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Cidades

Pesquisa recruta pacientes com Síndrome do Pânico ou Ansiedade Generalizada

Paula Vitorino | 29/06/2011 14:21

Doenças são facilmente confundidas com outras devido a sintomas que não parecem ser apenas psicológicos

Com o objetivo de melhorar o tratamento e a vida de pacientes com Síndrome do Pânico ou Transtorno de Ansiedade Generalizada, o setor de psiquiatria da Santa Casa de Campo Grande está recrutando voluntários com a doença para pesquisa.

O projeto é uma parceria com o Laboratório de Pânico e Respiração do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). De acordo com o psiquiatra responsável pela pesquisa no Estado, André Barciela Veras, o estudo já está obtendo resultados na cidade carioca e desde o início deste semestre o projeto abriu um núcleo também em Mato Grosso do Sul.

Ele explica que a pesquisa é voltada para pacientes que tem as características das doenças e precisam ser diagnosticadas para iniciar o tratamento ou, ainda, para aqueles que estejam no início do tratamento.

Além de receberem tratamento especializado com profissionais do setor psiquiatra da Santa Casa, os pacientes serão incluídos em pesquisa para o esclarecimento das melhores opções terapêuticas para o problema.

Segundo André, a pesquisa sobre a Síndrome do Pânico consiste em observar qual a medicação mais eficaz para o tratamento da doença.

“Hoje existem várias medicações, mas não tem um estudo conclusivo que diga qual dessas é a mais indicada de acordo com o paciente, a mais eficaz”, explica.

Durante a pesquisa, o paciente vai continuar recebendo uma das medicações adequadas, normalmente, mas grupos serão formados para cada um fazer o tratamento com um medicamento diferente.

Já no caso do Transtorno de Ansiedade Generalizada, o objetivo é concluir qual dose do medicamento é mais adequada para cada diagnóstico. Sendo assim, os pacientes irão receber o mesmo medicamento, mas com doses diferenciadas, de acordo com os grupos de estudo.

A pesquisa é dividida em duas fases, onde o voluntário se compromete a contribuir para a conclusão. A avaliação é feita em primeira fase, no curto prazo, com até dois meses de pesquisa. Já a segunda fase avalia os pacientes por até dois anos.

O médico ressalta que a participação dos pacientes é fundamental para o avanço de estudos, “que tornarão possível compreendermos melhor os transtornos mentais e contribuirmos para formas cada vez mais eficazes de tratamento”.

Sintomas - Cerca de 1% da população sofre com a Síndrome do Pânico, de acordo com o psiquiatra. Já o Transtorno de Ansiedade Generalizada atinge entre 10% e 20% das pessoas, sendo as mulheres as mais vulneráveis.

O especialista ressalta que as doenças são frequentemente confundidas com outras e isso atrasa o diagnóstico correto.

No caso da Síndrome do Pânico, é comum que as pessoas procurem outras especialidades médicas, achando que estão com problemas cardíacos, por exemplo, antes de chegar até o psiquiatra.

Isso acontece porque o primeiro sintoma da doença é a crise de pânico, que mescla sintomas físicos e psicológicos. De acordo com o especialista, a “crise” geralmente acontece sem motivo aparente, com a pessoa assistindo televisão, dentro do ônibus, por exemplo.

O paciente sente ansiedade ao extremo, palpitação, dor no peito, falta de ar, tremores e sensação de morte iminente.

Mas a Síndrome caracteriza-se com os sintomas pós-crise. “Não basta ter só uma crise, a pessoas tem que passar a viver em função disso. Ela começa a ficar preocupada com isso, com o que vai acontecer e a possibilidade de ter novas crises e vai acontecendo o agravamento”, diz.

Ele exemplifica o sintoma com a situação de um paciente que já teve uma crise no ônibus, indo para o trabalho e então para de pegar o ônibus com medo de ter outra crise. Outro exemplo é o indivíduo que começa a evitar sair sozinho ou ir em lugares fechados, com medo de não poder ser socorrido.

Os sintomas aparentemente físicos fazem o paciente iniciar uma busca desesperada por vários médicos para conseguir auxílio.

“Mas aí ele vai ao cardiologista, faz um eletro e não encontra nada. Vai em outro médico, faz os exames e nada. Ele só vai chegar até o psiquiatra quando um outro especialista indicar e alertar que os sintomas são totalmente psicológicos”, esclarece.

André esclarece que a ansiedade causa muitos sintomas físicos e por isso é difícil o paciente se conscientizar de que é somente um problema psicológico.

A doença, segundo o psiquiatra, é causada principalmente por uma pré-disposição da pessoa - fatores genéticos. No entanto, uma situação de vida estressante e a ingestão de drogas também podem favorecer.

“É difícil uma pessoa que nunca tenha passado por nenhuma situação estressante. Mas em quem já tem a pré-disposição, isso pode desengatilhar a doença. Dizemos que o que determina o surgimento da doença é o quanto tenho de tendência e o quanto o ambiente favorece para o seu surgimento”, explica.

Ansiedade - Já o Transtorno de Ansiedade Generalizada é caracterizado pela sensação de intensa preocupação com os problemas cotidianos, com incapacidade de relaxar.

“O paciente não consegue se tranqüilizar e isso acaba causando problemas na sua vida”, frisa.

Os sintomas do transtorno são dificuldade no sono, dor muscular, dor de cabeça e dificuldade de concentração.

Mas o psiquiatra ressalta que esses sintomas precisam ser constantes por pelo menos seis meses para caracterizar o Transtorno.

“Uma pessoa que não tem a Ansiedade Generalizada pode ter uma ansiedade com esses sintomas causados por um problema pessoal, por exemplo, mas isso passa conforme o estresse vai terminando”, explica.

Pesquisa - Os interessados em participar da pesquisa devem procurar a recepção do ambulatório de psiquiatria Santa Casa, localizado na Avenida Mato Grosso, 341. Os pacientes também podem entrar em contato com a recepção do ambulatório por meio do telefone (67) 3322-4000 e agendar a consulta de triagem.

Pacientes de outras clínicas podem participar, mas tem que aderir somente ao tratamento do hospital.

De acordo com o médico, o objetivo é que o núcleo de pesquisa se torne permanente na Capital.

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