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Cidades

Queda de braço entre plano de saúde e médico deixa paciente sem consulta

Marta Ferreira | 01/03/2011 16:33
A partir de hoje, Proncor não atende plano de saúde após as 18h30.
A partir de hoje, Proncor não atende plano de saúde após as 18h30.

A restrição de atendimento imposta a partir de hoje pelo hospital Proncor, em Campo Grande, aos pacientes de planos de saúde trouxe à tona um problema que muitos segurados vivem no dia-a-dia já há algum tempo: a insegurança na hora de procurar atendimento por profissionais.

É crescente o número de médicos que deixam de atender por planos de saúde. Nessa queda de braço, quem mais se sente prejudicado é o cliente do plano de saúde. A jornalista Nanci Silva, de 43 anos, descobriu no mês passado ao marcar uma consulta de rotina com sua ginecologista há 20 anos, que ela não atende mais pelo plano de saúde. Resultado: pagou pela consulta e agora precisa autorizar cada exame médico, que antes só precisava levar à clínica onde faria o procedimento.

Nanci teve a mesma surpresa desagradável ao tentar marcar pediatra para os dois filhos. O profissional que acompanha os meninos desde pequenos também não atende mais pelo plano de saúde.

“O que faço diante disso? Minha médica me acompanha há 21 anos. Tenho histórico de nódulos mamários que precisam ser acompanhados. Ela tem o meu prontuário. Os meus filhos também tem uma relação de confiança com o pediatraque os acompanha desde os 3 anos de vida”, indigna-se a jornalista.

Diante desse quadro, as regras estabelecidas indicam que resta ao usuário de plano de saúde confiar e esperar em uma negociação que traga de volta para o quadro dos planos profissionais que decidiram abandonar o barco.

É que, conforme explica o superintendente do Procon,Lamartine Ribeiro, só existe obrigação de o profissional atender pelo plano quando está credenciado a ele. “Fora isso, a única obrigação, como é com qualquer fornecedor, é atender se a pessoa chegar com dinheiro na mão

Presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, Marcos Leite.
Presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, Marcos Leite.

Insatisfação- O motivo maior para o descredenciamento é financeiro, segundo confirma o presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, Marcos Leite.

De acordo com ele, profissionais que já tem clientela feita e independência suficiente para se manter sem o plano de saúde estão optando pelo descredenciamento.

A entidade não tem um levantamento a respeito, mas esse dado está sendo buscado, para subsidiar um movimento de renegociação das bases de relacionamento entre os médicos e os planos de saúde que prevê, uma paralisação nacional no dia 7 de abril no atendimento dos profissionais da Medicina pelas seguradoras.

Em carta aberta à população, divulgada ontem, três entidades que congregam os médicos - (Conselho Federal de Medicina), AMB (Associação de Medicina Brasileira) e Fenam (Federação Nacional dos Médicos), - explicam que no dia 7 de abril, “os médicos não realizarão consultas e outros procedimentos”. Segundo o texto, os pacientes previamente agendados serão atendidos em nova data e todos os casos de urgência e emergência receberão a devida assistência.

A explicação do documento para o dia de paralisação resume as dificuldades que, segundo o presidente do Sindicato dos Médicos de MS, os profissionais têm enfrentado.

Além de reclamar dos valores recebidos por uma consulta, próximos de R$ 40 em média, as entidades afirmam que o trabalho dos profissionais junto aos pacientes é afetado pelas diretrizes dos planos, sempre com a preocupação financeira.

“Os planos de saúde interferem diretamente no trabalho do médico: criam obstáculos para a solicitação de exames e internações, fazem pressão para a redução de procedimentos, a antecipação de altas e a transferência de pacientes”, afirma o texto.

Marcos Leite afirma, ainda, que os valores pagos aos médicos tiveram reajustes “irrisórios” nos últimos anos, enquanto é sabido que os preços pagos pelos segurados sempre sobem mais que a inflação.

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