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Cidades

Para índios, fazendeiros romperam acordo primeiro ao acionar Justiça

Paula Maciulevicius | 03/06/2013 09:38
Justiça concedeu reintegração ao proprietário Ricardo Bacha neste domingo na fazenda Buriti, palco da morte do terena na última quinta. (Foto: João Garrigó)
Justiça concedeu reintegração ao proprietário Ricardo Bacha neste domingo na fazenda Buriti, palco da morte do terena na última quinta. (Foto: João Garrigó)

A segunda-feira começou tensa na região de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti. Neste domingo a fazenda Cambará, foi invadida. A justificativa dos índios terena é clara, a trégua estabelecida na reunião com o CNJ (Comissão Nacional de Justiça), no sábado, foi abaixo depois que o proprietário da fazenda Buriti entrou e teve deferido o segundo pedido de reintegração de posse.

Na fazenda Cambará, de propriedade de Vanth Vanni Filho, cerca de 40 índios entraram por volta das 13h neste domingo. O produtor registrou boletim de ocorrência dizendo temer pela sua vida e dos funcionários que iriam deixar a fazenda. Contando com a Buriti e a fazenda Santa Helena, ocupada desde o final de abril, são três fazendas tomadas na região.

Neste sábado, durante reunião com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) no Tribunal de Justiça, os índios disseram que iriam suspender as invasões de terras por 15 dias. O compromisso foi firmado pelas lideranças das etnias terena, guarani e kadiwéus.

A trégua foi construída depois de sucessivas tentativas de acordo. As negociações tiveram idas e vindas e foram suspensa por diversas vezes. O principal objetivo do mediador era que as famílias desocupassem a fazenda Buriti, também em Sidrolândia, e a fazenda Esperança, no município de Aquidauana. Não houve acordo para saída das terras, mas, os grupos se comprometeram a não entrar em nenhuma outra propriedade dentro de quinze dias.

Ontem a noite, a Justiça Federal concedeu uma nova reintegração de posse para o proprietário da Fazenda Buriti, Ricardo Bacha. A decisão da juíza federal substituta de plantão, Raquel Domingues do Amaral, estabelece 48 horas para a Funai retirar da área os índios. Em caso de descumprimento da ordem judicial, serão aplicadas multas de R$ 1 milhão por dia para a Funai e de 1% sobre o valor da causa ao líder da comunidade indígena Buriti e ao coordenador local da Funai.

A fazenda Buriti foi palco da morte do indígena Oziel Gabriel, 35 anos, na última quinta-feira, durante confronto com policiais no cumprimento da reintegração de posse. O corpo do terena chegou a ser velado, mas teve o enterro adiado para a realização de uma nova autópsia. A primeira feita constatou a morte dele por ferimento de bala de fogo no abdômen. Oziel será enterrado na aldeia Córrego do Meio a partir das 10h da manhã desta segunda-feira.

A série de ocupações que a região Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti vive começou no dia 15 de maio e é parte da reivindicação dos 17 mil hectares para ampliação da Terra Indígena Buriti.

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