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Cidades

Na expectativa, policiais ferroviários federais sonham em voltar à ativa

Francisco Júnior | 02/08/2011 11:43

PFF é a polícia especializada mais antiga do Brasil

Ex-policiais lembram com saudosismo do tempo em que atuavam. (Foto: Simão Nogueira)
Ex-policiais lembram com saudosismo do tempo em que atuavam. (Foto: Simão Nogueira)

Dependendo da sanção da presidente Dilma Rouseff à MP (Medida Provisória) 527, homens que trabalhavam como policiais ferroviários federais estão na expectativa de voltar à ativa em Mato Grosso do Sul.

Até um blog foi criado pelos ex-policiais, para deixar viva a ideia de voltar ao serviço.

A polícia especializada foi extinta em 1996, com a privatização da Rede Ferroviária Federal em 1996 no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Uma ementa beneficiando a categoria foi adicionada à Medida Provisória, que trata da criação a Secretaria Nacional de Aviação Civil e traz embutido o Regime Diferenciado de Contratações, destinado a acelerar a realização das obras para a Copa das Confederações (2013), Copa do Mundo de Futebol (2014) e Olimpíada (2016).

Conforme o texto da ementa, “os profissionais que estavam em exercício em 5 de outubro de 1998, passam a integrar o Departamento de Polícia Ferroviária Federal ligado ao Ministério da Justiça”.

De acordo com o presidente da APFFMS (Associação da Polícia Ferroviária Federal de Mato Grosso do Sul), Orlando Benites Alves, no Estado são 34 homens que aguardam o retorno para atuarem como policiais ferroviários. “Estamos todos preparados”, afirmou.

Conforme o sindicalista, no período em que atuavam, os policiais ferroviárias federais eram reforço à Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e Ministério da Justiça. “A gente trabalhava em cooperação e parceria com todos eles”.

Atuação - José Melquiades Velasques lembra com orgulho e saudosismo dos anos em que trabalhava como policial. “Nós chegamos a apreender um helicóptero que estava desmontado em um vagão. O helicóptero seria levado para Bolívia”, contou o ex-policial.

Segundo Melquiades, outro fato que marcou a sua trajetória como policial foi o descarrilamento de um trem provocado por um adolescente. “O garoto assistiu o filme do acidente com o trem e conseguiu provocar um acidente de verdade. Na época, acreditamos que ele contou com a ajuda de alguém”, relembrou.

A PFF é a polícia especializada mais antiga do Brasil.
A PFF é a polícia especializada mais antiga do Brasil.

Conforme ele, as ocorrências mais comuns atendidas pelos policiais eram no combate aos chamados “surfistas de trem”. “A gurizada subia nos trens e ficava “surfando” colocando em risco a própria vida. Tinha domingo que a gente prendia dez pessoas”, relembra Melquiades.

Com a privatização, os policiais que ainda continuaram trabalhando passaram a atuar como agentes e seguranças patrimoniais. “Nós tínhamos um poder de polícia e acabamos virando vigia”, reclamou o vice-presidente da associação, Edson Bispo dos Santos.

Em todo o Brasil, são 1,2 mil homens preparados para voltarem a ativa. “Nós somo os únicos trabalhadores capacitados para trabalhar nas ferrovias do Brasil. Fizemos um treinamento em 1989 que nos capacita para função”, disse Orlando Benites.

Durante todos esses anos parados, policiais de todo o país realizaram inúmeras manifestações em prol da categoria. “Nós fomos para Brasília pressionar os políticos. Quando o Lula esteve aqui no Estado pela primeira fizemos um manifesto, colocamos um monte de faixas explicando a nossa situação”, relata Edson Bispo.

“Nós só queremos trabalhar”, acrescentou Edson.

A PFF foi a primeira polícia especializada do Brasil, criada em 1859 pelo decreto 641 assinado por Dom Pedro 2. Nestes 159 anos, a polícia já recebeu vários nomes: Polícia dos Caminhos de Ferro, Polícia da Estrada de Ferro, e Guarda Civil Ferroviária.

Atualmente, policiais federais atuam com outras funções em Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

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