimentos sociais. "Hoje temos claro que não é só o MST que fará a reforma agrária no país, e sim a pressão conjunta da classe trabalhadora."

O coordenador do MST no Rio Grande do Sul, Isaías Vedovato, explicou que a Fazenda Annoni foi escolhida para sede do encontro que comemora os 25 anos do movimento por ser um marco para a reforma agrária no país. "A Fazenda Annonni foi a afirmação do MST", disse ele. A ocupação foi definida no primeiro encontro do MST, em janeiro de 1985. Em outubro 2.500 famílias entraram na área e depois 450 foram assentadas.

De acordo com Vedovato, a área, que antes era improdutiva, hoje é um exemplo de assentamento bem sucedido. "Lá havia apenas 400 cabeças de gado, atualmente são 5 mil. Temos frigorífico, produzimos 650 mil litros de leite por mês, plantamos feijão, milho, soja e hortifrutigranjeiros para subsistência. Com a venda. cada família recebe entre 3 e 5 salários mínimos por mês."

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