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Cidades

Provocadora, Igreja quer discussão e solidariedade contra tráfico humano

Aline dos Santos e Leonardo Rocha | 05/03/2014 10:52
Campanha foi lançada por Dom Dimas nesta Quarta-feira de Cinzas. (Foto: Marcos Ermínio)
Campanha foi lançada por Dom Dimas nesta Quarta-feira de Cinzas. (Foto: Marcos Ermínio)

O tráfico humano, tema da edição 2014 da Campanha da Fraternidade, deve sair da invisibilidade para ser mote de pesquisa, audiências públicas, cobranças por legislações mais rígidas e um pedido de solidariedade cristã com as vítimas desse crime.

“É um tema pouco discutido no Brasil, quando foi escolhido, muitas pessoas questionaram a escolha do assunto”, afirma o bispo de Campo Grande, dom Dimas Lara. Na coletiva de imprensa, realizada na manhã desta Quarta-feira de Cinzas, ele esclareceu que o crime inquieta a Igreja Católica há tempos, antes da ficção ter estampado o drama das vítimas de exploração sexual na novela Salve Jorge.

“Nas pastorais que trabalham sobre o tema mobilidade urbana, vários assuntos entram em pauta, como trabalho escravo, turismo sexual de crianças e adolescentes, condição de migrantes e refugiados”, explica o bispo.

A situação se agrava nas regiões fronteiriças. A exemplo de Mato Grosso do Sul, que na fronteira com a Bolívia é porta de entrada dos bolivianos que se sujeitam às condições precárias de trabalho nas confecções de São Paulo. Na fronteira com o Paraguai, as pessoas são usadas para o tráfico de drogas.

“Muitas empresas e pessoas mal intencionadas acabam explorando a fragilidade e vulnerabilidade dessas pessoas. Muitas pessoas acabam entrando em regime escravo ou em condições muito próximas disso”, afirma Dom Dimas.

Para traçar o cenário nacional do tráfico humano, a campanha fará pesquisa por meio de parceria entre a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Ministério do Trabalho, Justiça do Trabalho e Secretaria Especial de Direitos Humanos.

“Nós temos que encontrar essas situações, denunciar e depois ajudar as pessoas. Em Mato Grosso do Sul, existem muitos casos na fronteira”, salienta.

Segundo o bispo, interesses políticos travam o andamento de ações para que o trabalho escravo tenha punições mais rígidas. Como exemplo, cita que há uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) no Congresso que prevê confisco de terra onde for identificada trabalho escravo, com repasse da área para a Reforma Agrária. “Mas está parada. Há muitos interesses políticos e não consegue a maioria qualificada”, diz.

Para os homens, a maioria dos casos é exploração de mão de obra na agricultura. Já mulheres e travestis são vítimas rotineiras da exploração sexual. Em Campo Grande, o tráfico de pessoas será discutido em audiências na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa.

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