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Cidades

Recém chegado, membro do PCC tem regalia

Redação | 06/01/2009 05:00

Apontado como integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), Gerson Cosmo Coutinho ganhou em tempo recorde o posto de coordenador do artesanato no IPCG (Instituto Penal de Campo Grande). O cargo garante ao detento trânsito livre na unidade prisional, criada para custodiar presos de menor potencial ofensivo, por ser de segurança média.

O caso reforça questionamento sobre os critérios para concessão desse tipo de benefício aos internos, que teoricamente seria por antiguidade, somada ao bom comportamento.

O Campo Grande News apurou que Gerson chegou há menos de 3 meses ao Instituto, depois de ser preso no dia 13 de outubro, e "furou a fila".

Os trabalhos artesanais são feitos dentro das celas, entretanto, o coordenador é o responsável pela venda das peças produzidas pelos internos. Ele é quem negocia os produtos, trabalho que lhe garante entrar e sair dos pavilhões para manter contatos com outros detentos, ação fundamental para articulação de integrantes de facções.

Gerson Coutinho e outros quatro homens foram presos por agentes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai) na fazenda Jericó, localizada no distrito de Amambay, região fronteiriça com Mato Grosso do Sul. Na ocasião, o órgão apontou ligação de Coutinho com o PCC, que coordena ações criminosas dentro e fora dos presídios.

A situação não é inédita em presídios da Capital. Os irmãos José Femianos Neto e Carlos Eduardo Femianos Cruz, apontados como uns dos líderes da rebelião ocorrida em 24 de dezembro no IPCG, tinham na unidade a função de "correria", ou seja, podiam levar e trazer objetos e dinheiro para as celas, também com livre acesso aos pavilhões.

Outro envolvido no motim, Milton Mota Júnior, o Juninho, apontando também como integrante da facção, era responsável pela cantina da penitenciária. Depois da rebelião, Juninho foi levado ao Centro de Triagem, a unidade mais frágil do complexo penitenciário, remoção que também parece sem lógica diante do propagado poder do PCC.

A assessoria de imprensa da Agepen garante que Coutinho não trabalha como coordenador do artesanato. Segundo a assessoria, o nome dele chegou a ser cogitado, no entanto, como não atende a todos os requisitos, não foi colocado no cargo. A norma determina que somente detentos com mais de seis meses no presídio podem trabalhar, conforme a assessoria.

Mas uma Comunicação Interna, de número 341, assinada pela chefia de segurança do IPCG mostra o contrário. O documento, do dia 11 de dezembro deste ano, informa aos oficiais do dia que a partir daquela data Gerson Coutinho assumiu como coordenador de artesanado do pavilhão 2.

Para o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Fernando Anunciação, problemas como estes começaram a ocorrer depois que a Gisp (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário) teve a estrutura alterada. Atualmente, o setor é composto por policiais militares e a entidade assegura que quando os agentes penitenciários faziam o serviço havia um filtro mais eficaz. Para Anunciação, da maneira como está, falta integração de informações.

De acordo com o diretor do sindicato, Gilson Martins, o caso torna-se ainda mais grave diante dos rumores de mais um plano de rebelião. Ele explica que os internos do IPCG planejam novo motim com o mesmo objetivo do anterior: barrar a entrada do PCC na unidade.

Facilidades - A fuga de dois presos do Centro de Triagem na semana passada também deixa algumas perguntas no ar. Apesar de menos de seis meses no local, ambos já tinham o direito ao trabalho fora da cela. No momento da fuga, os dois ajudavam na limpeza, o que facilitou a saída da unidade.

Além disso, foram transferidos do Presídio de Segurança Máxima diretamente para a unidade reconhecida com menos segura no complexo penitenciário.

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