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Cidades

Polícia tem o desafio de esclarecer 40 desaparecimentos por mês

Aliny Mary Dias | 12/04/2014 11:28
Maria Campos fala do trabalho para localizar desaparecidos (Foto: Cleber Gellio)
Maria Campos fala do trabalho para localizar desaparecidos (Foto: Cleber Gellio)

Do início do ano até agora, 176 pessoas procuraram a polícia para denunciar o desaparecimento de um sul-mato-grossense. São mais de 40 pessoas desaparecidas todo o mês em todo o Estado e alguns casos mobilizam as redes sociais e desafiam a Polícia Civil.

Em casos recentes como o da adolescente Thassila Natália Velasquez, 12 anos, encontrada depois de ficar dois dias fora de casa, ou do empresário Erlon Pereira Bernal, morto após o roubo do carro anunciado na internet, fica claro os diferentes desfechos que podem ter casos que envolvem o sumiço de pessoas.

Com experiência de 18 anos na investigação de desaparecimentos, responsável pela criação do setor especializado na busca de pessoas dentro da Polícia Civil e referência nacional com mais de 78 mil reencontros em todo o Estado, a investigadora Maria Campos explica os detalhes que fazem a diferença na apuração e solução de sumiços.

Segundo a investigadora, é possível traçar um perfil dos desaparecidos. A maioria sai de casa ou do convívio da família de forma espontânea, para se livrar de algum problema ou chamar a atenção de parentes.

Entre os adolescentes e jovens, o principal objetivo é chamar a atenção dos pais e o sumiço, em geral, tem fim em três ou quatro dias. “A preocupação de muitos pais é substituir a ausência com presentes, mas muitas vezes não é suficiente”, explica.

No caso dos adultos, a explicação para os desaparecimentos geralmente está ligada a problemas pessoais. “Quando é um casal, geralmente é briga entre eles. As pessoas acham que desaparecendo vão fugir dos problemas e esse é um desafio para a polícia porque quando a pessoa não quer ser encontrada fica tudo mais difícil”.

Em desaparecimentos espontâneos de adultos, a média de tempo para que a pessoa volte para casa ou que a polícia a encontre é de quatro a cinco dias. Mesmo com as saídas por conta própria de casa, a investigadora lembra a preocupação da polícia em resolver os casos o mais rápido possível, principalmente quando a vítima é adolescente ou idoso.

“São pessoas vulneráveis e nós corremos contra o tempo. Por isso, é muito importante os depoimentos claros da família e amigos. Eu sempre digo que para encontrar alguém é preciso grudar na família”, diz Maria Campos.

No entanto, existem os casos, e cada vez mais frequentes, de desaparecimentos forçados que acabam em crimes. Para solucionar os casos, conta a investigadora, a peça chave é o depoimento dos parentes associado ao histórico da vítima.

“A primeira coisa que nós fazemos quando chega uma pessoa denunciando um desaparecimento é checar a vida da vítima. Nós traçamos um perfil dessa pessoa e depois partimos para uma linha de investigação. Depois nós colhemos os depoimentos da família, mas é muito importante que eles não maqueiem nada, que falem a verdade”, diz a investigadora lembrando a quantidade de depoimentos que omitem detalhes importantes da vida da vítima.

Quando a polícia não encontra nenhuma passagem policial ou histórico de envolvimento em crimes, o caso passa a ser tratado de forma diferente. “Quando vemos que é uma pessoa que não tem nenhuma suspeita, a preocupação é grande porque ela pode ter sido vítima de criminosos”.

Sem fim – Quando todas as linhas de investigação são esgotadas pela polícia e o tempo do desaparecimento sai do comum, em muitos casos, a investigação fica por conta da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios).

Mesmo sendo tocado por uma nova equipe de investigadores, muitos casos nunca têm um desfecho ou demoram a serem solucionados. É o caso do sumiço de Ericson Cândido da Costa, de 25 anos, desaparecido desde o dia 22 de maio do ano passado.

Para solucionar os casos, também é necessária a percepção dos policiais envolvidos nos desaparecimentos, já que muitas pessoas procuram a delegacia, ajudam nas buscas e, ao final da história, são descobertos como os autores de crimes.

“Já registrei casos de uma mulher que matou a filha de 4 anos e veio procurar a delegacia para denunciar o desaparecimento. Por isso, todo o dia a gente aprende com cada caso novo”, completa Maria Campos.

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