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Cidades

População denuncia abusos de delegado de Nova Alvorada

Redação | 12/11/2009 10:01

A forma como trabalha o delegado da Polícia Civil de Nova Alvorada do Sul, Paulo Henrique Sá, tem revoltado alguns moradores da cidade.

O policial já é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil, por abuso de autoridade e desvio de conduta.

A investigação teve início após a denúncia de Viviane Beatriz Brauna Ferreira, de 24 anos, que diz ter sido humilhada e agredida pelo delegado, por fazer uma conversão proibida.

A apuração, confirmada pela Corregedoria da Polícia Civil, inclui ainda reclamações de outros 13 moradores que tiveram problemas com o delegado.

O caso de Viviane ocorreu na tarde do dia 31 de agosto, após uma conversão proibida na área central da cidade. O episódio, que resultou em denúncia também no Ministério Público Estadual trouxe consequências à vítima, que afirma não conseguir mais trabalhar.

"Não tenho mais estrutura para ir ao trabalho", afirma Viviane, que contou detalhes do caso.

Segundo ela, a história que começou no trânsito ganhou grandes proporções com cenas dignas de filme de ação. "No dia, ele estava dentro de uma camionete e, acompanhado da esposa, gritava e perguntava onde eu tinha comprado a carteira".

Ela ressalta que, como não sabia de quem se tratava, revidou os xingamentos. "Quando revidei, ele desceu do carro e se aproximou se identificando como policial e pediu meus documentos. Em nenhum momento mencionou ser delegado de Polícia", contou.

Pelos relatos, a vítima afirma ter reconhecido estar errada e chegou a pedir desculpas, o que não mudou a postura do delegado. "Ele me xingava ainda mais e a cena chamou a atenção das pessoas que se aglomeravam em volta".

Viviane relata que o delegado devolveu os seus documentos e saiu do local. Mas voltou logo. Nervosa, ela disse ter procurado ajuda em um mercado próximo ao local onde tudo aconteceu.

"Alguma coisa me dizia que ele iria retornar. Quando saí do mercado ele estava na frente, com uma arma apontada para mim", relatou.

Ela conta que recebeu voz de prisão o delegado pediu as chaves do carro. Ela chegou a questionar porque ele queria lhe prender e diz ter sugerido que lhe aplicasse uma multa, pela conversão incorreta.

Como o carro estava com as portas abertas, ela diz que entrou para pegar as chaves e foi surpreendida com um tiro. "Ele parecia estar louco e atirou no pneu dianteiro do carro. Com o susto, tentei dar partida, quando houve o segundo tiro, que atingiu o pneu traseiro. Arranquei e ele pulou dentro do carro, tentando tirar as chaves. Parei para evitar uma colisão com outros veículos próximos dali, quando ele conseguiu sair do carro".

Viviane conseguiu deixar o local e foi até a casa da irmã para tentar acionar um advogado. Lá ela contou à família o que havia acontecido e antes que conseguisse falar com o advogado, o delegado já estava na frente da residência com uma viatura e acompanhado de um policial, relata.

"Ele estava descontrolado e invadiu a casa. Como tinha o celular nas mãos, passei a filmar tudo. Ele me xingava a todo momento de vagabunda. Quando percebeu que a cena era gravada, retirou o aparelho de minha mão".

Viviane foi retirada de dentro da casa por Henrique Sá e algemada na rua pelo policial que o acompanhava. Ela foi levada até a delegacia onde as agressões se agravaram. "Minhas duas sobrinhas assistiram toda a cena. Ele me colocou na viatura e durante o percurso continuou a humilhação".

Viviane afirma que só foi saber que se tratava do delegado local na unidade policial. "Nunca havia cruzando com ele na cidade. Não o conhecia", disse acrescentando que na delegacia levou vários tapas no rosto e joelhadas.

Por conta das agressões, ela foi levada ao hospital, para fazer exame de corpo de delito e só no início da madrugada prestou depoimento. "Passei 26 horas dentro da delegacia. Meu advogado só conseguiu me tirar de lá às 6h30 da terça-feira".

Em Campo Grande, a assessoria de imprensa da Polícia Civil afirma que até o fim do mês o inquérito deve ser concluído. Se comprovada a má conduta, ele pode ser afastado do cargo.

Resposta - Segundo o delegado Paulo Henrique Sá, o episódio foi bem diferente do relatado por Viviane. Na versão dele, Viviane o agrediu primeiro, o que o obrigou a agir.

Segundo ele, por conta do episódio, ele e a esposa passaram a ser perseguidos por Viviane. "Virou uma obsessão dela que chegou a ameaçar a minha esposa de morte. Por causa dessa situação estou pensando em pedir transferência da cidade".

Nem a Corregedoria, nem o delegado, detalham quais são as outras 12 denúncias contra o policial. A informação é que pessoas já estão prestando depoimento.

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