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Cidades

Presas reúnem assinaturas por direito a visitas íntimas

Redação | 27/04/2009 11:17

As mulheres já perderam as contas, mas garantem que há pelo menos 3 anos não têm direito a sexo dentro do Presídio Feminino de Campo Grande. As visitas íntimas, direito assegurado a quem cumpre pena em regime fechado, não são mais autorizadas, por falta de espaço para o encontro reservado de casais.

As presas explicam que a questão não é só sexo, mas têm reflexos sociais. Sem a visita íntima, os maridos acabam abandonando as esposas e as famílias.

Sem previsão de serem atendidas, as detentas do Presídio Irmã Irma Zorzi resolveram lançar um abaixo-assinado e conseguiram mais de 120 adesões, garantem.

"São todas mulheres que têm maridos ou namorados e há muito tempo não têm um carinho do companheiro", conta uma das internas, que pede para não ser identificada. "São dois banheiros na quadra, podiam desativar um para que fosse sala reservada", sugere.

Ela já cumpriu pena por tráfico, e no ano passado retornou ao presídio pelo mesmo crime. Antes, lembra que podia encontrar o marido, preso no Segurança Máxima, porque escolta levava as mulheres a cada 15 dias para a visita íntima. "Agora nem beijo na quadra pode, porque dizem que é pouca vergonha e recolhem a gente para a cela."

Já as com maridos livres, recebiam a visita íntima dentro das celas do presídio feminino. "Era revezamento, mas constrangedor. Tiravam todo mundo da cela para que o marido entrasse, mas ficavam batendo na porta quando acabava o tempo, que era de 2 horas", lembra outra detenta, casada há mais de 20 anos.

Sem sexo, os homens não "trincam" com quem perdeu a liberdade, explicam as presas, na gíria do presídio. "Trincar é sustentar a gente aqui dentro, não deixar faltar nada nem para a presa , nem para os filhos", explica uma interna de 36 anos. "Homem você sabe como é, se não tem sexo, não procura mais a gente", reclama.

Segundo as mulheres, o que não falta é presa abandonada e com dificuldades. Sem carinho de um homem, muitas correspondem às investidas de outras colegas dentro das celas. "Tem de arrumar uma namorada, senão fica maluca", comenta uma das detentas.

Segundo a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), as visitas foram suspensas devido à superlotação. Antigamente, as internas recebiam os acompanhantes nas celas, no entanto, devido ao aumento da massa carcerária no local, ficou inviável.

A Agepen reconhece que a visita íntima é um direito das presas e garante que tenta mecanismos para viabilizar o encontro entre as internas e os maridos, que também serve para evitar tensão no sistema penitenciário. Ainda conforme a Agência, para realizar as visitas o poder público deve garantir que existam métodos contraceptivos.

Nova unidade prisional feminina será construída na saída para Sidrolândia. O presídio está em fase em fase de elaboração e serão investidos R$ 11 milhões, dos quais R$ 4 milhões serão repassados pelo governo do Estado e R$ 7 milhões do governo Federal.

O objetivo é que o novo presídio desafogue a prédio atual, abrindo vagas para 250 detentas. Até lá, a Agepen analisa como retomar as visitas íntimas, porém, não existe uma data para solução do problema.

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